OPINIÃO
DIONÍSIO ANDRADE
MÃE NATUREZA
Já me tinha despedido dos meus caros leitores no Fénix
do Atlântico em 2020, e só iria voltar ao contacto com os meus leitores em
2021, mas os graves acontecimentos no dia de Natal, com a destruição de muitas
habitações, carros, cemitério e agricultura nas freguesias, de Ponta Delgada,
Boaventura e São Jorge, a que me ligam laços familiares, fez com que voltasse a
escrever mais este artigo de opinião, ainda este ano.
No dia do nascimento do menino Jesus, que a comunidade católica celebra na região com muita devoção, alegria e entusiasmo, para as populações dos concelhos de São Vicente e Santana foi um dia de tragédia, desespero e angústia. Quem ditou as regras não foi o menino, mas a mãe natureza que é bem tramada, quando se sente violada e desrespeitada. A mãe natureza é que dita as suas regras.
Eu tive a sorte de ser alertado a partir dos 10 anos
de idade, a respeitar a natureza e o meio ambiente, porque os meus pais fizeram
questão que eu me tornasse escuteiro, uma escola de valores humanistas, mas
também pelo respeito pela natureza, bem cedo comecei a visitar as serras da Madeira,
a perceber a sua biodiversidade e a respeitá-la. Fui escuteiro no início dos
anos 70, no seminário da Encarnação, pertencendo à patrulha Leão, talvez umas
das razões por ser sportinguista e maritimista. E durante 6 anos aprendi a
importância da natureza e do ambiente, para a nossa vida e para a nossa
sustentabilidade, mas também para as plantas, árvores e animais. Isto tudo
antes do 25 de Abril de 74.
Quando acontecem estas desgraças, aparecem os nossos
governantes, que nunca foram preparados para respeitar a natureza, a correr aos
locais de destruição, como salvadores da Pátria, a culpar a mãe natureza por
tudo o que correu mal. Tenho de confessar aos meus estimados leitores que me
provoca asco e nojo este tipo de declarações populistas e oportunistas, que
pretendem tirar dividendos políticos no meio das desgraças dos outros.
Estas tragédias acontecem, em parte, porque os
sucessivos governantes não respeitaram a natureza, e estão ao serviço dos
grandes tubarões do betão, vão estrangulando os ribeiros e as linhas de água, e
depois quando chove um pouco mais acontecem estas destruições, que põem em risco
vidas humanas e animais, e a culpa é sempre da chuva.
Desde pequeno que oiço os mais velhos da freguesia
dizerem que a "ribeira vem sempre buscar o que é dela". E ninguém
construía junto às ribeiras porque sabiam que elas eram de grande caudal em dias
de tempestade. Sou do tempo em que os estudantes tinham que ir para o Funchal,
porque o máximo que existia na freguesia e no concelho era a 4ª classe, e a
viagem entre São Jorge e o Funchal demorava 3 horas de camioneta.
E em muitas noites de temporal ficávamos barrados por
quebradas ou galhos de árvores. O remédio era sair do autocarro e tentar
desobstruir a estrada afastando as pedras e os galhos de árvore e continuar o
caminho até ao destino. Mas nunca esta destruição que se verifica nos dias de
hoje.
A COSMOS, à qual presido com muito gosto, mesmo antes
de eu chegar à direção, vem alertando há vários anos para as loucuras que se
fazem ao estrangular as ribeiras e as linhas de água. E qual é a resposta dos
nossos políticos? Os ambientalistas estão contra o progresso e o
desenvolvimento. Mas a mãe natureza vem com a sua opulência e passa um
atestado de incompetência e cretinice a estes políticos que não respeitam a
natureza e o ambiente.
Após o 20 de Fevereiro, assisti à maior fraude do
Governo jardinista, que foi utilizar o dinheiro das ajudas para “remediar” e
“consertar” o curso das linhas de água e fazer obras para inglês ver. Em vez de
retirarem as pessoas de zonas de risco (e havia milhões de euros para isso)
amuralharam os ribeiros com betão, mas continuaram estes a serpentear as casas,
os quintais e outras edificações. Basta ir às zonas altas da cidade do Funchal,
e ver ribeiros estrangulados cheios de betão dum lado e de outro… MAS
ESTRANGULADOS!
Os autarcas também são responsáveis por estas
desgraças, porque muitas vezes, para agradar e ganhar votos, permitem a
construção de habitações em zonas de risco. Mas agora vêm todos prazenteiros
chorar "lágrimas de crocodilo" e dizer que a culpa é da chuva.
Não quero ser catastrofista, mas os estrangulamentos
das ribeiras da Ponta do Sol, Madalena do Mar, Ribeira Brava e Funchal em dias
de grandes enxurradas podem provocar uma onda de destruição muito maior do que
vimos ontem em Ponta Delgada, Boaventura e São Jorge.
