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sábado, 5 de dezembro de 2020

 

CONTO DE NATAL

 

GIL CANHA                                                                                


 


Um abaixo-assinado de comerciantes e moradores da Rua do Bom Jesus foi entregue na Presidência do Governo Regional contra a instalação de um local de acolhimento dos sem-abrigo no antigo Recolhimento do Bom Jesus.

Não sabemos quem encabeçou esse abaixo-assinado, nem quem manipulou essa gente no sentido de se chegar a tamanha desumanidade e falta de solidariedade para com os nossos cidadãos mais carenciados.

A despiedade contra a pretensão da Igreja em reabilitar esse vetusto edifício histórico do séc. XVII chegou ao ponto de alguns desses cabecilhas do abaixo-assinado inventarem mentiras e outras falsidades sobre o comportamento dos sem-abrigo, na Rua do Frigorífico, onde existe a Sopa do Cardoso.

 Ora, eu fui durante alguns anos administrador do Condomínio do Edifício da Cooperativa Agrícola (que está mesmo em frente) e nunca tivemos problemas de maior com esses desvalidos e desafortunados da vida. Aliás, muitos deles mostram traços psicológicos de gente que sofreu as mais terríveis privações e tormentos, e que só consegue sobreviver graças à solidariedade dessa instituição. E a prova de que os sem-abrigo não causam grande transtorno nessa rua é ver o sucesso e a pujança económica da Ourivesaria do Nélio, de dois cabeleireiros e duma manicure.

Os senhores do abaixo-assinado deveriam temer e recear, por exemplo, era a instalação nessa rua de uma sede de um partido do 'arco do poder'; de um departamento governamental de fiscalização de obras públicas; de um escritório dos Donos Disto Tudo; de uma extensão empresarial do ladrão dos supermercados do Largo dos Varadouros; de um viteleiro para tachistas laranjas e cafofianos; de uma Associação de Assessores do governo e dos grupos parlamentares dos dois maiores partidos da região; de um clube nocturno rosa da 'parasitagem' que deu cabo da empresa municipal Frente-Mar; de um balcão empresarial dos dois jornais ditos independentes, isso sim, eram situações desagradáveis, arrepiantes e altamente lesivas à qualidade de vida dos moradores, à segurança dos transeuntes (teriam que passar na rua com as mãos firmemente agarradas às carteiras) e ao movimento comercial da zona, pois ninguém gosta de viver nem comercializar junto de gente de má-índole ou  de reputação duvidosa.

4 comentários:

Anónimo disse...

sr. articulista, o dr. Machiqueiro que veio de baixo não gosta de ver esses desgraçados na sua rua porque lembra-lhes a infância. meias palavras bastam...

Anónimo disse...

Bem vindo Fênix

Anónimo disse...

O clube noturno rosa fica agora no parque 2000 todos os dias no centro comunitário a noite fazem as festas e os bailes por isso querem retirar as camionetas desse local para que estes estacionem mal e porcamente a frente da porta do mesmo no lugar das camionetas e assim ficam mal estacionadas mas estes estão acima da lei não apanham multas.

Anónimo disse...

Belo artigo e bem enquadrado na época.