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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Delícias da Madeira Nova













O que interessa é fazer obra, se possível que custe uns milhões e o problema, de certeza absoluta, que se vai resolvendo, porque vão “injectando dinheiro” na economia. Seja aeroporto ou tgv, estrada, marina, centro cívico ou ponte, o que importa é anunciar a desejada e ansiada obra



Por EDUARDO ABREU

Já sei, estamos todos fartos da crise e de se falar em crise. Até parece que quanto mais tocamos no termo, mais se agrava a dita cuja. Dizem-nos que há que ter paciência, que devemos aguardar mais uns tempos, porque isto passa. É como a constipação, vai tomando uns chazinhos e umas ponchas, que a coisa vai lá. Assim mesmo, nem é preciso tomar medidas; mandem-se às malvas as linhas de crédito, não é necessário colocar a banca na ordem, quais incentivos fiscais qual carapuça, nada de incentivar o bom investimento público, a iniciativa privada, a recuperação e revitalização empresarial, e quem quiser trabalhar deverá ser severamente punido. Aliás, essa preocupação, quase enfadonha, com o emprego e o número de desempregados não interessa coisa nenhuma, porque até há o subsídio de desemprego que corrige todas as assimetrias e ainda poupa uns tostões aos malandros dos empresários. Deixem-se de tretas porque não podemos perder tempo com assuntos menores e que não interessam a ninguém. Há para aí uma teoria que defende que o que interessa é fazer investimento público, mesmo que inventado (e não necessitado ou pertinente, como estabelece a Contabilidade Pública), se forem públicos tanto melhor, não sendo relevante se têm ou não retorno, (o tal R.O.I., mas nada tem a ver com ratos, muito menos de cinco unhas). Imaginem que até se dizem Keynesianos! (ai se Keynes sabe disto). O que interessa é fazer obra, se possível que custe uns milhões e o problema, de certeza absoluta, que se vai resolvendo, porque vão “injectando dinheiro” na economia. Seja aeroporto ou tgv, estrada, marina, centro cívico ou ponte, o que importa é anunciar a desejada e ansiada obra. Depois de estar pronta, então fazem-se os estudos, para averiguar da sua viabilidade e, claro está, avaliar o impacte ambiental. Mas só no fim, não vá o diabo tecê-las e aparecerem resultados surpreendentes, que não agradem aos seus mentores.

Como diria Albert Einstein, “em momentos de crise só a imaginação é mais importante do que o conhecimento”.

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