No meio desta desgraça, foi bom ouvir uma moradora que
ficou com a casa destruída culpar os senhores Daniel Figueiroa, ex Director
Regional das infraestruturas e recursos hídricos, João Caldeira, antigo
Presidente da Junta de Freguesia de Ponta Delgada, e Jorge Romeira, antigo
Presidente da CM de São Vicente, responsáveis por esta destruição da habitação
dos seus pais. Porque foram alertados há muitos anos para os erros que tinham
cometido ao estrangular o ribeiro. Bem-haja a quem anda de olhos bem abertos!
Um Feliz Ano Novo
15 comentários:
O problema é que os governantes e os autarcas fazem as asneiras e o povo é que sofre as consequências dos seus erros.
Mais obras para a afadesvias
Uns morrem para outros nascerem
Depois destas visitas aos locais de catástrofe, sai uma espetada bem regada para os senhores do governo e autarquia
Os desgraçados que apanharam com a rocha e entulho nas arcas, esses estão bem F.....fritos
Cuidem-se, pois milhões vão aparecer, mas a viloada nem vê a cor de um euro
Os gajos das construtoras já estão a salivar...é sempre a abrir e até se aperta mais os riachos para continuar a m***ar
Não há um governante ou um autarca que vá ao lugar da tragádia e peça desculpa por terem feito obras à louca, e tenham estragulado ribeiros. E dizer que vão tentar alargar o que foi estrangulado. O problema é que as populações que são castigadas por estas tragédias votam sempre nos mesmos que são os causadores do desordenamento do território.
A viloada que vota neles deve sofrer ainda mais amigo Dionísio, porque são eles que alimentam esses gajos. Bom ano do teu amigo da radio.
Apenas porque é o último post.
Vão à mesa que estipulou estas regras para ver o fogo... não inventem, destribuam o fogo por todo a Ilha.
Eu vivo na Boaventura, as coisas estão a normalizar mas, foi difícil.l e que bom seria não ter de ir para o Funchal e ficar numa bolha de alcatifa!!
Realmente a via expresso dos lameiros e das Lombadas ficou mal feita. Por causa dela é que os deslizamentos ocorreram. Haja paciência para aturar maldizentes frustrados!
Há quem queira confundir alhos com bugalhos. É o papel dos lambe-botas, para não dizer um palavrão que também começa por lambe qualquer coisa.
Estes tipos do PSD têm uma lata dos diabos. Os gajos governam a região desde sempre. Têm tido elementos seus nas Câmaras Municipais onde se tem violado o ordenamento do território. Têm estragulados os ribeiros e as linhas de água.Têm permitido construções em lugares de risco. São os causadores desta tragádia. E depois vão para Ponta Delgada se solidarizar com as populações que sofreram estas desgraças. No chão da ribeira há o panelo. Em Ponta Delgada não há o ensopado do Canelo? Só mesmo de Canelo!
O texto e os comentários, só são feitos por alguém que não tem conhecimento rigorosamente nenhum do que se passou. Pura ignorância mais grave ainda da parte do Dionísio, como jornalista deve ser isento e rigoroso, as suas tendências políticas são mais do que evidentes.
Há gajos ou gajas que não dormem só a pensar nos textos do Dionísio. O gajo que deveria fiscalizar as violações e os roubos das ribeiras era pago pelo Avelino Farinha para fazer ralis e fechar os olhos a todo o tipo de violações. Só mesmo numa terra de matarruanos.
Eu não sei se muitos dos comentadores sabem porque há vários sítios na Madeira chamados Lameiros.
Ao comentador das 3 da manhã, deve desconhecer as leis e os códigos que regulam os jornalistas.
Se fosse uma notícia, o srº jornalista tinha que ser isento e rigoroso. Mas como é um artigo de opinião, os jornalistas são livres de escrever o que bem entendem. Como determina o nº 1 do código deontológico dos jornalistas. " A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público".
Temos cada vez menos jornalistas com sentido crítico, porque a maioria são empregados dos Sousas ou do Farinha, era o que faltava restringir os poucos que ainda têm coragem de dar a cara e assinar os seus artigos. O srº jornalista poderia escrever de forma clandestina, mas não o faz. Dá a cara! Bem haja os jornalistas que assinam a sua opinião.
Caro Dionísio
Dá-lhe no sarril até que a mão te doa. A Pedra, os calheteiros levam para a Serra D`Agua, a terra vai para os ribeiros, porque o frete sai mais barato
Realmente os fiscais dos ribeiros até carro têm, mas vão se chatear, quando os chefes andam nos ralis com carros bombas publicitando as Empresas dos tubarões do betão?
Sabem quem paga o almoço de Natal aos ditos funcionários do campo da barca?
É o vilão do betão e do alcatrão.
Na Ponta delgada se a população tivesse uma jangada â porta ou um semi-rígido iam à boleia para o cemitério
Parabéns Dionísio, grande artigo.
Enviar um comentário