JOSÉ MANUEL RODRIGUES INICIOU
"VIAGEM RUMO À CÂMARA DO FUNCHAL"
O líder do PP lança-se a um desafio que o pode levar à glória ou a perder muitos pontos amealhados até à data. A coragem de arriscar. |
O presidente do PP-Madeira acaba de apresentar oficialmente a sua candidatura à presidência da Câmara do Funchal, com vista às eleições de finais do ano. Fá-lo precisamente oito dias depois de termos avançado com essa novidade aqui na 'Fénix'.
A notícia troou como uma bomba na vida política regional. Porque, constituindo grande risco para o candidato e para o seu partido, o maior da oposição, veio autenticamente baralhar o processo eleitoral, obrigando a pensar tanto a maioria laranja como os outros partidos da oposição, a contas com a delicada constituição de uma aliança eleitoral capaz de ganhar a Câmara.
José Manuel Rodrigues acaba de justificar a sua candidatura: é uma resposta aos cidadãos que exigem a mudança política, àqueles que "não se resignam perante uma política que os procura dividir, excluir e amedrontar".
O acto político-partidário decorreu no Forte Santiago, baluarte da Zona Velha da Cidade de onde José Manuel Rodrigues é oriundo. O discurso começou pelas suas origens.
Reproduzimos na íntegra as palavras do candidato.
"Caros
concidadãos
Funchalenses
Começo por agradecer
a todos os que vieram ao berço da cidade para começarmos esta viagem rumo aos
Paços do Concelho do Funchal.
Estamos aqui
para responder ao apelo de milhares de funchalenses que exigem uma mudança
política na sua terra e que não se resignam perante uma política que os procura
dividir, excluir e amedrontar.
Estamos aqui
porque acreditamos que a coragem pode vencer o medo; que a esperança deve
substituir o desespero e que a união é sempre mais frutuosa que a divisão.
Todos nós temos razões para empreender esta viagem, mas permitam-me que vos
diga como cheguei até aqui.
Nasci neste
bocado de terra e de mar onde o Funchal nasceu, local onde se cruzavam senhores
da terra e pescadores, bomboteiros e bordadeiras, comerciantes e
contrabandistas, mães de família e mulheres de má sorte, poetas e jogadores, artistas
e braçais, turistas e emigrantes, visionários e pobres, patrões e
trabalhadores. Em certa medida também, sou um produto desta comunidade que deu
ao Funchal alguns dos seus cidadãos mais conhecidos. Foi aqui que vi a dureza
da vida, que conheci as diferenças sociais e que ganhei a consciência da cidadania.
Mas, também,
foi aqui que aprendi os valores do trabalho, da persistência e da coragem.
Daqui,
formado e criado, parti para a aventura do jornalismo e das notícias e conheci
a ilha e os seus horizontes. Vivi em várias zonas da cidade, meti-me pelos
caminhos da política, abracei Lisboa em prol dos Madeirenses, regressei à
Avenida do Mar e às tricas parlamentares, mas é aqui, a Santa Maria Maior, que
retorno para apresentar a minha candidatura à Presidência da Câmara do Funchal.
Reconheço que
há neste anúncio uma certa audácia, alguns escreveram mesmo ser uma jogada de
alto risco. A esses, a todos, quero garantir que me candidato por um imperativo
de consciência. Quando um Governo afronta a Cidade, ignora as decisões da sua
vereação legitimamente eleita, desrespeita o seu Presidente, expropria o património
do Funchal, a minha resposta não poderia ser outra senão um SIM a mais um
combate pela defesa dos interesses dos funchalenses.
Estamos num
Forte de nome São Tiago, padroeiro do Funchal, que várias vezes ao longo da
história foi o reduto que permitiu repelir os ataques externos à cidade e é a
partir daqui que proclamamos o nosso empenho e a nossa coragem para voltar a
defender os direitos e interesses do povo da cidade face ás intenções e ameaças
internas do senhor, da Quinta Vigia.
O Funchal com
500 anos, a primeira cidade construída por europeus fora da Europa, plataforma
dos Descobrimentos Portugueses, terra de Zarco e de Colombo, ponto de encontro
de culturas e civilizações, construída por pessoas de coragem e revolta, que
sempre, antes e depois da Autonomia, se bateram pelos seus direitos e legitimas
aspirações, não se vergará, não se renderá a quem quer que seja e muito menos a
quem pretende dominar e
governamentalizar o Funchal.
Nas próximas
eleições não podemos entregar a Cidade a
quem traiu o actual Presidente da Câmara; não podemos entregar o concelho ao
candidato da Quinta Vigia. Não podemos reclamar mais Autonomia a Lisboa, e
depois, internamente, centralizar poderes e competências no Governo Regional,
desrespeitando a Autonomia do Poder Local.
A história, e
recordemos a mais recente, indica-nos que o Município do Funchal, em ditadura
ou em Democracia, sempre foi um local de Liberdade e que muitos dos seus
Presidentes como Fernão de Ornelas, Fernando Couto ou Miguel Albuquerque, souberam
resistir aos apetites centralistas do Terreiro do Paço ou da Quinta Vigia,
defendendo os poderes e competências da Câmara e afirmando os direitos e
interesses do povo da Cidade. É esse legado que assumo e quero prosseguir,
honrando o trabalho e mérito de gerações passadas e mobilizando vontades e
saberes das novas gerações em prol do presente e futuro do Funchal.
