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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

 

OPINIÃO



ANTÓNIO JORGE PINTO                                                                              






                     OS PALPITEIROS…


 



Anteontem. Antes deste estrondo repentino a lembrar a finitude, tudo parecia estar no domínio avassalador de uma nova classe que emergiu com as redes sociais. Refiro-me aos palpiteiros.

Têm palpites para tudo! Palpitam sobre todas as coisas da terra e divinas. Da religião à literatura, da cultura ao jornalismo, do ambiente à economia, da política ao desporto. Cultivam o individualismo e a ignomínia, mas postam prosas idílicas sobre liberdade, fraternidade e solidariedade.

São avessos à competência. Invejam o sucesso alcançado com mérito e trabalho. Pela qualidade da prosa com que rabiscam comentários raivosos e indecorosos, fica-se a saber que na mediocridade estão como “peixe na água”.

São especialistas da coscuvilhice, da intriga, da ofensa, do maldizer. Mas, valha-nos Deus!, elevam-se à condição de “provedores” das opiniões alheias. Gostam de aparentar que estão ungidos de um dom maior, supremo, e de um grau de intelectualidade superior. Mas, sem grande esforço, percebe-se que não há leitura nem pensamento.

Se alguém esperaria que este brutal sinal de finitude os fizesse descer à condição de borra da sociedade, enganou-se. Depois de a fragilidade humana se ter revelado como nunca ninguém imaginou com a cruz Covid-19, os palpiteiros transformaram-se especialistas em pandemias. Eles são epidemiologistas e virologistas.

Há quem não aprenda nunca. Nem mesmo quando é confrontado com a sua própria finitude!


Nota: Luís Calisto, folgo muito com o teu regresso ao ativo. Sabes que fazes falta, pela tua qualidade profissional e humana. Sei do que falo porque, durante muitos anos, as nossas lides profissionais cimentaram uma amizade que faço questão de a partilhar na “tua” Fénix. Aqui e agora. Um forte abraço!

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