OPINIÃO
ANTÓNIO JORGE PINTO
Acorrentados como nas sombras
da caverna de Platão
É a vida transformada num labirinto, de
onde ninguém sabe como se resolver. Até o viver e o morrer estão em
transmutação. A vida de agora, este nosso quotidiano taciturno, parece
manter-nos acorrentados ao mito da caverna de Platão.
A própria morte, neste tempo novo e
sombrio, acontece na maior solidão humana, entre as frias paredes dos
hospitais, longe da família e dos amigos. Sem um adeus. Sem uma palavra de
despedida! Sem uma lágrima por perto!
Quiseram a globalização. Ei-la presente e marcante. Cravada a fundo, na carne e no osso, com dor, sofrimento e morte, igual em todas as latitudes, em todas as nações, ricas e pobres, sem distinguir raças, credos, religiões e culturas.
A primeira vez em que a globalização
cumpre integralmente os propósitos dos seus mentores, de mundializar e igualar
as nossas vidas, é estranho que o preço a pagar por esse processo
experimentalista seja a morte, o sofrimento e a destruição do planeta.
No resto do tempo, a globalização quase
sempre tem sido muito desigual. Tem semeado e ampliado as diferenças sociais.
Colocou mais de 80 por cento da riqueza mundial nas mãos de apenas 1 por cento
da população. Arrastou mais 150 milhões de pessoas para a pobreza extrema.
Há quase 80 anos que a Universidade de
Harvard desenvolve estudos para responder à pergunta que todos nós com certeza
já fizemos sobre o que realmente nos faz felizes na vida.
É o estudo com mais anos de investigação.
Os investigadores entrevistaram e acompanharam durante décadas um grupo de 600
pessoas e concluíram que “o maior sucesso da vida está no afeto”. Acrescentaram
outras duas conclusões: que as relações pessoais são a melhor vitamina para a
nossa saúde psíquica e física; quem cria laços fortes vive mais e
melhor.
A globalização, esta globalização
mercantilista, não tem espaço para a troca de afetos, para o tocar e o sentir.
Esta globalização tem destruído o que há de melhor no fundo de cada um de nós:
os sentimentos.
Como se isso já não fosse suficientemente
doloroso para a infelicidade e a descrença global, esta globalização, desenhada
há anos nas bucólicas montanhas suíças de Davos, onde a meia dúzia de suspeitos
do costume decide o presente e o futuro do Mundo e da Humanidade, pariu esta
pandemia que, de forma covarde e matreira, espalha a morte global, o medo
global e a pobreza global.
Ninguém assume como culpa sua esta
desprezível e pandémica filha da globalização. A primeira vez que todos nós
percebemos como nunca ninguém nos tinha ensinado o significado da globalização,
não é para nos acender a luz da felicidade e da alegria, é para roubar os nossos
pais, os nossos avós, os nossos tios e tias, os nossos melhores amigos e
vizinhos. A todos leva-os na mais triste e profunda solidão.
Todos temos o nosso purgatório. Também
tenho o meu. Tenho me interpelado ultimamente com o Realismo de Balzac quando
insinua que o Homem que sofre não tem nada de mísero em si.
O tempo e a vida têm me ensinado que sim.
A nossa própria existência é rodeada de indefinições e de sombras que todos os
dias tolhem as nossas vidas. Mas é no sofrimento que o Homem se transcende e se
supera. Aqui mora o meu poiso de esperança.
É essa nesga de luz que me tem dado
coragem para ir em frente, na esperança plena de que temos de ser capazes de
nos superar para não deixar de herança às gerações dos nossos jovens filhos
apenas os despojos da falhada globalização e a destruição causada pela sua
indesejada filha pandémica.
Desejo e quero que o estudo de Harvard perdure por mais 80 anos e pelos séculos afora. Para que todos nós possamos voltar aos afetos, aos laços fortes e a uma melhor saúde psíquica e física.
8 comentários:
Permita-me discordar do srº articulista! Eu não atino mesmo nada com os gajos que se reúnem em Davos, na Suiça, mas que culpa eles têm de os chineses comeram tudo o que mexe no planeta. Se respeitassem mais os animais selvagens não haveria esta pandemia, mas até morcegos os chineses comem. E quando o homem invade os habitats de outros seres vivos apanham sempre vírus indesejáveis para a humanidade.
Sempre pode mudar de armas e bagagens para a Coreia do Norte. Lá não sentirá esses efeitos perniciosos da globalização. Ou, em oposição, consultar o https://ourworldindata.org/ Verá que tudo o que afirma não cola com a verdade. E verá igualmente que a nossa civilização já viveu pandemias, mesmo mais severas, em eras anteriores à globalização que se conhece. Saudações.
Este senhor jornalista António Jorge Pinto é assessor de imprensa do CDS/Madeira tudo o que ele diz e escreve é sempre tendencioso é alinhado com a direita dos interesses.
Ai como eram belos os tempos na nossa ilha antes desta porca globalização. Hoje é esta ditadura miserável, mulheres são domésticas e sem direitos, crianças a trabalhar desde os 10 anos (as de Câmara de Lobos a prestar serviços especializados aos turistas), gente analfabeta, suja, esfomeada e desdentada, lixo atirado a qualquer ribeira, vinho desde o berço, Polícia política, imprensa censurada, curso superior só para os ricos... Ai minha amada Madeira, o que esta porca globalização e aqueles sinistros de Davos fizeram de ti?!
Desculpem ,esta nem é a página certa para eu tirar tal dúvida. Mas,por favor, me digam. Hoje , dia 24 de janeiro é dia de eleição? Nós, no Brasil não recebemos os formulários para votar? O consulado português não nos encaminhou, fomos excluídos só pq estamos no Brasil ou é por causa da pandemia?
Dois contributos para o combate à ignorância e ao negacionismo:
https://folhadodomingo.pt/fratelli-tutti-papa-denuncia-falhanco-de-globalismo-sem-rumo-que-aumenta-desigualdades-e-injusticas/
https://www.dnoticias.pt/2021/1/25/248124-presidente-chines-alerta-contra-riscos-de-uma-nova-guerra-fria/
O António Jorge Pinto parece a caixa de ferramentas que tenho na carrinha. Tem tudo lá dentro mas está tudo baralhado devido aos solavancos da estrada. A Alegoria da Caverna, que deveria ser vista como uma representação da procura do conhecimento, é interpretada pelo AJP no seu sentido literal e estrito da prisão de uns indivíduos no interior de uma furna. Ai, AJP, vê se relês Platão.
Inveja?
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