Caros
concidadãos
Os tempos que
vivemos são de grandes privações e sacrifícios. Faltam empregos, salários,
comida, felicidade em muitas casas da cidade e das nossas ilhas. Os dinheiros
públicos escasseiam e as receitas do Município não chegam para as despesas e
para os investimentos necessários. Quero falar
verdade: durante muitos anos vamos continuar a viver com dificuldades. É
por isso que a única coisa que vos prometo é criatividade, empenho e trabalho.
Mas tenho quereres, desejos, projectos, ambições e sonhos que gostaria de
partilhar convosco.
Quero uma
cidade solidária, em que as pessoas não sejam apenas números e onde com o apoio
das Instituições Particulares de Solidariedade Social se cuide do acesso das
crianças à educação e se trate os mais velhos com respeito, a começar desde
logo, pelas suas condições de mobilidade no Funchal.
Desejo uma
cidade com bairros sociais requalificados com espaços verdes e desportivos,
geridos e mantidos pelos seus moradores, incentivando o espírito comunitário e
a coesão social.
Projecto a
reabilitação urbana da zona histórica e com o seu repovoamento por jovens, potenciar
a dinâmica recente da iniciativa privada e dos agentes culturais.
Ambiciono levar
a cidade a todos os recantos do concelho, lançando as bases de um Plano de Requalificação
das Zonas Altas do Funchal melhorando as acessibilidades e as condições de
vida.
Quero uma
cidade gerida em função das pessoas e não consoante o número de carros, numa política
que deve passar pelo incremento e melhoria do uso dos transportes públicos e
por novas regras disciplinadoras do transito e do estacionamento.
Desejo uma
cidade com melhor urbanismo que respeite a memória arquitectónica e a
identidade cultural das zonas históricas do Funchal.
Ambiciono uma
cidade segura, ambientalmente sustentável, com recuperação da paisagem,
humanizada, e que devolva o mar aos funchalenses.
Sonho com uma
cidade de flores e ainda mais verde com um centro histórico pedonal, com
comércio pujante e com arte e cultura nas ruas e nos passeios públicos.
Quero uma
Câmara que se assuma como um parceiro do desenvolvimento económico,
nomeadamente no Turismo, fazendo do Funchal um pólo de atracção para o
Investimento Privado, para gerar mais emprego e mais riqueza.
Desejo uma
Câmara interveniente e que em diálogo com os outros parceiros institucionais,
tenha uma palavra decisiva em toda a gestão do porto e da costa marítima do
Funchal.
Projecto uma
Câmara que promova a descentralização de serviços para as Juntas de Freguesia,
numa política de proximidade que facilite a vida dos cidadãos.
Sonho com uma
Câmara que prepare a candidatura do Funchal a património
da Humanidade, pois foi a partir da nossa cidade que se abriram novos Mundos ao
Mundo.
Quero uma
Câmara que cumpra e faça cumprir os Planos Directores aprovados, e que faça
prevalecer o bem comum sobre os interesses particulares.
Desejo uma
Câmara ágil e rápida na apreciação de licenças e projectos, com o objectivo de
termos mais investimento privado e criação de postos de trabalho.
Projecto uma
Câmara que mobilize o seu excelente quadro técnico e os seus trabalhadores para
as tarefas de crescimento e de qualidade de vida da cidade.
Sonho com uma
Câmara que se abra à opinião e à participação dos cidadãos e respeite a
divergência e o pluralismo de todos os eleitos.
Caros
concidadãos,
Esta não é
apenas a minha tarefa, a minha campanha. Este é um trabalho que temos que fazer
juntos. Esta eleição tem que ser uma oportunidade para a concretização das
nossas esperanças e dos nossos sonhos. O vosso tempo, a vossa energia, o vosso
conselho vão ser decisivos para me incentivar a seguir em frente quando estiver
no bom caminho e para alertar quando me desviar do rumo traçado. Esta campanha
tem que servir para recuperarmos o dever da cidadania, restaurarmos o sentido
do bem comum e dar expressão política aos milhares de funchalenses que clamam
por Mudança.
Este é o
desafio que temos que ganhar em nome do Funchal e da nossa cidade!
José Manuel Rodrigues"
3 comentários:
Com tanta preocupação social acabou no partido errado! O CDS é um partido conservador e contra o estado social desde o 25 de Abril tal como o PSD.
Muintos desejos e sonhos, e a realidade ? Sera que o povo ainda vai ir nesta Linda lenga lenga, aos profissionais da politica, tudo e permitido, para tentar enganar o povo, quase podia jurar que teve ajuda Do Portas, para escrever este texto, so faltou os reformados. Pura Demagogia!
Caro Calisto,
o Funchal não precisa do José Manuel Rodrigues, nem de qualquer outro membro dos actuais partidos.
A mudança tem de começar nas próximas autarquicas com uma candidatura independente, formada por pessoas integras e desligadas dos actuais partidos, que tenham o sentido de missão e dever.
São poucas as pessoas com esses predicados, mas existem.
Só assim eu e decerto muitas outras pessoas iremos votar, pois caso contrário será apenas mudar as moscas.
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