JARDIM NÃO QUER ALBUQUERQUE
A INTERVIR NA FESTA DO PPD
Há barões a tentar demover o chefe, para evitar que a substituição do presidente da Câmara pelo candidato Bruno Pereira pareça nova retaliação. |
O líder do PPD tem fisgada a ideia de deixar Miguel Albuquerque fora do programa de intervenções na festa do partido, em 28 de Julho.
Isto se os membros da comissão política mais perto de Jardim na pretérita reunião ouviram bem os comentários do chefe a propósito daquilo que pretende ver na Herdade Chão da Lagoa.
Os discursos são para candidatos e não para presidentes que estão de saída. Foi o que alguns comissários ouviram da boca do chefe.
Ou seja: fala Bruno Pereira, cala-se Miguel Albuquerque.
A predisposição presidencial não transpirou para o falatório público, mas, no já de si escaldante ambiente no laranjal, perpassa mais esse motivo de descontentamento, a juntar a tantos outros.
Alguns daqueles que nas anteriores eleições internas apoiaram Jardim entendem que, apesar de a festa de Verão se realizar a caminho das eleições autárquicas, o que confere algum sentido à ideia, esta cairá muito mal na opinião pública. Não só entre os eleitores social-democratas, mas também nos outros. Há quem se proponha, de resto, demover o chefe da comissão política.
Discutível. Num ambiente partidário normal, ninguém contestaria que falasse Bruno Pereira, para bom uso eleitoral do palco. Só que o comportamento anti-desportivo do grande chefe desde que Albuquerque se assumiu como pretendente à liderança conseguiu dar legitimidade a todas as interpretações. É assim que uma medida de interesse partidário pode ser lida como perseguição a Miguel Albuquerque. Um trunfo cedido grátis por Jardim ao presidente da Câmara.
Vejamos um pormenor interessante: o patrão da festa na serra, Jaime Ramos, com mais sentido prático do que o homem das Angústias, decidiu não levantar obstáculos à venda na Herdade Chão da Lagoa das bebidas a fornecer pela Empresa de Cervejas da Madeira, de que é administrador o seu actual adversário interno Miguel de Sousa. Oferecer argumentos para vitimização? Nem pensar.
Jaime sabe muito.
Os Miguéis não faltarão ao conclave de segunda-feira
Julgava-se que acabariam por faltar. Para demarcar terreno. Mas não. Miguel de Sousa e Miguel Albuquerque vão a jogo.
Da sua parte, e apesar de conhecer os propósitos do seu rival superior, Albuquerque não dá o flanco e comparecerá na mesa redonda da próxima segunda-feira que, sob a égide de Jaime Filipe Ramos e iniciativa de Jardim, debaterá o futuro do seu partido na Região.
O mesmo acontecerá com Miguel de Sousa, mau grado as posições antagónicas no grupo parlamentar entre o vice da Assembleia e Jaime Filipe, no conhecido contexto explosivo em que vive a bancada social-democrata.
A presença de um e de outro faz também sentido.
Miguel Albuquerque não se poderia decidir pela ausência. Como candidato assumido à liderança, só pode estar presente quando é convidado a discutir o futuro do partido que quer liderar. Compete-lhe progredir, sem se queimar, no campo partidário que Jardim minou precisamente para o fazer cair na tentação de reagir mal e perder a razão. Provocações como as declarações públicas do chefe do governo e a exclusão do leque de oradores para a festa do partido não o têm feito, até agora, 'borrar a pintura'.
É ingrato para Jardim, mas: o que Miguel, enquanto candidato à liderança, deve fazer na situação a que o PPD chegou é... não fazer nada. É quanto lhe basta.
À espera da postura de Miguel de Sousa na mesa redonda
Quanto a Miguel de Sousa, compete-lhe igualmente debater o futuro do partido, até porque nunca se demitiu do seu papel de delfim. No entanto, não deverá ser nesta reunião de notáveis, segunda-feira, que o antigo vice do governo, ora em litígio insanável com Jaime Ramos, provocará a discussão do porquê de a Madeira e do PSD-M haverem chegado à difícil situação actual, identificação dos culpados e caminhos para as soluções.
Miguel de Sousa, como publicámos em peça anterior, anunciou essa ideia para mais tarde. Acrescentando que há-de aparecer palco para levar a cabo essa diligência.
Estaremos atentos, porém, à prestação do descontente dirigente laranja nesta jornada que abre a nova semana.
O que está por detrás da promoção de Jaime Filipe
O contexto dificulta uma missão que poderia ser simples. |
Jaime Filipe Ramos foi incumbido por Jardim de engendrar um plano de reflexão a respeito do futuro do PPD-Madeira. Não falta quem veja nesta missão uma saída encontrada pelo chefe para resolver um suposto problema que tem entre mãos: passagem à reserva do seu histórico braço direito e maquinista do partido, Jaime Ramos-pai. Assim: promove-se Jaime Filipe, afasta-se Jaime Ramos.
