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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Cultura, Culturas



ESPECIALIS​TAS EM HIDRÁULICA


Vertente ocidental da ribeira de João Gomes.


Sempre que uma pessoa, no exercício dos seus direitos de cidadania, critica ou tão só questiona alguma medida do governo regional lesiva do ambiente, logo surgem os desmentidos oficiais e os epítetos depreciativos com o objetivo de desencorajar a massa crítica e de manter a sociedade anestesiada.
Na Madeira sempre que alguma catástrofe acontece, a culpa é da orografia difícil, da geologia complicada, das alterações climáticas e das obras da “Madeira Velha”. Desde que o domador da natureza tomou conta do poder, há mais de três dezenas de anos, todas as obras foram bem feitas e são fundamentais para minimizar os males provocados pelas águas revoltas ou pela fúria do fogo.
Na Madeira, como em qualquer parte da Terra, o que se exige aos detentores do poder político é que impeçam as intervenções no território que agravam os efeitos das catástrofes naturais.
A observação no terreno das intervenções nos canais de escoamento das três ribeiras que desaguam na baía do Funchal, levam-me a concluir que infelizmente muito pouco se aprendeu com o passado. E pior ainda é ouvir e ler a opinião do diretor regional de Infraestruturas e Equipamentos, que deveria ser responsável pela boa gestão das bacias hidrográficas. Na edição de hoje (11.11.12) do Diário de Notícias tentou desvalorizar as críticas com uma explicação digna duma tese de doutoramento em hidráulica:
“Se retiram o excesso de material, dizem que estão a colocar em risco a segurança. Se não fazem, também. As mesmas denúncias não têm em conta que as margens das ribeiras são sujeitas à erosão, ao vento, à chuva e que o aluimento de terras nem sempre se deve à ação humana”.
Sem querer entrar em polémica com aquele especialista em hidráulica, tomei a liberdade de vos mostrar meia dúzia de fotografias da margem ocidental da Ribeira de João Gomes.
No topo da vertente é visível a embocadura dum túnel com um diâmetro de cerca de 2 metros. Esse túnel foi aberto após a catástrofe de 20 de Fevereiro, entre a Quinta dos Reis e a Ribeira de João Gomes, com o objetivo de descarregar o caudal do Ribeiro da Pena, que naquele dia trágico matou 6 pessoas. Trata-se duma opção correta, que em muito reduzirá os riscos das cheias na área das ruas Luso Brasileira e Pedro José de Ornelas.
Com as chuvas deste Outono a nova cascata começou a destruir o coberto vegetal e a incrementar a erosão, como é bem visível nas fotografias. Mas o que é verdadeiramente notável é a dimensão do tubo (80 cm?) colocado cá em baixo para dar passagem às mesmas águas mais os materiais arrancados à vertente. Tudo isto integrado no caminho por onde continuam a circular os camiões com blocos de basalto para a baía.
Não é necessário ser especialista em hidráulica para saber que esta e todas as outras bacias hidrográficas não são corpos estáticos e que ocorrem alterações naturais nas margens. Mas, o que tenho dúvida é se algum especialista em hidráulica, não dependente do governo regional e no seu perfeito juízo, avaliza a intervenção na margem ocidental da Ribeira de João Gomes no período com maior probabilidade de ocorrência de chuvas fortes e cheias repentinas.
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal
Vertente ocidental da ribeira de João Gomes.

Vertente ocidental da ribeira de João Gomes.

Vertente ocidental da ribeira de João Gomes.

Vertente ocidental da ribeira de João Gomes.

Vertente ocidental da ribeira de João Gomes.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pelo que eu ouvi, o Papadas presidente de meio PPD vai convocar congresso extraordinario em Fevereiro para alteração de estatutos. Quer acabar com as directas.