PENSAR ALTO
JUVENAL XAVIER
De futebol, de bola, sabe toda a gente. De amor, só os poetas.
“Ama-se
quem se ama e não quem se quer amar” – escreveu Florbela Espanca. No entanto, a
autora de “Charneca em Flor” (a sua obra-prima) partiu os corações ao afirmar
que “quem disser que se pode amar alguém, durante a vida inteira, é porque
mente”.
Como no futebol, haverá também estratégia e tática no jogo do amor? Um simples olhar pode ser fatal como um venenoso contra-ataque? Ou como um fora de jogo com um rabo enorme que só não viu quem não acreditava no que via?
“O
amor”, segundo Milan Kundera, “é a ânsia pela metade de nós que perdemos”. Já,
para Flaubert “o amor é como a ópera: aborrece-nos, mas volta-se lá”. Por amor
e paixão à equipa do coração para toda a vida, volta-se, eternamente, ao
estádio onde se ganha e se perde. “O amor”, diz Miguel Unamuno, “é filho da
ilusão e pai da desilusão”. Será, afinal, como perder, amargamente, uma final
depois da hora? Admitindo “que o amor não seja imortal, posto que é chama, Vinicius
de Moraes deseja “que seja infinito enquanto dure”. Marguerite Duras pergunta: Donde
pode nascer o amor? Associada ao novo romance e ao existencialismo, a autora de
“O Amante” (1984) responde que “talvez de uma súbita falha do universo; talvez
de um erro; nunca de um ato de vontade”. “Ama o impossível”, aconselha Vergílio
Ferreira, “porque é o único que te não pode dececionar”. No meio de tudo isto,
Woody Allen admite que “talvez os poetas tenham razão” porque, na opinião deste
tesouro do cinema (para o crítico da
sétima arte Roger Ebert) “talvez o amor seja a única resposta”.
O coração do futebol nunca é o coração do amor!
3 comentários:
É bom continuar a ter acesso a Jornalistas (Ex. DN, JM E RPDM)fora do ativo mas ainda e bem, activos.
É bom ler Português e parabéns ao dom da escrita e ao Jornalismo, também no outro blogue, madeira. (madeiraponto.com/blog)
E que bom deverá ser escrever sem o lápis azul hierárquico.
O problema, ou não, é que isto começa como um hobby, cresce e compromete. Um bem haja!
Artigos com substancia é aqui neste blogue, no DN e no JM a maioria é farelo para encher papel. Jornais onde escreve opinião cão e gato não são jornais, SAO PASQUINS!
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