‘A Nossa Barca do Inferno’ atraca
no Estreito
de Câmara de Lobos
A OFITE | Oficina de Teatro do Centro Cívico do Estreito de Câmara de Lobos, apresenta ao público em geral um novo espetáculo “A Nossa Barca do Inferno” a partir de Gil Vicente, com Direção Artística e conceção plástica a cargo de Zé Abreu.
A peça tem estreia marcada para o dia 8 de novembro pela 21h00 no Centro Cívico do Estreito - Auditório Maestro João Victor Costa, sendo que para esta primeira apresentação a sala já se encontra esgota. No entanto, haverá mais seis espetáculos abertos à comunidade em geral, nas seguintes datas e horas: dia 9 (21h00), 10 (18h00), 15 (21h00),16 (21h00) e 17 (18h00). O espetáculo será de entrada livre, sujeita a capacidade da sala (180 lugares) e por ordem de chegada.
O ambiente cenográfico desta proposta teatral a partir de Gil Vicente “pai do teatro português”, consiste em duas barcas que se encontram atracadas num porto imaginário, onde todas as almas chegam, para saberem qual é o seu destino eterno. Assim, numa espécie de porto estão duas barcas: uma comandada pelo diabo com destino ao inferno e outra comandada por um anjo com destino ao céu.
É de realçar que a barca do céu, que estará em cena, foi inspirada nas pequenas embarcações de pesca tradicional utilizadas pelos pescadores de Câmara de Lobos, as chamadas “xavelhas”. Pois nas propostas teatrais da OFITE, sempre que é possível e justificável, os responsáveis pela companhia teatral, têm por bom hábito inserir na cenografia dos projetos artísticos, elementos histórico-culturais alusivos ao município camaralobense.
Assim, as almas, acabadas de morrer, são confrontadas com um de dois caminhos: o caminho do bem, da virtude, da salvação, com destino ao céu, representado por um anjo ou então, o caminho do mal, do vício, da perdição, com destino ao inferno, representado por satanás.
Gil Vicente constrói, assim, uma alegoria com as almas que acabam de deixar o mundo, representativa de certos tipos da sociedade quinhentista portuguesa, mas que é igualmente uma história intemporal, aplicando-se perfeitamente à sociedade do século XXI. As almas, efetivamente, esforçam-se para apresentarem os seus argumentos que as leve à barca do paraíso, mas o anjo e o diabo vão relembrando os seus defeitos e faltas que praticaram na terra. Com esta sátira, o Mestre Gil Vicente faz uma crítica corrosiva e mordaz a vários tipos de pessoas, não poupando ricos, pobres, magistrados, políticos, clérigos. Pelas Barcas passa a representação de todas as camadas da sociedade portuguesa e no final do auto, verifica-se que o Diabo vence o Anjo, pois a sua barca do inferno, leva mais passageiros do que a barca do céu. Porque será?
Uma peça escrita em 1516 que aborda uma temática social desde um ponto de vista satírico, que encaixa-se como uma luva em muitos bons hábitos – e maus hábitos – e costumes da sociedade atual. Há um pouco de cada um de nós, ali, espelhado no auto vicentino.
Atendendo que a OFITE é constituída, atualmente, por 21 elementos, o grupo sentiu a necessidade de criar novas personagens para que todos tivessem um papel de palco a desempenhar, como sempre foi norma nas produções criadas por esta companhia. Assim, às personagens originais da obra vicentina, acrescentou-se as seguintes: uma múmia, uma bêbada, duas beatas, dois chavelhas, um político e um leiteiro.
As interpretações do espetáculo “A Nossa Barca do Inferno” estão a cargo de Delfino Pinto (Diabo), Lara Catarina (Anjo), Victor Afonso (Companheiro), Ana Rita Luís (Fidalgo), Rosalina Fernandes (Sapateiro), Idalina Brito (Onzeneiro), Isaura Pestana (Corregedor), Jéssica Câmara (Procurador), Rosário Pestana (Parvo), Bianca Silva (Múmia), Sérgio Santos (Brízida Vaz e Chavelha), Filomena Abreu (Bêbada), Rodrigo Figueira (Político), Maria Abreu e Fátima Vieira (Beatas) Ricardo Bonifácio (Frade e Chavelha), Eduarda Sousa (Leiteiro), Inês Soares (Judeu) Beatriz Pacheco (Enforcado) e Bianca Silva, Leonilde Nunes, Beatriz Pacheco e Vanessa Câmara (Cavaleiros). Desenho e operação de luz (António Freitas), operação de som (Miguel Abreu), designer (Roberto Ramos), costureira (Fátima Ferreira) followspot (Marco Costa) e produção executiva e comunicação (Rui Pita).
A OFITE, já levou à cena, espetáculos de dramaturgos como: Federico Garcia Lorca, Ésquilo, Vicente Sanches, Molière e performances poéticas a partir de vários poetas lusófonos. Este grupo conta com o apoio do município de Câmara de Lobos, desde a sua formação em 2016 e surgiu com o objetivo de criar e sensibilizar públicos para usufruírem da cultura, nomeadamente, o teatro.
OFITE
1 comentário:
E por falar em sítios "atraentes" e apelativos,e já agora, para os defensores de terapias "alternativas",ie, não científicas, iogas etc, há por exemplo um vídeo no YouTube "cristo o Los gurus :dos caminhos irreconciliables", que traz alguma informação acerca do assunto.
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