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domingo, 18 de novembro de 2012

Política das Angústias / SÁBADO



MADEIRA CONTINUA DESGOVERNADA
POR 'ALMAS DO OUTRO MUNDO'


O exorcista Miguel Albuquerque ainda não correu com os espíritos malignos e é preciso que a oposição acorra com novas poções e rezas

Os nossos quadros públicos de provecta idade, com os seus assustadores cadastros, razões de sobra têm para tentar retardar a queda nos abismos da política pós-terrena. 

O Leitor é director do Liceu, faça de conta. A equipa docente propõe a realização de uma conferência no 'Dia Internacional da Tolerância'. Dos 360 mil madeirenses que compõem a população insular, qual seria o último de que o Leitor se lembraria para convidar a dar essa conferencista sobre tolerância? Pois claro: sua excelência das Angústias, o protótipo da intolerância ao longo da situação iniciada em 1974.
Também por nós, ele seria o 360.000.º a ser convidado.
Mas de quem foi que aquele conselho directivo se lembrou para falar, sublinhemos, de 'tolerância'? Nem de propósito: chefe das Angústias! O arrogante e prepotente 'Unico Importante' que, à conta de tanta intolerância, acaba precisamente de ser corrido pelos militantes do seu próprio partido político do cargo de 'Chefe Indiscutível' para o de 'Meio Chefe'!
 
Uma observação a propósito: se não se tratou, e não se tratou, de uma jornada para fazer pouco do homem, pedindo-lhe que ensinasse tolerância como quem dissesse a Hitler que dissertasse a respeito dos inconvenientes das câmaras de gás, então foi o também brigadista do reumático Jorge Moreira, chefe do Liceu, a ignorar o tema da conferência a fim de pôr 'Meio Chefe' em palco. Para quê? Para se ir dando mais uns tempinhos de vida feliz ao regime e aos arregimentados.

Para sermos justos, temos de reconhecer que, se os nossos fantasmas mais para lá do que para cá teimam em continuar a atormentar o povo ilhéu, eles mesmos também não têm passamento fácil. Veja-se quem se pôs na primeira fila diante do orador que ia falar de 'tolerância'...

...E atente-se no sorrisinho à esquerda na fotografia enquanto 'Meio Chefe' enaltece, em ambiente geriátrico, as maravilhas da medicina da velhice. 


Jorge Moreira é múmia neste regime em agonia, de que grande parte das almas fazem fila diante do inferno e outras lutam ainda entre a vida e a morte na ânsia de levarem tachos e penachos para o outro mundo.
Assim se explica a alta média etária dos titulares dos cargos regionais mais importantes, enquanto a juventude passa o tempo de aulas distraída, a pensar quais serão os melhores países em termos de apanha do morango e das uvas.
Na realidade, a Madeira ainda é desgovernada pelo 'Meio Chefe', embora os desgovernados mal dêem pela presença desse e dos espíritos coadjutores. Quando se lembram, vão para as Angústias clamar contra o homem, o que, diz ele, é berrar ingratidão.
 
Evidentemente que, no caso da conferência sobre tolerância, o equívoco de convidar o mais intolerante dos madeirenses para falar havia que dar bronca. Para tanto bastou que, na parte das perguntas e respostas, um jovem abordasse um tema incómodo para sua excelência. Habituado a ouvir apenas o que quer, o idoso patrão abanou-se.
Ai quer saber - arrebitou-se 'Meio Chefe' - por que é que o Funchal, com 150 mil habitantes, tem duas equipas de futebol na I Divisão? Pois fique sabendo que enquanto eu for presidente a política desportiva é para continuar... E deixe-se de fazer esse gesto nazi (o pobre do rapaz, exposto de pé na sala, não sabia como estar, para não eriçar ainda mais o velho)! Sim, porque eu sempre quero saber de onde vem aquele sermão de encomenda!
 
Esperemos que o pequeno estudante se orgulhe da sua notável frontalidade, contrastante com a de duas ou três gerações que nasceram, cresceram e estão no Lazareto sem história para contar, tal a subserviência ao chefe das Angústias a troco de um prato de lentilhas.
Pelo menos uma verdade aprendeu o jovem, da boca do velhote: Portugal é uma democracia imperfeita.
Numa democracia perfeita, o próprio orador não caberia.
 
