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terça-feira, 15 de dezembro de 2020


OPINIÃO




CARLOS JARDIM                                                                                  






E SE A MOBILIDADE CONDICIONADA 

ESTÁ PARA FICAR?


Nunca o Mundo tinha parado como parou.

Um vírus repentino paralisou todo o Mundo, mostrando-nos a nossa fragilidade. Todos nós conhecemos já as consequências desta pandemia. Com maior ou menor intensidade, fomos todos atingidos por ela. Os seus estilhaços atingiram a nossa vida de um modo absolutamente avassalador.

Compreendemos bem que existirá um Mundo antes e depois de 2020. Mas o desafio é compreender que Mundo teremos no Pós-2020.

Que combinações geopolíticas teremos? Que atividades económicas irão singrar? Que atividades económicas vão desaparecer? Como se organizará a nossa sociedade?

Economicamente falando, um dos aspetos mais impactantes na nossa região foi a limitação à circulação. O facto de navios de cruzeiro estarem atracados, os aviões no chão e as reduções levadas a cabo em todos os meios de transporte, contribuíram para uma redução drástica da quantidade de turistas na nossa Região.

Novamente, compreendemos bem as explicações para as reduções no turismo e sentimo-las na pele.

Compreendemos que este é um momento passageiro e que, depois disto tudo, a vida retomará o seu curso normal e teremos as quantidades de turismo a que estamos habituados.

Mas, será que é mesmo assim?

E se a Mobilidade Condicionada estiver para ficar?

Parece-nos natural que, após o que aconteceu, a indústria dos transportes (aviação, cruzeiros, comboios) se adaptem a novas condições de higiene e segurança, à semelhança do que aconteceu no 11 de Setembro. Com certeza as normas de higiene serão mais apertadas e nascerão novos condicionalismos às viagens. Não acredito que teremos o renascimento das quarentenas em viagens, mas partiremos para outras inovações que visam os mesmos efeitos – redução da transmissão de doenças.

Por outro lado, este período de redução da mobilidade, trouxe inovações ao nível do contacto remoto. Começamos a usar massivamente os meios digitais para reuniões à distância, esbatendo distâncias e aumentando eficiência em inúmeras situações. Este será um fenómeno que está para ficar.

Outro fator essencial tem a ver com recuperação económica. Também os nossos mercados emissores de turismo sofreram e sofrem as agruras económicas (e não só) da Pandemia. Certamente levará a uma redução de emissão de turismo por parte destes mercados.

Ainda a ver com as razões económicas, também a retoma inspira alguns cuidados a ter. A vontade de atrair turismo levará ao aparecimento de promoções e ações de campanha em muitos destinos, sôfregos de turismo. Estas promoções serão, potencialmente, além do razoável, esmagando margens e afetando a competitividade do nosso destino.

Ora, a questão fulcral que se coloca é:

Que medidas estão a ser tomadas para fazer face a esta nova realidade?

Todos desejamos que esta seja uma crise passageira e que desapareça depressa.

Mas a realidade é que os seus efeitos far-se-ão sentir por muitos anos. E por muitos mais, nas regiões que não se prevenirem contra os efeitos pós-crise.

3 comentários:

Anónimo disse...

Carlos, basta viajares hoje, para veres que alterações as companhias aéres fizeram. Zero! Não podes assistir a um jogo de futebol, ao ar livre, mas podes estar encafuado num avião cheio, sem distanciamento obrigatório em espaços mais amplos, como cinemas ou igrejas, de ombros encostados a um estranho, a partilhar o mesmo apoio dos braços da cadeira.

Manuela_a_Lusa disse...

Parece que, por enquanto não há nada a declarar e as suas perguntas continuam sem respostas.

Anónimo disse...

Olhando para a história e verificando o evoluir das sociedades após acontecimentos semelhantes, acho que tudo continuará e voltará ao normal após a imunização da humanidade.
Após a Segunda Guerra nasceu a esperança. 50 anos depois já se faziam limpezas étnicas e genocidios na própria Europa. O que me leva a ter muita pouca esperança no altruísmo generalizado no ser humano.