(4)
AEROPORTO RONALDO... COM MADEIRA
Registei duas enormes surpresas no lançamento deste folhetim que está a dominar o Verão 2016 sob o título 'Um Aeroporto chamado Ronaldo".
Em primeiro lugar, espantou-me o governo regional sair-se com tal ideia. Não estou a chamar tapados a Miguel e seus asseclas. Achei estranho foi sair alguma coisa de novo daquele conservador Establishment, onde o que interessa é que nada aconteça para os ditos-cujos passarem ilesos entre os raios de ultravioleta. Quem havia de dizer que Miguel Albuquerque criaria um facto 'político' desta forma capaz de durar a época balnear?
Segundo lugar, admirei-me com o assentimento de Cristiano Ronaldo, sendo ele próprio uma marca internacional com contratos de propaganda cruzados em todos os sentidos e direcções e em 'n' plataformas que não se compadecem perante amizades ou patriotismos.
Para quem gosta de notícias, ouro sobre azul teria sido uma nega de Ronaldo. Então, surgiria diferente o discurso da caterva de novos intelectuais que se levantaram indignados contra o projecto de atribuir o nome de um jogador de bola ao seráfico Aeroporto, subitamente transformado em 'vaca sagrada' no debate para preencher vidas vazias.
Se Ronaldo recusasse, os críticos veriam nisso uma atitude lesa-pátria. Imediatamente rotulariam CR7 de arrogante. De mau madeirense que enriqueceu lá fora e se acha superior aos conterrâneos. Um sem-coração incapaz de ajudar a sua terra que atravessa uma situação difícil e precisa de propaganda internacional para ser falada nos potenciais centros geradores de turismo - podendo fazê-lo sem custos porque afinal era só uma questão de dar o nome. Ele que tem a sorte de ser mais conhecido no mundo do que a sua terra - e por aí adiante, no contexto da criatividade iluminada que temos visto por aí.
Da minha parte, o nome Aeroporto Internacional da Madeira está muito bem. Se é para rebaptizar com o nome de alguém, então, desde que o nome Madeira continue parte do lettering, então que seja o de Ronaldo, porque concretiza uma homenagem mais do que justa e ao mesmo tempo - uma mão lava a outra - constitui a melhor publicidade mundial que se pode fazer. Claro que ninguém decidirá vir à Madeira com o estranho desejo de aterrar num aeroporto com nome de craque. A ideia é entrar na concorrência com outros destinos sabendo utilizar as plataformas modernas, que já não são bem os workshops para oferecer orquídeas ou um cartaz com vilões a tocar rajão no meio de outros mil algures por esse mundo. Há uma net, lembram-se?
Esta guerra estival tem muitos lados irónicos. Um deles é recordar a altura em que Pereira de Gouveia - que descanse em paz - quis mostrar serviço a Jardim, para se eternizar no GR, propondo a atribuição do nome do chefe ao aeroporto - levando por isso, e bem, uma solene descompostura daquele a quem pretendia bajular. E outra ocasião em que já era Jardim a querer que fosse dado o nome de Aníbal Cavaco Silva à infraestrutura aeroportuária, sendo Cavaco a recusar. Nessa altura, certos críticos de hoje ficaram calados, porque se 'cortavam' todos perante as reacções politicamente incorrectas do então chefe da Tabanca.
Alguns destes acham que o aeroporto deveria continuar a chamar-se 'Santa Catarina'. Sim, é o nome original, muito nosso, que invoca o sítio da pista. Mas nos dias de hoje não se dispensa, julgo, o nome de Madeira. E então se associado ao nome do madeirense que arrasta multidões seja na internet seja numa aldeia dos Himalaias, tanto melhor.
Mas que o debate continue, por ser salutar, embora em muitos casos estejam quase a ofender o próprio Cristiano como se tivesse partido o capitão dos Campeões da Europa a a proposta que eles contestam. E falam dia e noite do homem, como se não tivesse vida própria. Dá um certo estatuto falar, opinar e contrariar uma figura como Ronaldo. Ronaldo é que não os conhece de lado nenhum. A esta hora, anda ele de férias a dançar com Jennifer Lopez e a passear de iate no Atlântico azul, com a família, enquanto não volta às televisões de todo o mundo para continuar a brilhar de camisola branca e a receber 'bolas de ouro', causando algum ciúme nas mentes mais fechadas.
PS - Ilustrei o texto com aquelas duas fotos de George Best, obra dos saloios dos irlandeses, porque não me ocorreu coisa melhor.
CHÃO DA LAGOA
|
Vinho seco e maçarocas, isso não é com esta gente Blue. Que esforço! |
Tenho recebido reclamações de diversas formas pelo facto de nada ter narrado sobre a jornada social-democrata ontem na Herdade. Pergunto: houve notícia lá em cima? Que eu saiba, Passos Coelho e Miguel Albuquerque encabeçaram um choroso velório com discursos para não ressuscitar defunto, e isso neles não é novidade nenhuma. Intervenções a dizer mais do mesmo, nem sequer faltando até os nados-mortos hospital e ferry, que Deus haja. Até os assobios quando Miguel falou de Passos Coelho eram esperados, assim como as tímidas palmas dos beneficiários do Establishment para tentar disfarçar a vaia.
Depois, a 'meia casa' que aquilo deu, se tanto, percebendo-se que a festa vai morrendo de ano para ano. Jaime Ramos e chefe da Tabanca diziam no seu tempo que iam lá acima 30 e 40 mil, o que não correspondia à verdade. Mas ia muita gente. Agora não. A mixórdia actual Blue-Broquilhândia não quer perceber que o arraial lá em cima foi concebido para o anterior estilo espalha-brasas. O líder anterior sentia-se como peixe na água quando devorava dentinhos de 53 qualidades, poncha e vinho de variadíssima graduação, despiques com o povo, tudo a terminar em banho de espuma e num discurso para mandar os maricas de Lisboa para a p... que os p... e até levar..... nas noites duvidosas do Parque Eduardo VII.
Os actuais feitores do Laranjal não têm jeito para aquilo, e ainda bem. O problema é que querem mostrar que têm. Deviam apostar no jazz e no ambiente de piano-bar. As campanhas de estilo mais ameninado só lá chegam via TV.
Miguel Albuquerque tentou uma piadinha para fazer o povo rir, anunciando luta vigorosa para ganhar 11 câmaras em 2017. Eu ri ao ouvir aquilo na rádio, mas o povo, debaixo daquela canícula, não teve a mesma pachorra.
Portanto, não aconteceu nada digno de destaque a merecer reportagem. E este não é o local certo para procurar propaganda partidária ou para ver chover no molhado.