O Natal é quando um
homem quiser
Uma daquelas frases feitas,
cheias de vazio, que costumam aparecer por estes dias, “o Natal é quando um
homem quiser”, parece trazer este ano algum sentido. De facto, o Natal andou
por aí todo o ano e andamos todos numa roda viva de natalidade (a que não dá
filhos).
Comecemos pelo Pai Natal que
entrou pelo DN dentro, carregadinho de suplementos e saúde financeira, e lá se
enraizou para uma festa constante de positividade. Este Pai Natal, aconchegado
por uma legitimidade escusa, daquelas que saem dos gabinetes de advogados com
lugar cativo nos parlamentos, enche-se de estratégias comerciais fazendo-nos
todos esquecer o apoio, esse sim legítimo, que os contribuintes dão aos órgãos
de comunicação social para que não se tornem publicações tendenciosas (http://expresso.sapo.pt/sociedade/2016-07-14-Madeira-aprova-subsidios-a-jornais-e-sites-de-informacao-privados). É importante notar que não será fácil para qualquer jornalista tomar
atitudes anti natalícias neste contexto… a economia da RAM pode não estar de
saúde, mas jorra saúde lá dentro e é preciso muitos tomates para ser o grinch do Natal.
Mas o natal é daquelas coisas
mágicas que enchem de luz e alegria todos nós. O natal do DN aconchegou-se e
fez o natal de toda uma Região. Podemos não sentir na pele as belas notícias
que nos vão chegando todos os dias, como aquelas que nos dizem que o desemprego
está a cair aos trambolhões, que a receita fiscal se envigora a cada Viagra
político de Miguel Albuquerque ou Paulo Cafofo, que os chineses são os novos
Sousas e que os Sousas são os novos chineses, que a Ribeira Brava está
tornando-se a capital do silicone tantas são as “empresas boas” que por lá
germinam como cogumelos. O Natal anda aí a rodos e o DN faz a cobertura todos
os dias.
Mas por muito bonito que seja o
Natal da Madeira, o Natal da Nação também é coisa iluminada! O natal
progressista da Geringonça acabou com esse garrote oportunista e imperial, a
vil austeridade, e embrulhou-nos a todos em impostos manhosos que só lá estão
para o “nosso bem”! É o imposto no açúcar que faz mal, é o imposto nos
combustíveis que nos fazem mal, é o tabaco que parece ter a responsabilidade de
financiar o Serviço Nacional de Saúde por inteiro, o álcool, etc. O Natal da
Geringonça até tem pai natal, é o afetuoso Marcelo que apaparica tudo e todos e
só arregala o olho com aquela coisa das barrigas de aluguer. Dizem os mais
sérios que isto anda tudo no fio da navalha, que Portugal é um baralho de
cartas armado em castelo e os ventos de tempestade começam a zurzir um pouco
por todo o mundo. Mas nos entretantos temos o Natal, um natal rico, próspero e
cheio de esperança! Não acreditam? Tomem lá o novo aeroporto de Lisboa! (Close up a Sócrates triunfante apontando
com um sorriso para um Galamba cúmplice)
Mas por lá anda um grinch que é teimoso como um raio! Ainda
não perceberam que aquilo é depressão pós-natal? Explico: Passos Coelho tem um
natal diferente do nosso. No Natal de Passos, não há cá essa coisa de
solidariedade para com os mais desafortunados da vida! No Natal de Passos há
vadios que não querem fazer nada e os vadios extremos que preferem viver na rua
a ter de fazer alguma coisa. Para Passos a pobreza é uma escolha melhor
combatida com um gênero de “Portuguese dream” para estimular o pessoal vadio.
Passos teve o seu Natal, um Natal sofrido para todos nós, mas um Natal muito posh para ele e para outros alienados do
mundo real.
Mas nisto de Natais, quem ganha é
o PCP! O grande recordista para a maior quadra natalícia da história moderna!
No natal do PCP o Pacto de Varsóvia nunca foi rompido, a URSS é a resposta
social ao Mundo imperialista dos EUA e o Terreiro do Paço responderá perante
Moscovo, essa Capital do Mundo dos livres (de dinheiro principalmente). No
Natal do PCP, Putin e o seu regime de oligarcas são a pura emanação do ideal
comunista, o socialismo on the making!
As políticas externas de Moscovo são pinceladas de liberdade dadas em
territórios doentes como os da Chechénia, Geórgia, Crimeia e Síria. O PCP faz
me recordar aquele soldado que se manteve entrincheirado numa gruta durante 28
anos após o fim da II Grande Guerra (https://pt.wikipedia.org/wiki/Shoichi_Yokoi),
destoando apenas no facto do PCP manter-se em guerrilha ativa quando o comando
socialista de Estaline foi substituído por um regime muito próximo do fascismo.
Mas o Natal é o que o homem quiser e o PCP insiste em seguir as pisadas de
Moscovo quando Moscovo já não representa nada do que o PCP diz representar. É
um Natal, no mínimo, de luta e abnegação sem igual reconheça-se.
Acabemos no natal dos Leões. O Leão
de lá, acostumado a estas andanças de natal, lá manteve a tradição não
estivessem eles untados pela liderança de Jesus. Não que torça
pela luz ou outras figuras mitológicas do retângulo, mas apraz-me sentir que
alguma boçalidade possa estar a se preparar para abandonar a ribalta dos
holofotes constantes do futebol português, refiro-me ao dito oitchencha oitcho
e ao tipo bafiento que manda nele. O Leão de cá, bem que se engalanou para o
Natal com o novo estádio, mas aquela equipa demora a convencer. Os maritimistas
desesperam por um presente no sapatinho que traga um ponta de lança e uma
resolução eficaz para o caso do Diego Sousa. Não estou a deixar de reconhecer o
bilhete do Djoussé nas Antas (vai ser sempre Antas para mim), mas tirando isso,
o Casillas bem podia ter plantado umas semilhas lá na pequena área que não
interferia no jogo. Vá lá Pai Natal Carlos Pereira, traz aí qualquer coisa de
jeito para o Natal! (era muito bem feito se o Djoussé metesse três no saco
hoje…)
Ricardo Meneses Freitas
Sem comentários:
Enviar um comentário