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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

 

CRÓNICA



JUVENAL XAVIER                                                                               






CORRUPÇÃO NO FUTEBOL 

TEM 115 ANOS

 


A corrupção (omnipresente, senhora de si e do seu nariz adunco, da sua malha e das suas cavidades) serve-se à vontade, sem etiqueta, da autoridade do futebol para traficar o mundo e os submundos dos grandes negócios raramente transparentes.

O insuspeito senhor X de colarinhos brancos denota, passageiramente, “um estado desordenado e patológico da consciência” quando se perde, fatalmente, entre os encantos políticos do futebol e os interesses futebolísticos da política.

A corrupção, enquanto estranho exercício de sedução, representa “um fenómeno de involução”. Filosoficamente, explica-se pela “alteração do estado físico ou moral”. Afinal, sinal de regressão com conotações óbvias.

Em 1900, a Football Association criou uma lei que limitava a quatro libras os salários semanais dos jogadores de futebol de Inglaterra. Entretanto, 1885 tinha sido o ano da admissão do profissionalismo.

O primeiro escândalo, ao que consta, remonta a 1905.

William Meredith (capitão do Manchester City e extremo-direito da seleção do País de Gales) é suspenso por uma época por tentar subornar, com dez libras esterlinas, o capitão do Aston Villa. Na altura, os salários médios no futebol inglês andavam à volta das quatro libras. Meredith, “príncipe dos pontas”, reagiu assim –“os clubes não são castigados por infringirem a lei. São punidos por serem apanhados”.

Em 1965, no caso mais sensacional de viciação de resultados no futebol inglês, 10 profissionais da Liga foram considerados culpados por um tribunal de Nottingham.

Jimmy Gauld (que jogou no Charlton, Everton, Plymouth, Swindon e Mansfield) foi condenado a quatro anos de prisão. Penas mais leves para Peter Swan e David Layne do Sheffield Wednesday, e para Tony Kay do Everton. No ano seguinte, Swan, Layne e Kay são banidos do futebol. A pena, no entanto, é levantada, em 1972.

Daí para cá (115 anos depois) sucedem-se casos e suspeitas que enchiam páginas inteiras. Em 1974, a Juventus é acusada de utilizar o intermediário Deszo Solti para subornar o árbitro português Francisco Lobo, no jogo contra o Derby, na meia-final da Taça dos Campeões Europeus em 1973.

Corrupção – uma batalha perdida?

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