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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Cultura, Culturas



SOS Ribeira de João Gomes

Ribeira de João Gomes, 8 de Novembro de 2012



No dia em que o governo regional mendigou dinheiro à Europa e ao governo de Portugal para recuperar os danos provocados pela chuva e pela irresponsabilidade no norte da Madeira, decorre uma alucinada destruição dos canais de escoamento das ribeiras do Funchal.
À luz duma mentira, repetida vezes sem conta, de que estão a trabalhar na proteção do Funchal, seguindo as indicações dos estudos elaborados por reputados especialistas e longe da vista da maioria dos incautos cidadãos, os garimpeiros extraem os blocos de basalto e conspurcam os caudais com terra. Depois tudo vai para a baía. A rocha às costas dos camiões é despejada na construção duns pontões já destruídos três vezes e que em nada melhorarão o escoamento das ribeiras. A terra acastanha o mar e destrói a flora e a fauna marinhas.
Esta manhã perdi a conta do número de camiões que saíram da Ribeira de João Gomes carregados de pedra para alimentar a obra de desfiguração da baía. Tive a oportunidade de observar e fotografar a destruição da vegetação e o aumento da vulnerabilidade das vertentes. Constatei com enorme mágoa, que a gente em quem os madeirenses votaram para governar continua a agir como se as ribeiras fossem peças de plasticina moldáveis a seu belo prazer.
Os abusadores da natureza estão a repetir nas ribeiras do Funchal o modelo aplicado na Ribeira da Ponta do Sol, que ficou irreconhecível com a extração de pedra para a Marina do Lugar de Baixo.
Depois da divulgação destas fotografias surgirão explicações de que o que está a ser feito na Ribeira de João Gomes é necessário para a construção dos açudes fundamentais para o controlo do transporte de material sólido.
Podem explicar. Podem ameaçar. Mas enquanto tiver capacidade física e mental, continuarei a escrever e a dizer de viva voz, que o Funchal e os funchalenses não ficarão mais seguros com esta onda de empreitadas, que extravasam em muito a construção dos açudes.
Reconhecerei que tenho errado e calar-me-ei, quando uma comissão técnica internacional (não consultores que dão pareceres à medida da entidade que encomenda) vier à Madeira e, após aturado estudo no terreno, avalizar as intervenções que decorrem nas ribeiras.
Até lá, melhor seria, que em vez de teimosamente continuarem a deitar pedra, terra e dinheiro ao mar, aplicassem os euros que restam da Lei de Meios para minimizar os problemas do norte da Ilha e cicatrizar as feridas da aluvião de 20 de Fevereiro de 2010.
Portugal e a Europa já não se comovem com pedintes que apedrejam os benfeitores.
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal
 
 
Ribeira de João Gomes, 8 de Novembro de 2012


Ribeira de João Gomes, 8 de Novembro de 2012

Ribeira de João Gomes, 8 de Novembro de 2012

Ribeira de João Gomes, 8 de Novembro de 2012

Ribeira de João Gomes, 8 de Novembro de 2012

Ribeira de João Gomes, 8 de Novembro de 2012
 

1 comentário:

Anónimo disse...

Tenho boas notícias em relação à Ribeira da Ponta do Sol; estará mais funda mas depois dos últimos 15 dias de "mau tempo" ficou muito semelhante ao que estava nos dias a seguir ao 20 de fevereiro. Está mais larga porque as intervenções que lá fizeram tinham-na deixado mais plana no entanto tem muito menos vegetação pois essa fora retirada para conseguir retirar o máximo de pedra. Em alguns pontos as águas cavaram até encontrarem "rocha" firme, noutros amontoaram essa mesma rocha. A estrada de terra batida que fora feita paralelamente à ribeira ao longo de c/ de 5 KM já não existe apesar de terem ficado alguns restos nas zonas em que o vale é mais largo.

amsf