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sexta-feira, 29 de novembro de 2019


A "black friday", o "dog-park", o "halloween" e demais estrangeirismos dum Portugal quase milenar...



Donato Macedo


É muito fácil deixar-se levar na corrente da moda e do são porreirismo. Tudo está em uníssono, enfiamos a crítica debaixo do tapete, porque nadar contra a corrente cansa, dá maçada, e faz-nos ficar de fora da grande manada de gnus encantados pelo (vou utilizar mais um estrangeirismo) "mainstream" reinante.
Eu sei à partida, que o (mais um estrangeirismo) "feedback" destas toscas linhas aqui produzidas, não vão de encontro ao que uma grande maioria pensa. Contudo estas modas do fascínio do que vem de fora e regurgitado por uma comunicação social cada vez mais acrítica, não são novas. Ainda para mais neste contexto de "globalização" de forte influência anglo-saxónica, a língua franca inglesa varre tudo e todos.
No século XIX a supremacia da cultura francesa já precedida pelo iluminismo do século XVIII, era como que um sol que nos ofuscava após a era napoleónica e os anseios revolucionários franceses que iam contaminando as consciências. Eça de Queirós chegou a denominar de "Francesismo" num texto que produziu, afirmando em jeito de crítica mordaz, que «Portugal é um país traduzido do francês em vernáculo», embora ele próprio também muito influenciado por esse ambiente, mas simultaneamente pincelando de forma caricatural esse deslumbramento provinciano.
Depois do "Halloween" importado, hoje é dia de saldos a que a febre global do consumismo exacerbado, convencionou chamar se "black friday". Apesar de hoje haver "greve climática" (outra moda de consciência), o mercantilismo consumista leva a que torrentes de gente, compre até aquilo que não precisa, apenas porque há uma pechincha com os bolsos mais recheados do subsídio de Natal.
Ontem o Município do Funchal "inaugurou" num espaço de lazer já existente, um "dog park" - pois claro em inglês - um pequeno jardim relvado onde colocaram umas estruturas para o treinamento e convívio de cães com os seus tutores, no meio duma área residencial de habitação colectiva...Enquanto há matilhas espalhadas pela cidade, sem rei nem roque, a chafurdar em contentores de lixo enquanto cartaz público, sem direito a um galardão para hastear como uma "dog-city" (por exemplo).

(Este texto não foi escrito numa fila de "black-friday")

6 comentários:

Raul Faria disse...

Subscrevo na integra. É lamentável. Como se faltassem termos em português.

Anónimo disse...

Parabéns Donato Macedo! O problema das sociedades modernas é que funciona como o efeito manada, e são bem poucos os que param para pensar e reflectir. São cada vez menos os que põem a massa cinzenta a funcionar, e alguns só têm pasta de banana e pevides de maracujá na "caximonia" como se referia um repórter fotográfico para os pacóvios. É um black brains em cabeças ocas!

Anónimo disse...

Parabéns, grande artigo mas Donato, os vilões presunçosos semi-analfabetos adoram estes estrangeirismos... até existe na Madeira um pequeno sanitário tecnológico e já chamam o lugar de Brava Valley.

Anónimo disse...

Os broquilhas sempre gostaram de aplicar nomes estrangeiros para esconder a sua ignorância de burros.

Anónimo disse...

KISS AND RIDE
SMARTPHONE - telefone inteligente
SMARTWATCH - relógio inteligente
SMARTCITY - cidade inteligente
...ETC...ETC...

caricato é ver estes "estrangeirismos" empregues por BRONCOS

Anónimo disse...

Numa ilha com tanta tradição em receber estrangeiros , vão pegar com expressões estrangeiras, pelo amor de Deus