INTUIÇÕES SEMÂNTICAS SOBRE O QUE JAIME RAMOS
QUIS REALMENTE DIZER A MIGUEL DE SOUSA
EMANUEL BENTO
Desde sempre que as palavras ganham vida nova na linguagem política do dia-a-dia, sobretudo conforme os governos e as suas caras. Este último tornou-se famoso pela introdução do conceito de austeridade mas não só. Lembremo-nos de outra palavra da moda política, a “competitividade” que, na versão ministerial do governo de Pedro Passos Coelho, passou a “competividade”, isto porque um dos ministros, não só comia o nosso dinheiro, como comia as sílabas, tanta era a fominha…
Refiro-me concretamente aos termos “chulo”,
“vadio” e “bufo”. À primeira vista poderão parecer ofensivos quando dirigidos a um outro colega deputado, mais ainda se forem ambos do mesmo partido, dado que todos sabemos que os colegas de partido devem ser todos muito amigos e conviverem uns com os outros aos fins-de-semana, visitando à vez as suas humildes casinhas e dando longos passeios nos seus pobres carrinhos para depois fazerem uns populares piqueniques lá no meio da Laurissilva.
Como bem sabem, foi o que sucedeu, há tempos, numa reunião de deputados quando Miguel de Sousa, outro deputado com elevadas funções, tanto regionais como partidárias, pois é Vice-presidente da ALRAM (para não falar dos cargos governativos e partidários que já ocupou) e também ele outro exemplo de “self-made-man/american dream”, outro empresário de sucesso, que muito trabalhou para ter o que tem sem nunca precisar da porca da política e que tanto se sacrificou pelo nosso bom povo, se sentiu ofendido, quanto a nós mal, e colocou de imediato o caso no colo da Justiça.
É que - pensemos um pouco -, quanto a mim, não se tratou de insultos mas, sim e tão-somente de referências muito elogiosas, que passo, desde já, a esclarecer. O termo “chulo” apenas foi utilizado para o qualificar enquanto empresário de sucesso e não o que o significado da versão mais vulgarmente conhecida pelo vulgo representa. Todos sabemos que aquela actividade profissional – a de chulo - é geradora de grandes proveitos financeiros, não sendo todos os que conseguem entrar numa carreira de sucesso económico garantido.
Vadio, o segundo termo escolhido pelo Líder Paralmentar do PSD para categorizar Miguel de Sousa, não se referia certamente ao vulgar vadio das ruas do Funchal, mas outrossim ao facto de Miguel de Sousa ser uma pessoa muito culta das ideias, ser um político cosmopolita, muito viajado, um falante de milhentas línguas, que recolhe, em cidades e países de todo o mundo, os ensinamentos de experiencias de governos muito bem sucedidos, para as poder aplicar, com o sucesso, por todos reconhecido, nesta Região Autónoma.
Por fim, o termo “bufo”. Enfim, dos três termos vulgarizados agora no dicionário político do PSD e da Região Autónoma da Madeira, talvez seja este o mais susceptível de ser confundido como insulto. Mas, foi, quanto a mim, que tenho pretensões linguísticas e semânticas impares, inclusivamente tendo uma queda para a leitura de mentes e almas, unicamente utilizado para classificar Miguel de Sousa como pessoa que gosta de ópera, espectador muito frequente, com muito interesse e gosto, fã mesmo, de óperas cómicas italianas. Quem nunca ouviu falar das conhecidas “Opera-Buffas” (está em italiano) dos teatros da Península Itálica….
Claro que estes lamentáveis inconvenientes e equívocos resultantes desta nova linguagem já chegaram ao conhecimento de Alberto João Jardim. Sabemos até que o governante e líder partidário maioritário, já se deu ao trabalho de escrever um pequeno dicionário do mais recente léxico político do PSD, para distribuir a todos os candidatos do PSD às próximas eleições autárquicas. Deste modo simples, mas eficaz, novos equívocos e mal entendidos entre os candidatos ficarão assim previamente evitados.
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