OPINIÃO
GIL CANHA
Como trabalham os
bandalhos
Para os senhores
leitores terem uma ideia dos bandalhos que nos governam aqui na ilhota, vou-vos
contar como é que a maioria laranja da nossa Assembleia Legislativa adapta as
leis gerais da República na região, sempre no sentido de favorecer a “tubaranagem”
e os monopolistas que nos parasitam.
E esta minha intenção surge em seguimento de uma notícia que foi publicada envergonhadamente no DN do Sousa, de ontem, a propósito de uma chamada de atenção do Deputado da AR, Carlos Pereira, sobre o escândalo das Inspeções automóveis na Madeira, ou Mamadeira, ou lá como lhe queiram chamar. (Se fosse um jornal independente era assunto de primeira página, mas optaram por dar protagonismo ao mergulho insípido do sr. Paulo Cafôfo num vulgar boião de maionese)
E Carlos Pereira diz que
o ano passado a Autoridade da Concorrência recomendou ao Governo Regional e à
Assembleia Legislativa para tomarem medidas no sentido de acabar com o sistema
monopolista e ilegal das inspeções automóveis, e como não teve eco, o próprio
deputado fez questão de solicitar a distribuição dessa recomendação a todos os
grupos parlamentares da ALRAM, mas que ninguém fez caso, precisamente porque a
maioria daquela gente trabalha para a nossa tubaranagem monopolista, incluindo
a cafofada.
Mas, além deste alerta,
o deputado Carlos Pereira chamou a atenção para uma marosca de bordel que é
vulgarmente praticada pela nossa maioria parlamentar, que é deturpar e alterar
completamente o sentido das leis da república que são adaptadas na região,
prática nojenta, que eu próprio, quando era deputado na ALRAM, também
presenciei.
E então, este caso das
inspeções automóveis é paradigmático. O legislador nacional criou uma lei para
salvaguardar a sã e livre concorrência para equilibrar os preços ao consumidor
e não permitir que haja um só porco a tomar conta do gamelão; e
deste modo, instituiu regras apertadas para a abertura de novos centros de
inspeções técnicas a veículos, sendo uma delas, que nenhuma entidade
empresarial poderá exercer a atividade de inspeção (automóvel) “em mais de
30% dos centros de inspeção em funcionamento numa mesma região”.
E sabem o que fizeram os
bandalhos da maioria quando em 2013 adaptaram essa lei nacional? Alteraram
completamente o sentido do documento, vergaram o bico ao prego, e em vez do
“foguete” legislativo ir em direção ao “céu” dos contribuintes, deu uma volta
completa, mudou completamente de trajetória, e entrou com toda a força no
traseiro da viloada, e a largar lume. E onde a lei dizia que era para abrir, o
canalhedo fechou, e onde dizia que era para proteger os bolsos dos cidadãos, o
canalhedo embrulhou em papel de manteiga, e toca a enfiar mais este monopólio
dos amigos e protegidos do nosso Bukassa residente até à garganta dos
indígenas. (E estes estupores ainda querem mais autonomia!)
E este estratagema
repugnante nunca mais parou. Aliás, em 2017, denunciei em pleno parlamento a
adaptação do Decreto Lei n.º 80/2015, de 14 de maio, à RAM, que estabelece
as Bases da Política Pública de Solos, do Ordenamento do Território e
do Urbanismo. Este diploma tinha como objetivo principal acabar com o
desordenamento urbanístico e com a especulação imobiliária que grassava em todo
o território nacional, onde determinadas terras apetitosas eram tomadas pelos
patos-bravos, com a cumplicidade criminosa de governantes e autarcas, que
suspendiam ou alteravam os planos de ordenamento de território conforme gania o
dinheiro ou a lei do mais forte.
Essa nova lei nacional
determinava que os Planos de Urbanização (PU) e os Planos de Pormenor (PP)
tinham que cumprir as determinações e orientações dos PDMs (Planos Diretores
Municipais). E se alguma autarquia, por exemplo, queria alterar um Plano de
Urbanização que contrariava o PDM, teria que corrigir antes o PDM.
O legislador criou uma
forma hábil e inteligente de contrariar a tendência corrupta de certos autarcas
de darem jeitinhos a este ou aquele cavalheiro, e se algum quisesse ajudar um
“empresário amigo” (como Albuquerque e Cafôfo fizeram) teriam que se dar a uma
trabalheira monumental de alterar o próprio plano hierarquicamente superior, o
PDM, e só depois desse trabalho hercúleo estar feito, é que poderiam favorecer
“a pataria”.
Na adaptação dessa lei
na região, certa tramitação legal foi cirurgicamente alterada e deturpada, e
qualquer potencial candidato a bandalho que seja presidente duma autarquia da
ilha pode pedir ao Governo Regional para ratificar/suspender um Plano de
Urbanização ou de Pormenor, e alterá-lo, mesmo sem cumprir com as diretrizes do
PDM ou sequer tocar no seu articulado.
