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sábado, 28 de março de 2015

AVIAÇÃO





UMA SOLUÇÃO SUPER-INTELIGENTE!

Os responsáveis pelo tráfego aéreo mundial resolveram tramar os doentes de depressão: a partir de agora, com dois pilotos permanentemente no cockpit, queremos ver como é que se vão desenrascar para levarem o avião a pique - ufanam-se aqueles cérebros de eleição. Aplacaram as iras contra eles, magnatas dos aviões, mas estão longe de resolver o problema tal qual ocorreu nos Alpes.




O caso do A320 da Germanwings é demasiado dramático para ser tratado com humor ou ironia. Mas os que tentam descartar responsabilidades, afinal confessando-as ao porem trancas à porta depois da tragédia, merecem ser confrontados em face das alarvidades que vêm produzindo.
Pois, é verdade que os nossos conhecimentos de aviação resumem-se a entrar no aparelho, apertar o cinto e fazer as operações inversas depois da aterragem. Mas a hipocrisia daquela gente exige que desabafemos cá para os nossos botões - mesmo aqui a anos luz do pedestal onde se acoitam os magnatas dos transportes aéreos.
É que estamos fartos de ouvir os donos de companhias do ar e de terra fazerem os possíveis e os impossíveis - sim, também os impossíveis - para atribuírem a 'erro humano' as falhas trágicas das suas máquinas.
No caso do acidente nos Alpes franceses que custou a vida a 150 pessoas, não encaixam nesta cabeça as conclusões da leitura feita a caixas negras que ficaram semi-destruídas pelo embate. Os responsáveis retiraram as ilações que lhes serviram como uma luva: o comandante esteve durante 10 minutos a bater à porta do cockpit, pelo lado de fora, enquanto o co-piloto respirava tranquilamente, de excelente saúde, embora sem articular palavra, enquanto metia o avião a uma descida rumo à morte.
Se o homem tivesse ficado inconsciente é natural que a respiração ficasse diferente, mas - perguntamos nós - teria necessariamente de haver resfolegada ou coisa que o valha?
Depois, descobriram lá em casa antecedentes depressivos no jovem alemão Andreas Lubitz, que ainda por cima teria encoberto a baixa a que o médico o submetera.
Uf!, respiraram aliviados os tais responsáveis. 
Se estivéssemos ainda na medieva idade das trevas, haveria caça aos depressivos deste mundo e um eficaz atear das fogueiras.
Mas viemos aqui essencialmente para confessar uma dúvida que nos atormenta o córtex. Os entendidos na matéria, parte interessada, já puseram em vigor a ordem de haver nos cockpits sempre duas pessoas. O comandante precisa de fazer xixi e um outro elemento da tripulação vai alinhar no lugar dele, na zona dianteira dos chauferes. Então, sorriem os da ideia, o piloto depressivo que se contente em recalcar mais uns tempos o ímpeto animalesco de levar o avião de encontro à dureza do solo.   
Mas agora, perguntamos nós, e partindo do princípio de que as tripulações também são revistadas antes do voo, para não levarem pistolas, bombas ou facas, já pensaram os cavalheiros dos aviões como é fácil neutralizar um homem instantaneamente distraído, mesmo num espaço diminuto como é um cockpit?
Ou seja: se um indivíduo for acometido de um estado psíquico em cima da demência, pode ou não acontecer que ele consiga imobilizar o parceiro do lado, mesmo sem recurso a armas?
Há mil e uma maneiras de um condutor de aviões, querendo, provocar a desgraça. E um controlador aéreo, o maquinista de um comboio, o condutor de um autocarro.   
Isto é tão lógico que perguntaríamos a um daqueles graúdos do tráfego aéreo se a única solução que existe não está a montante das situações vulneráveis, como exames assíduos ao estado dos pilotos, físico e psiquiátrico. É que, por exemplo em Portugal, segundo ouvimos a um aviador profissional em comentário televisivo, há exames antes da entrada em funções e depois é voar por aí fora, tipo 'fé em Deus e o resto ao ataque'.
Infelizmente, há tragédias para as quais não se encontram defesas. Nem sequer para as medidas hipócritas e tragi-cómicas dos grandes do planeta.       

3 comentários:

Anónimo disse...

Ter outra pessoa no cockpit não é uma fórmula mágica para evitar que um piloto cometa um acto como o protagonizado pelo piloto alemão, mas lá que é mais um factor limitador, disso não tenho dúvidas. Vejamos uma comparação bastante diferente mas que, à falta de melhor, se apresenta. Um louco pára um carro na ponte de João Gomes e prepara-se para se atirar. Será que as probabilidades de levar o suicídio por diante diminuem se alguém tentar conseguir chegar perto e falar com ele?
Portanto, a solução de ter outro tripulante no cockpit não é infalível mas ajuda.

Fernando Vouga disse...

Caro Luís Calisto

Nestas cisas de "segurança", todas as novas medidas têm um denominador comum, o aumento de custos. Mas para as companhias não há problemas, porque somos nós a pagar.

Anónimo disse...

Ao comentador das15:11, pergunta:
Se esta medida ora implementada (permanência 2 tripulantes no cockpit) estivesse já em vigor será que o co-piloto teria concretizado o seu acto tresloucado?