FÉRIAS NÃO ALIVIARAM JARDIM
DOS FANTASMAS NO PPD
Na véspera de voltar ao centro de dia das Angústias, o chefe laranja fez questão de esclarecer a situação interna no partido: a luta continua
É preciso legenda? |
"Hoje é 1.º de Abril?"
A pergunta do nosso amigo traduziu por palavras aquilo que estávamos a pensar ao balcão do 'Apolo', com a página 3 do JM à frente. O nosso amigo acabara de ler o título do artigo ali escarrapachado, com declarações do chefe PPD: "O PSD está com uma unidade impecável."
Só podia ser peta. "Unidade impecável?"
Íamos começar a leitura na diagonal, mas percebemos cedo a moral da história e ficámos por ali: "A excepção [na unidade impecável] é o comportamento de alguns indivíduos da Câmara Municipal do Funchal que foram eleitos pelo PSD."
Mentimos. Não ficámos por ali. Além da farpa metida em Albuquerque e seguidores, ainda apanhámos, umas linhas abaixo, novo ataque do chefe a Jaime Ramos, a propósito da corrida eleitoral autárquica: "Todos os dias [em Setembro] terei várias acções partidárias, que são convívios ao nível de freguesia, que é uma opção que tomaram este ano", informa 'Meio Chefe'.
Vêem? ele volta à carga contra Miguel Albuquerque, mas também contra o secretário-geral do seu partido Jaime Ramos, a quem, semanas atrás, acusou de lhe ter roubado a coordenação da campanha eleitoral.
No artigo do JM esta segunda-feira, não ficam dúvidas: "A opção [dos convívios nas freguesias] não é minha, que fique muito claro."
Neste pormenor, damos razão a chefe Jardim. A sua presença nas freguesias só irá reduzir as possibilidades de vitória dos candidatos locais. Sem querer disparar insinuações injustas, quase nos escapava dizer que Jaime programou essas festinhas de propósito, para queimar Jardim e os candidatos escolhidos por ele, de modo a facilitar a caminhada de Miguel Albuquerque rumo à liderança do PPD, em 2014.
Mas, se percebeu essa hipotética golpada, por que diabo não anula o ainda líder a programação de propaganda que lhe parece uma picada cheia de minas e armadilhas?
Obsessão anti-Albuquerque, raiva anti-Jaime
O artigo a que nos referimos é importante porque Jardim dá uma notícia - já esperada, mas notícia: as férias não lhe arrefeceram a obsessão anti-Albuquerque. Nem a 'reina' contra Jaime. Obviamente que ele, Jardim, sabe que o PPD se desfaz em 'frangalhos'. Se fala em "unidade impecável" é para pôr em evidência a "excepção" a essa unidade. Manter acesa a toada atacante contra o político das "revistas de cabeleireiro".
Já na edição deste domingo do inevitável JM, por via de um daqueles artigos de "investigação" assinados por Alberto João Jardim, embora com assinatura invisível, o homem atirava-se à "maçonaria" que tem "interesse em ocupar o PSD". Era uma abordagem ao corte de água determinado pela Câmara presidida por Albuquerque em prejuízo da Fundação Social Democrata (FSD). Aproveitando a deixa, fogo sobre os paços do concelho.
Reunião de sábado: os candidatos PPD já só vêem maioria relativa... se não for pior
Julgamos que Jardim já se apercebeu de que o partido lhe fugiu. Mesmo os que lhe são próximos conhecem a situação. Se o cada vez menos chefe do laranjal pudesse transformar-se em mosca e ouvir as conversas de corredor na casa de congressos da FSD, sábado passado!
Como o conhecido político não se pode transformar em mosca, nós reproduzimos aqui as mensagens trocadas à margem da apresentação do "programa de governo" de Bruno Pereira para a cidade do Funchal.
O pano de fundo em Santa Quitéria foi a vincada desmoralização nas hostes. O 'Expresso' divulgara, horas antes dessa reunião no CEMA, uma sondagem que veio confirmar os receios no laranjal. "Sabia-se que a maioria absoluta já ardeu", disse-nos um candidato PPD à vereação funchalense. "Já se sabia. Bem, penso que a maioria relativa não nos há-de fugir, mas, por este andar..."
Explicou-se: o "por este andar" é o comportamento do grande chefe. O candidato a vereador, à semelhança de muitos colegas de lista, não se conforma com a "provocação desnecessária" de Jardim, ao "ir para o jornal elogiar o Virgílio e o Dantas só para 'picar' o Albuquerque".
"Foi mais uma grande asneirada que só nos dificulta o trabalho", revelou-nos o triste e abatido candidato, que aceitou integrar a lista de Bruno Pereira convencido de que as lutas internas seriam interrompidas, pelo menos até às eleições autárquicas.