Concluindo, esta manobra
ilegal e anticonstitucional, mesmo denunciada por mim no parlamento em frente à
cara do artolas incompetente do Miguel Albuquerque, passou debaixo das barbas
do representante da República (que foi alertado e nada fez) e hoje impera por aí
ao serviço de qualquer pato-bravo poderoso, apostado em destruir o que ainda
resta do nosso martirizado território.
E foi graças a esta
marosca legislativa que, muito recentemente, permitiu que a Câmara Municipal do
sr. Cafôfo pedisse permissão ao governo para suspender o Plano de Urbanização
do Amparo duma forma ligeira, com o objetivo de viabilizar a aberração do
chamado projeto Dubai, e assim encher os bolsos do sr. Avelino e companhia.
(Nesta coisa de favorecer os DDT, a laranjada alia-se sempre à cafofada,
veja-se o caso do Savoy)
O facilitismo desta ação legislativa criminosa proporciona a abertura duma verdadeira caixa de Pandora por vários motivos: primeiro, porque possibilita que certos negócios imobiliários originem mais lucros que o tráfego de drogas ou de armas; segundo, fomentam a discriminação entre munícipes, porque uns podem fazer tudo o que lhes apetece, e outros, têm que se sujeitar à lei pura e dura; terceiro, esta possibilidade dum Plano de Urbanização ou Pormenor corromper e mutilar um PDM, que foi pensado e estudado na sua abrangência e globalidade para todo um território municipal, desfaz completamente a harmonia de conjunto e promove a chamada “manta-de-retalhos” do desordenamento urbanístico, característica muito própria dos países de Terceiro Mundo e de regiões atrasadas, normalmente governadas por bandalhos corruptos.
19 comentários:
Mas que porradão no canalhedo corrupto! Os ambrósios Miguel Albuquerque e Paulo Cafôfo têm até ao dia das eleições tempo suficiente para lamber as feridas e comemorarem juntos a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa!
E o sr. Canha nem falou da indemnização milionária que temos de pagar à empresa que não foi escolhida para favorecer o Henriques.
Na minha humilde opinião nem deveria haver eleições, deveriam ser adiadas, o professor Marcelo vencerá, mas penso que haverá alguma surpresa na contagem final dos resultados.
Mas fico na dúvida. Se era "anticonstitucional", porque é que o senhor deputado não requereu a fiscalização preventiva da lei?
A viloada do Funchal e a viloada do campo merecem ser roubados. Srº Gil não tenha pena deles!
Fiscalização preventiva da lei?!.. Antes do sr. Deputado Canha exercer funções o meu grupo parlamentar invocou várias ilegalidades semelhantes e foram todas parar ao caixote do lixo institucional.
Os vilhões merecem isto e muito mais. POVO DE AGACHADOS!
E os apoios às sobrancelhas? E o apoio aos terrenos roubados na Calheta? Isto anda pior que no tempo do Alberto João
Recordam-se do tempo em que o Ambrósio fumava uns tabacos e dormia umas sonecas nos arredores do Colégio?
Aquilo a que foi mexer massa
A loira do vimieiro, fazia uns cozinhados mais varanda menos varanda.
O amante escrevia e dava boa nota
O marido de tanto mexer na massa até ficou com um calo no dedo pulgar
O Povo burro ainda hoje apoia de pé os ambrózios, o vice, a cornélia, o genro do mesmo, o licínia, o santaneiro e todos estes camelos que passeiam na passarela do da avenida central e cagam D`alto para a viloada.
O srº Ireneu Barreto foi alertado para a inconstitucionalidade, mas andou a dormir na forma. Agora é tarde. Agora a máfia no bom sentido faz um festival de grunhidos à mesa do banquete dos grandes lucros através da especulação imobiliária, como fazem as hienas quando esquartejam as suas presas, e como se tivessem num baile, num dos grandes salões do Palácio de São Lourenço.
Aqui vai uma sugestão: que tal mudar o nome do nosso governo para Governo Regional dos Ambrósios (GRA)?
21.28,
E qual era a inconstitucionalidade?
Um diploma regional não pode contrariar os princípios fundamentais lei da republica
Ambrósio apetece-me algo especial. Já tratei senhora. A tempestade em São Vicente vai trazer milhões e já está tudo tratado!
10.49
E qual foi o princípio fundamental da república contrariado?
Como técnico (arquitetura) adianto esta: a Madeira é a única região do País em que se pode alterar um Plano de Urbanização, por exemplo, sem se mexer no PDM. É uma vergonha! Isto fomenta a corrupção, o desordenamento do território, e os tais fatos-á-medida ao gosto do cliente. O amigo Gil Canha tem absoluta razão.
17.20,
E o continente português é o único território onde o governo declara os famosos PIN (Projecto de Interesse Nacional), quais fatos à medida que têm dado para todas as negociatas possíveis com os amigos, com desordenaremos do território.
E também tenho absoluta razão. Portanto não há que tirar duns para pôr nos outros.
É preciso corrigir tanto lá como aqui, senão são os patos bravos que se ficam a rir!
Canha deixa isto da mão , não tem remédio! Os vilhões adoram os seus senhorios e nem querem saber disto para nada. Vão matar a galinha de ovos de ouro e a vilhoada nem se importa. Está no sangue!
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