Que se passa na Escola Hoteleira?

Denúncia de casos de exploração

"Achamos que é importante e urgente que os nossos dirigentes tenham conhecimento de algumas situações graves que estão a acontecer na Escola Hoteleira.

Desde já pedimos desculpa pelo anonimato, mas deve-se ao medo que temos de falar. Desde 2010 que esta escola deixou de ser o que era e, este ano, agravou-se imenso em todos os aspectos, incluindo a agressão moral e pressão com ameaças constantes a todos (alunos, professores e funcionários).

De entre as várias situações de injustiça vamos aqui referir duas que achamos serem as mais graves:

1.      Os nossos alunos têm que fazer em cada ano lectivo 503 horas de formação em contexto de trabalho (FCT) a que chamamos estágio e que é feito nos vários hotéis da região nos meses de junho, julho e agosto.

Até ao ano lectivo passado, foi-lhes exigido que fizessem 60 dessas horas na escola hoteleira, ao longo do ano lectivo em fins de semana e nas férias do Natal e Páscoa.

Estas horas foram descontadas nas 503 e assim os nossos alunos conseguiam descansar um mês antes de iniciar novo ano lectivo.

Esta semana, a direcção veio com um esquema novo em que querem obrigar os alunos e encarregados de educação (a maioria são pessoas pouco informadas) a assinar um documento em que se comprometem a fazer as 60h, que não vão contar para FCT, tendo assim no verão que fazer as mesmas 503.

A isto chama-se exploração. Não tem capacidade para contratar funcionários para os serviços de cozinha e restaurante e querem obrigar os alunos a trabalhar a custo zero.

Muitos deles são menores de idade, normalmente trabalham até à meia noite, têm dificuldade de transporte a essa hora e às 8h da manhã têm aulas de novo. Além disso, têm de pagar adiantado do seu bolso o transporte para a escola que já não fornece o passe; os alunos tem de o comprar e o reembolso demora muito tempo.

Sabemos que a legislação diz que estes alunos têm direito ao descanso semanal e às férias do Natal e Páscoa.

2.      Quando um professor ou formador falta às aulas com justificação médica ou outra é-lhe descontado do ordenado porque cabe à Segurança Social pagar esses dias.

O problema é que, quando regressa ao trabalho, tem de dar as aulas normais do seu horário e é obrigado a dar também, cumulativamente, todas as aulas a que faltou, sem retribuição monetária. Temos casos em que o horário passa de 22h letivas semanais para 40 e nem podem pedir para que estas horas de reposições sejam dadas aos poucos porque a resposta vem com ameaças de punições com mais trabalho.

Texto enviado ao Fénix