Os que se inclinam para essa hipótese estão a recuperar situações anterior do género, olhando ao que se passou em casos envolvendo figuras como João Cunha e Silva e Bazenga Marques.
Não acompanhamos essa leitura da situação. Jardim não quer perder um só apoiante quando sabe que precisará desesperadamente dos poucos que lhe restam em Dezembro de 2014, quando voltar a enfrentar Miguel Albuquerque nas eleições internas. E ao nível de partido, Jaime Ramos é sempre Jaime Ramos.
Jardim não concorre em 2014? Ah ah!
...E as críticas ao organizador
Jaime Filipe Ramos contará, pois, com a presença de todos aqueles a quem desafiou para o debate sobre o futuro do partido. Sabemos que João Cunha e Silva também lá estará na segunda-feira, no fórum da Fundação, salvo erro.
Todos comparecem. O que não quer dizer que não se estejam a transmitir notas discordantes pela 'rádio carpete' do partido. Jaime Filipe tem sido criticado pelas escolhas para o debate, por exemplo. Pegou em antigos militantes do PPD que saíram da Rua dos Netos para fundar outras formações políticas inimigas da maioria laranja e convidou-os agora para discutir o futuro... do partido que abandonaram e combateram.
De quem estão esses críticos a falar?
O Prof. António de Freitas Aragão, antigo activista social-democrata e fundador do PDA, foi um desses convidados a merecer referência negativa.
Até ouvimos censurar Jaime Filipe por ter metido na lista de participantes o nome de Emanuel Rodrigues, que desde há décadas pensa às avessas do partido e recentemente foi mandatário de Miguel Albuquerque nas internas..
Outro ataque: Jaime Filipe estaria utilizando a sua missão para mostrar serviço ao nível da sucessão. Ou seja, teria posto a circular que, sentando potenciais sucessores à mesa redonda, ganharia auréola de aglutinador de ambições em favor da unidade no partido.
Ora, o próprio Jaime Filipe sabe que, se tentasse o papel de protagonista de um encontro de delfins para fazer escolhas na sucessão, quase nenhum dos tradicionais delfins responderia à chamada.
Persiste ainda outro cabo solto nesta saga dos debates sobre o futuro: a que propósito, perguntam peças conhecidas do PPD, com alguns deputados pelo meio - a que propósito é que, em pleno conflito entre Jaime Ramos e Miguel de Sousa, Jardim vai encarregar de uma missão importante o filho de um dos contendores?
Para indiciar a sua posição no diferendo a favor de Jaime Ramos?
Para, como dissemos acima, promover Jaime Filipe e marginalizar o pai?
Primeira campanha sem comícios não é boa ideia...
Quem é que haverá... quem é que ainda acha... que é o PSD... que põe a Madeira em marcha? |
Uma coisa é certa: chefe Jardim pretende fazer render o processo de pensar o futuro do PPD. Por alguma razão, disse a Jaime Filipe Ramos que fosse trabalhando como entendesse e que só lhe falasse de conclusões para o ano.
Porquê? Cada qual que puxe pela cabeça.
Não vemos que se trate de entreter os dirigentes desavindos nos próximos tempos, ou não houvesse autárquicas pelo caminho - que auguramos as mais difíceis de sempre para o proceder arrogante do vencedor das 40 e tantas vitórias eleitorais (não sabemos se o número inclui as vitórias da UDP e do PS em Machico, dos socialistas no Porto Santo, algumas juntas de freguesia que escaparam ao PPD, os banhos presidenciais contra as campanhas de Jardim, etc).
Entretidos andarão eles... ou talvez não tanto assim. Hoje por hoje, figurar colado a certas candidaturas da lavra do chefe, e com ele na molhada, é sair também derrotado.
Não haverá comícios. Logo, não virão Ágatas, Emanuéis, Carreiras, Marcos Paulos, Quins Barreiros.
Sem dinheiro para imprimir um panfleto, o próprio chefe escreve no 'Madeira Livre' que a estratégia é o contacto pessoal com o cidadão.
Ora, não é sermos sistematicamente do contra, mas desta vez é que julgamos ser má ideia os candidatos PPD irem por aí de rua em rua, de beco em beco, de porta em porta. Eles sabem bem que não há ambiente para isso.
"Caro amigo, estamos aqui para garantir a continuidade do nosso PPD e do sr. presidente que fez tanta obra..."
Isso, atrevam-se com essa pelas ruas.
Quem me avisa...
Mais aconselhável será pegar num microfone, pedir ao Vasco para meter em cima de um barranco 2 ou 3 músicos do Galáxia, dos que fazem mais barulho, ordenar aos caciques que vistam os velhinhos do centro local com camisolas laranja, meia dúzia de frases corriqueiras para saírem na comunicação social, uns foguetes a ribombar e pronto, a coisa disfarça. Desde que o líder dos líderes não compareça, porque, nos dias que correm, só faz perder votos.
Ideias nossas, admitimos que possivelmente errada.