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quinta-feira, 29 de novembro de 2012




 


AO NOSSO MAJOR GENERAL TIAGO VASCONCELOS



 
 
 
 
Oh nosso!
 
Digo 'nosso' e não 'meu' porque a antiguidade é um posto e, ainda mais pelo papel que o camarada vem de representar agora, cada vez me convenço mais de que um alferes de 1975 deve ser considerado hierarquicamente superior a um qualquer major general dos dias que correm.


Além de fazer política pró-regime, o nosso tropa obrigou a horas extras os secretários regionais, depois de um estafante dia a entregar diplomas e a marcar na agenda mais entregas de diplomas. Até o Machadinho, que hoje se evita mais do Jam e da tasquinha de Santo António, apanhou com o frete. (Foto do nosso ex-JM)

Nem de propósito, foi o nosso major general 'bater-se' ao rancho das Angústias, 'centro de dia' frequentado por um ex-miliciano que nem na ordem unida mostrava queda militar e que propagandeava nada gostar de 'tropas lateiros'. Além, claro está, de nos anos 70 ofender quem libertara Portugal no '25' dizendo que os militares haviam ganho tiques efeminados.
 
Que o camarada de armas fosse às Angústias 'morfar', nada de especial. O primeiro-ministro veio há dias à Madeira dizer que o desgoverno da tabanca está a cumprir o acordo troikiano (bem pior do que draconiano) quando afinal também almoçou com chefe da tribo ajudando a engordar os défices regionais.
O problema foi o nosso major general ir para lá fazer política, gabando a "obra feita" na Madeira pelo anfitrião Jardim. O camarada entendeu agradecer a não-agressão do truculento guerrilheiro verbal das ilhas durante a sua comissão por cá e então sairam-lhe elogios em rajada, seguindo a lógica da evolução do sistema político-económico na tabanca - opinião sua.
No tempo em que cá esteve, o nosso general arranjou vagar para registar o "surto desenvolvimentista (aprendeu a expressão) não apenas económico, mas também cultural, político e cívico" com méritos evidentemente para o sua excelência das Angústias. Mas não lhe deu na vista o estado real da população, oprimida quanto a democracias, desgraçada, desempregada, esfomeada, emigrada, desalentada, desmoralizada - que é isso que existe hoje. Devia ter saído mais do Palácio de São Lourenço.
 
Tratava-se de um discurso de cortesia, onde soam mal as críticas. Mas então falava do Marítimo e do Ronaldo, para não arriscar as picadas do mato com minas anti-demagogia. O camarada sabia estar a fazer política pró-Jardim mas não se acanhou.
Ou por outra: o camarada falou com isenção e justiça. O comandante Robles é que fazia política, porque não agradava nem ligava um só bocadinho ao rei da tabanca.
 
Ainda bem, deixe que lhe diga, que uma peça desse calibre já tem guia-de-marcha para destroçar e andar. Mais uns dias cá pelo burgo e o 'nosso' ainda levava com uma rapa de cabelo e um fim-de-semana 'à Benfica' por cima, se dependesse de nós. 
Apanhe boleia do C-130 e quando chegar à capital do reino trate de arranjar um jantar com Cavaco, Jaime Gama e outros apreciadores do espírito democrático do 'Meio Chefe' Jardim.
 
No fim de contas, o nosso major general também deixa "obra feita" na tabanca. Garbo militar é que não mostrou nenhum.
 

6 comentários:

jorge figueira disse...

Dei conta dos elogios. Penso, porém, que não devemos ser demasiado rigorosos no juízo que formularmos. Sabe Calisto, dois anos era o tempo de uma comissão em África não dava para conhecer-se em pormenor o terreno. Ainda ontem vi o ten. cor. Correia de Campos, em Guidaje em 1973, (em assado bem duro) quando eu o conhecera em 1969 nas redondezas, em Bigene.Já haviam passado quatro anos bem sofridos. Aqueles quatro anos devem ter-lhe trazido muito conhecimento! Tem de concordar que os trinta que nós levamos disto nos dão outro "traquejo" que o Sr. major general não tem.
Apoio-o, totalmente, num aspecto. Nestes tempos de capitalização de conhecimentos, em que o cidadão Miguel Relvas bateu a porta da Faculdade dizendo: dá licença? A resposta, célere, foi: está licenciado! não pode ser "coisa" só dele. A regra tem de ser de aplicação universal a todos os cidadãos. Assim, trinta e oito anos de dedicação, a muito mais que simples Casas do Povo,devem garantir a Jaime Ernesto Nunes Vieira Ramos o título de Prof. Dr. (na peugada daquilo que foi reivindicado para si próprio pelo DOUTOR)e aos alf. mil.e cap. mil., combatentes há quarenta anos, pensão de reforma correspondente ao posto em acumulação com a da sua vida profissional. Assim é que devia ser. Portugueses com direito e deveres iguais. Não me diga que discorda?

Luís Calisto disse...

Também vi o programa sobre a Guiné.
No teatro de guerra, como o Doutor sabe melhor do que eu (fiquei por estes lados, na peluda), era preciso ter o chefe da tabanca na mão. Mas isso não era política, era táctica militar.
Aqui, o major general Tiago receia bombardeamentos ao quartel, pela boca do soba local. Daí o ensaio político para evitar a exumação do machado de guerra.
Mas o homem até vai embora!
Bom: se os militares devem regressar aos quartéis, que vão e fiquem por lá. Evitam-se chatices.
Ainda tenho uma vaga noção do que diziam as NEPs...

jorge figueira disse...

Rendo-me...em verdade vos digo o homem talvez tenha sido demasiado elogioso. O garboso anfitrião é, porém,bem mais digno de crítica

Vico D´Aubignac (O Garajau) disse...

Muito bem!! Muito bom!
Já deixamos mensagem ao Sr Comandante Robles para ler este seu artigo devastador.
Cumprimentos.

RR disse...

Agradeço a boa memória.
Contudo, para além dos dois protagonistas aqui referidos, ouso salientar os grandes combatentes desta triste saga jardinista, então referidos na minha Carta Aberta ao DR Jardim:
- "(...)contudo, curvo-me respeitosamente, isso sim, perante aqueles que, vivendo o quotidiano nessa região, ousam fazer da sua verticalidade um hino à coragem e à esperança de virem a usufruir a autonomia na sua verdadeira plenitude".
Cordial abraço
Roberto Robles

Luís Calisto disse...

Caro Comandante
A memória da sua estada entre nós está fresca, por motivos que todos sabemos.
Obrigado pelo ânimo que a sua mensagem transmite aos madeirenses que por vezes perdem a esperança na caminhada para a dignidade.

Um abraço forte
Luís Calisto