A MÁFIA QUASE MANDA
NO AR QUE RESPIRAMOS
O discurso de Gil
Canha na sessão parlamentar do 25 de Abril esta manhã não fala da
máfia de cá, fala na máfia de Nova Iorque. No entanto, aqueles mafiosos
italo-americanos parecem-nos tão familiares!
"Hoje estamos nesta casa a comemorar o
25 de Abril, o dia que trouxe a liberdade ao território Continental e aos
Açores, porque, Infelizmente, o 25 de Abril ainda não chegou à Madeira.
Ainda há pouco tempo saímos de uma
longa ditadura laranja que durou quarenta anos, e agora estamos a experimentar
uma espécie de Primavera Marcelista e sua alegada renovação, que no fundo é uma
EVOLUÇÃO NA CONTINUIDADE do anterior regime autocrático do dr. Jardim.
Então?!.. Enquanto não chega o 25 de
Abril à nossa região, aproveito esta oportunidade para falar da MÁFIA - essa
tenebrosa organização que controla governos, corrompe instituições, alcança
altos lucros em parcerias público/privadas, refugia-se em off shores, e quase manda
no ar que respiramos. Mas, por respeito a este dia - Senhores deputados e
membros do Governo - podem estar
descansados, pois não vou falar das nossas
máfias regionais, nem das máfias do nosso país, vou falar simplesmente da Máfia
da cidade de Nova Iorque.
Em inícios dos anos oitenta do século
passado, os Padrinhos das cinco famílias mais poderosas desta cidade decidiram
que a organização teria que se RENOVAR, porque as guerras nas ruas, os
conflitos entre famílias e a violência estavam a estragar os seus negócios e a chamar
a atenção das autoridades. Ninguém queria os métodos cruéis dos tempos de Luky Luciano
nem ninguém tinha saudades da violência de Alberto Anastasia, o famoso capo da
família Gambino, que espalhara o terror contra os seus adversários; incendiando
património e perseguindo cidadãos com os seus “soldati” cadastrados.
Em 1983, na célebre reunião de Long
Island, Vittorio Amuso, capo da família Lucchese, citou o Príncipe Tomasi da
Sicília: “É preciso que algo mude para que tudo fique na mesma”.
Para dominarem os casinos, o
transporte rodoviário, os contratos públicos, a construção civil, as redes de
gás e o controlo sobre os sindicatos dos portos, as famílias mafiosas teriam
que ter paz, e assim continuarem a ter NA MÃO, os juízes, os políticos, os
autarcas e os procuradores de justiça.
Assim, em 1985, fizeram eleger como
Capo de
Tutti Capi (o Chefe de todos os Chefes) o conhecido
John Gotti. Gotti era uma pessoa de porte aristocrático, elegante, muito amável
e era adorado pela comunicação social e pelo público em geral. John Gotti
escondia as suas actividades criminosas por detrás da fachada de um Clube de Caça e Pesca e em empresas de venda
de canos e sifões, em Queens. Também foi um dos principais intervenientes no
famoso assalto ao avião cargueiro da Luftansa, o maior roubo da história dos
Estados Unidos. Como escapava sempre aos processos que lhe faziam, era
apelidado por Don Teflon. O senhor escorregadio.
Quando John Gotti abria os
noticiários dos canais televisivos, alguns membros das famílias começaram a
ficar incomodados com a excessiva exposição pública da COSA NOSTRA, mas os
maiores ódios e críticas da denominada RENOVAÇÃO da Máfia, vieram da família Bonanno,
uma das mais poderosos famílias de Nova Iorque. Anos atrás, o seu Padrinho, Joe
Banana, tentara tornar-se o Capo di Tutti Capi, e iniciou uma violenta guerra
entre famílias, chamada a “Guerra das Bananas” (Banana Split), mas foi vencido!
As maiores críticas de Joe Banana,
era que John Gotti só queria boa vida e negociatas, e que estava a dar cabo da
organização. “Já não há homens de Honra e Coragem, como Alberto Anastasia, quebrou-se
o código do silêncio” afirmou no seu livro autobiográfico.
Estes factos foram obtidos na biblioteca
da polícia federal, FBI, em Washington DC."