 
Às portas do Inferno, mas sempre a atormentar quem fica
 
A velhada madeirense com raízes ainda no regime de Salazar, parte da qual já às portas do inferno, teima em continuar a mandar nos vivos. São almas penadas que tanto mal fizeram aos compatriotas e agora receiam entrar no Além, onde as labaredas queimam a bom queimar, se acreditarmos nos livros sagrados. Sem um empurrão valente para complementar as orações do exorcista, eles ficarão por cá mais uns tempos.
Daqui a 200 anos, teremos Guilherme a tentar disfarçar os disparates do chefe. Ele ainda mexe. Esta semana, o caquético deputado laranja apareceu a contar que se encontrou com o ministro Álvaro Santos Silva. Como se o ministro não tivesse mais a fazer senão aturar fantasmas que, assim que 'Meio Chefe' deixe a vida política terráquea, desaparecem como um vagalume vulgar.
Ventura Garcês, único titular de uma pasta de finanças no mundo proibido de mexer em dinheiro, também vai falando à meia noite, nas encruzilhadas de caminhos, sobre reuniões com Victor Gaspar, confundindo certamente o ministro das Finanças com o contínuo à entrada, de onde os embaixadores madeirenses nunca passam.
 
O próprio chefe das Angústias andou por aí esta semana, acompanhado pelo já veterano vice Cunha e Silva, prometendo apoios a quem perdeu carro nos últimos temporais. Nunca estivemos no limbo nem no purgatório, felizmente, mas aquelas fotografias de ambos a trocar ideias com paisagens verdes e azuis em fundo, cabelos brancos de um, papada e careca de outro, que  nos haviam de invocar?
E depois... ajudar a recuperar o quê?! Que perigo receber ajudas de quem fez aquelas demolições todas por aí, construções, demolições, reconstruções e mais demolições, nesses cenários fantasmagóricos que pintam a Madeira com marinas ao estilo Dante, parques empresariais infestados de lobos e raposas, fóruns frequentados apenas pelos medonhos vendavais da madrugada, centros cívicos de traço marciano onde não se descortina vivalma.
Para ajudar ao clima de jazigo, retornam à Madeira fantasmas de governos regionais idos, como aconteceu estes dias com Pereira de Gouveia, caído dos céus com uns projectos voltaicos para dar um pouco de corrente ao governo chefiado pelo seu antigo chefe, governo que, como se sabe, sobrevive 'ligado à máquina'.
 
O torpor a defunto alastra pelo moribundo turismo, pela baía do Funchal, ruas comerciais outrora prósperas e movimentadas, esqueletos de prédios à espera de verba que jamais virá, vias rápidas e 'furados' sem manutenção, listas de calotes de fugir para o horizonte.
E alastra também pelos símbolos do jardineirismo que vão caindo um a um, como as cartas do castelo - o Centro de História, a Delegação da Juventude, o desporto em várias modalidades campeãs das faltas de comparência nas provas nacionais, o emprego que colapsou (pelo menos para 24 mil vítimas), o fausto de festanças e inaugurações que embarcou para os antípodas.
 
 
'Meio Chefe' oferece-se ao rectângulo mais uma vez
 
Ouvimos ao chefe um sinal que não sabemos se genuíno ou casual. O homem, habituado que foi a viver da esmola de Lisboa e de Bruxelas, mais uma vez estendeu a mão aos 'cubanos'. Não apenas a ver se mandam para cá mais algum capital que contemple Jaimes e Avelinos, à conta da desgraça dos temporais, mas também na esperança de que venha a explodir no rectângulo um movimento civil para tomar conta do país, dizendo-se 'Meio Chefe' disponível para o integrar.
Seria de pedir a todos os anjinhos que tornassem realidade o desejo de sua excelência, que assim largaria da mão estas gerações de madeirenses condenadas a aturar o cavalheiro eternamente. Mas não vale a pena. O apelo causará tanto efeito como aquele que o homem fez em 1995, quase de joelhos, no palco do Coliseu de Lisboa, a ver se convencia o congresso do PPD a dar-lhe apoio para derrotar Durão Barroso e Fernando Nogueira (Luís Filipe Menezes a essa hora chorava nos bastidores).
Qual foi a reacção? Gargalhada, óbvio.
 
Mas houve outro sinal estes dias, esse mais convincente. É que a idade não perdoa, diz o fado. E 'Meio Chefe' é que se sente - sabendo o que queria significar ao elogiar uma empresa em festa, sexta-feira num acto público: "Preocupação no sector geriátrico é visão do futuro."
Será que por momentos o homem pensa com lucidez? Se sim, que vá fazendo as malas, com a escassa dignidade que resta.
 
 
 

3 comentários:

Anónimo disse...

A mania destes directores, presidentes e afins se rodearem de conselheiras de má nota, dá nisto: o dr Jardim numa escola a falar de tolerância.

jorge figueira disse...

Lá está, a raposa toma conta da capoeira. Assim vai o nosso pequenino mundo. Bom texto para desmascarar energúmenos.Parabéns

Anónimo disse...

Quem devia e pelos vistos tem tolerância a mais são os secretários regionais depois do "Meio-Chefe"agora "Meio-Despromovido"ter dito que eram os únicos culpados pela caótica situação finançeira e social que a Madeira vive actualmente!