MANHÃ DE SEXTA NA CIDADE-ESTALEIRO
Não passou do susto. Susto natural, quando o sujeito com os impostos em dia se depara com surpresas no chão público. No caso, ninguém sabe o que se passará a seguir naquele enfeitiçado aterro do calhau funchalense - se o iate é escaqueirado ou não, se é levado dali hoje ou para o ano, se os navios atracarão a sul do novo molhe ou nem isso, se há mais outdoors para entreter a populaça. Como ninguém sabe nada de nada, pagam a tensão e o colesterol.
Mas... a manhã desta sexta-feira surpreendeu quem andou na baixa da baixa.
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Desde o Mercado e desde o Campo D. Carlos até à Avenida, montanhas de lata. É assim quando há um dinheirinho para combustível. E com as obras daquele feitio encrencado. |
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Mais carros em cima de carros. |
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Em panorâmica talvez se perceba como estava o lado sul da Avenida. |
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Carraria desde a Casa da Luz até à Sá Carneiro... a progredir 5 metros cada 10 minutos. |
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À entrada do cais, um susto: passagem bloqueada, homens de capacete, maquinaria gigante lá dentro. Golpe de estado? Ataque final ao 'Vagrant'? |
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Que vem a ser esta agitação? |
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Bom, não se pode entrar pela porta grande, vamos pela do cavalo. |
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A investigação começa bem. Há sinais de que está tudo sob controlo. A não ser que seja mesmo golpada de tecnocratas e construtores contra os que foram eleitos... |
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O facto é que a maquinaria mete respeito. |
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O antigo comissário Félix posiciona-se discretamente junto a um poste. |
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Misteriosamente, outra máquina labuta a oeste do cais, já na marina. |
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O 'Lobo Marinho' está retido entre: o Ilhéu do polémico 'Molhe', pela direita; o polémico Ilhéu do Príncipe e a tabanca do polémico régulo, pela esquerda. |
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Levanta suspeitas a discreta saída do navio de guerra lusitano, numa hora de incerteza. |
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O povo que acorreu ao cais evidentemente não consegue esquecer a morte da bezerra. |
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Como a coisa não ata nem desata, os nervos do chefe Félix dão-lhe para puxar valente passa. |
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Os mergulhadores também se impacientam. |
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Até que... está desfeito o mistério. A operação destina-se a deitar ao mar um caixão - salvo seja. Caixão de cimento, que é o primeiro ali nas tão ansiadas obras do aterro junto do cais (o Iate dos Beatles é que não sai de lá e arrisca-se a passar a chamar-se Iate de Santa Engrácia). |
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Os rapazes e o próprio amigo Félix aproveitam para captar umas imagens na digital, para mostrarem aos amigos. |
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E o caixão a descer... |
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O caixão, pois, desce para as águas, aguardado pelo mergulhador, que naturalmente precisa de saber lidar com zonas lodosas. |
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E assim está dado o arranque para que os caixões de cimento acompanhem o ritmo dos tetrápodes, que já vão em milhões de toneladas. A situação está controlada no cais , mesmo com lodo no dito. |
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