O social-democrata em questão não esconde: "O ambiente nos bastidores da reunião de hoje (sábado) era de descrédito. Está tudo uma m... e ninguém acredita que se possa dar a volta a isto."
A opinião trocada nos grupinhos de corredor, antes e depois da reunião, é que Jardim devia ficar completamente afastado das andanças eleitorais, porque actualmente só 'desajuda'.
O próprio cabeça-de-lista no Funchal não se mostra particularmente entusiasmado com o 'apoio' do chefe nos actos de campanha que se realizarem. Obviamente que Bruno Pereira (com quem não falámos) está cônscio das monumentais dificuldades que se lhe atravessam no caminho, a maior das quais a impopularidade indiscutível do líder do partido. Daí um pessimismo que custa disfarçar.
Para complicar a vida às hostes dos Netos, a vaga Cafôfo
O povo encara a vida política de outra maneira. Um pouco, pelos menos. Parece ter deixado de haver 'vacas sagradas' nas ilhotas. Pelas esplanadas, criticam-se dirigentes do PPD, sobretudo o líder, sem olhar primeiro para ver se a barra está suja. Que o digam os poucos militantes laranja que ainda se dão ao trabalho de andar por aí a distribuir camisolas, bonés, esferográficas e manifestos eleitorais. Eles é que podem contar, como nos têm contado alguns, os remoques que ouvem por todo o lado, da boca de desempregados, jovens licenciados sem futuro e descontentes em geral.
Muita gente reparou na campanha de domingo, na Praia Formosa. A nossa conclusão é que, dadas as circunstâncias e o monte de escombros em que o chefe transformou o PPD, muito fazem ainda os activistas laranja...
Para tornar o quadro mais negro, a oposição mexe-se afanosamente. O rosto desconhecido que a coligação funchalense escolheu para a 'Mudança' está a explodir numa vaga de popularidade que não se adivinhava, nem pouco mais ou menos, duas semanas atrás. Paulo Cafôfo está a introduzir na política, além de ideias inovadoras, um estilo a que os madeirenses se desabituaram há muito.
É que um político pode discutir, debater ideias, apontar erros à concorrência e mostrar propostas - utilizando um discurso tranquilo, agradável, e com o sorriso da esperança de que o povo precisa desesperadamente nesta fase da História. Pode parecer estranho nesta terra, mas há um candidato que discursa sem brigar, sem berros, sem chamar nomes feios aos adversários. Isso pode não chegar para convencer o eleitorado, porque há um mês ainda destinado a esmiuçar projectos e ponderar sobre as candidaturas. Mas é um começo.
Ainda esta manhã de segunda, para incutir um mote de dinâmica à nova semana, Paulo Cafôfo deu uma conferência de imprensa no Pico das Romeiras às 8... da madrugada. Pouco depois, estava o candidato a mostrar boa disposição e sentido de humor ao café do 'Vermelhinho', na Avenida, a uma mesa com outros elementos da coligação 'Mudança' - o próprio líder do PS, Victor Freitas, Roberto Vieira, do MPT, e o antigo jornalista e candidato a vereador Maurício Marques.
Ainda esta manhã de segunda, para incutir um mote de dinâmica à nova semana, Paulo Cafôfo deu uma conferência de imprensa no Pico das Romeiras às 8... da madrugada. Pouco depois, estava o candidato a mostrar boa disposição e sentido de humor ao café do 'Vermelhinho', na Avenida, a uma mesa com outros elementos da coligação 'Mudança' - o próprio líder do PS, Victor Freitas, Roberto Vieira, do MPT, e o antigo jornalista e candidato a vereador Maurício Marques.
Cafôfo, além de a lógica lhe atribuir grande dose de favoritismo na corrida, já obteve uma vitória: com o seu estilo optimista, obrigou alguns caretas que têm passado os anos alimentando a 'malcriação' político-partidária a prometerem uma campanha de sorriso nos lábios.
É obra.
O PPD já está derrotado?
Achamos que não é isso que interessa. O que interessa é que chefe Jardim não perderá as eleições. Ele insiste em vincar bem que está a 'jogar sob protesto', ao participar numa campanha que não é da sua responsabilidade, que será feita em obediência a "opções que outros tomaram este ano" - e isso "que fique muito claro".
Há-de ser lindo, aquele discurso dia 29 à noite, em directo, na gaiola dos Netos.
Não haverá lugar a petas, nesse dia.
1 comentário:
conforme já foi previsto em comentarios anteriores , só faltava a chegada do coveiro das angustias para acabar de enterrar a candidatura de Bruno Pereira.
desiludam-se aqueles que dizem que o UI tem tido alguma contenção , recordem-se do ditado antigo que diz que quando o cachorro não caga á entrada caga á saida . até ao final da campanha ainda vamos ouvir muita atoarda como esta que foi escarrada no jornal do UI
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