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terça-feira, 31 de agosto de 2021

 

POMAR TROPICAL NO PAUL DO MAR


Na freguesia do Paul do Mar, no litoral sudoeste da Ilha da Madeira, existe um pomar com mais de duzentas variedades de fruteiras tropicais, muitas delas já em plena produção. Não se trata dum campo experimental do governo regional, nem duma aposta dum agricultor pauleiro. Por estranho que pareça, o responsável pela plantação e manutenção da enorme variedade de árvores, arbustos, trepadeiras e herbáceas indígenas das regiões tropicais de África, América, Ásia e Oceânia é o Dr. João Gomes, médico oftalmologista com consultório e residência no Funchal.

Na semana passada, ao percorrer calmamente o pomar na companhia do seu criador, saltou do subconsciente uma frase que tinha lido algures: “quem só sabe de medicina não pode ser médico”.

Há 12 anos o médico apaixonado por fruteiras tropicais começou, com a colaboração da família, a fazer as primeiras sementeiras numa estufa na freguesia do Monte, na zona alta do Funchal. Seguiu-se a transferência das mudas para um pequeno terreno no Paul do Mar com o objectivo de aclimatá-las.

Concomitantemente, no sítio da Quebrada, num terreno de 3.000 m2 eram construídos os poios para a casa definitiva das plantas tropicais, que começaram a ser plantadas há 7 anos.

Graças ao úbere solo vulcânico, à radiação solar associada à irradiação de calor da arriba, à água da levada que corre na extremidade superior da propriedade e ao trabalho persistente do Dr. João Gomes e dum pequeno grupo de amigos, a maioria das novas residentes revelou uma adaptação que ultrapassou as melhores expectativas.

Os cajueiros estão carregados de frutos, há ananases maduros, as graviolas começam a frutificar, a fruta-do-conde está florida, o araticum-do-brejo brevemente terá frutos maduros, a chanel 5 e a bilimbi têm cachos de frutos, a caramboleira ostenta flores cor-de-rosa, a fruta-manteiga-de-amendoim e a ameixa-de-natal estão maduras e podem ser degustadas, as uvas-da-praia estarão boas para comer em dezembro, a ziricota-do-iucatão presenteia-nos com vistosas flores vermelho-alaranjadas e alguns frutos em crescimento, o açafrão-da-terra e o gengibre-vermelho estão floridos, os palmitos-juçara já começaram a florir e com os seus frutos será possível produzir açaí-de-juçara ou juçaí, as cerejas-gametá são muitas e estão a pintar, as pitaias vermelhas e alaranjadas são bem gostosas, ainda é possível apreciar as belas flores da aceroleira e já podem ser apreciadas as cerejas-das-antilhas, a árvore-do-caril e o castanheiro-do-maranhão têm frutos quase maduros, a árvore-das-velas está florida e deverá apresentar a sua colecção antes do Natal, na sebe de ora-pro-nóbis abundam os frutos maduros, a pimenta-da-jamaica está florida, no jamelão os frutos estão a vingar bem, a fruta da seriguela está em franco crescimento, os jambos-rosa estão maduros e são refrescantes nestes dias de canícula.

Desde Novembro do ano passado, no pomar tropical começou a funcionar uma pequena exploração denominada MEU PÉ DE CACAU, uma clara referência aos cacaueiros que tão bem se aclimaram no Paul do Mar. Neste momento podemos apreciar as flores, frutos verdes e frutos maduros de cujas sementes se extrai o cacau.

Nos próximos dias irei mostrar algumas fruteiras e plantas ornamentais, que prosperam neste recanto da Madeira graças a um homem que transformou a sua utopia numa realidade. Hoje o destaque vai todo para o CACAUEIRO.


                             

Nome científico: Theobroma cacao L.

Nome vulgar: Cacaueiro (Cacao Tree)

Família: Malvaceae

Porte: Árvore

Origem: Amazónia






2021

Raimundo Quintal

2 comentários:

Anónimo disse...

Não há como pôr mãos à obra, discretamente.
Conversa, fica para os conversadores.

Anónimo disse...

Espectacular! Quase metade desses frutos já provei no Brasil. É fantástico como para além dos mais conhecidos e produzidos na Madeira há muito (pitangas, mangos, papaias, maracujás, anonas, abacates, araçás, goiabas) todos esses tão bem se aclimatem. Dos seis coqueiros que trouxe da Martinica, só um sobrevive mas é mais falta de jeito do "jardineiro" do que da robustez das plantas ou da ingratidão do nosso clima! Quem bom seria se um dia esse jardim/pomar/floresta pudesse ser de visita pública (obviamente paga e vigiada). Parabéns! Luís Oliveira