EX-TROPAS DO 4913: CONVÍVIO DESTE SÁBADO
TORNOU-SE UMA OPERAÇÃO DIFÍCIL
Homens que enfrentaram os perigos da guerra em África viram-se e desejaram-se para desencadear o ataque ao rancho geral que fazia parte do convívio marcado para este sábado.
Mesmo com reforços vindos do Continente, os elementos do Batalhão 4913 andaram de 'unidade' em 'unidade' em busca de alimentação e de sítio para trocar entre si as histórias do passado.
Os homens ficaram boquiabertos quando o padre da Nazaré, por alturas da missa rezada pelo capelão da tropa, fez saber que, afinal, o almoço não poderia decorrer no salão paroquial, e que, em conformidade, que se desenrascassem no Pavilhão do CAB.
Correram murmúrios, ainda dentro do templo. Uns diziam ter ouvido que o padre precisava das instalações às 5 da tarde. Outros que o problema era um espaço vizinho onde andavam a lavar carros com produtos tóxicos, situação pouco recomendável quando se falava em comer.
Mais debate, menos debate, o sr. José da Encumeada lá teve de desmontar as mesas que prepara e toca de mexer para o Pavilhão do CAB, vizinho da igreja da Nazaré.
Quando a velha soldadesca julgava estar em vias de fazer 'queda na máscara' em cima da mesa para enfrentar o prato e amainar as exigências do estômago, eis que nova ordem surgiu em voz de comando: o batalhão terá de fazer novo deslocamento, progredindo, em bicha pirilau ou como for possível, para a Escola da Nazaré.
Os tropas lá desmontaram o acampamento e seguiram pelas esburacadas picadas da Nazaré, prometendo a si próprios não deixar pedra sobre pedra logo que o sr. José desse ordem para o golpe de mão à panela.
Daí a pouco, a messe estava repleta, porque a directora escolar, segundo o despacho do nosso repórter, autorizara o pedido feito na hora.
Antigos soldados que a nossa reportagem entrevistou confessaram que fazer de salta-pocinhas no coração da guerra em África, quando a hora era de comer, foi raro acontecer durante a comissão.
E note-se que a 4913 conheceu Angola e Cabinda antes e depois do 25 de Abril, já que a comissão durou de 1973 a 1975.
Andar às voltas à procura do rancho? Qual quê, a maralha não se dava bem com a barriga a dar horas. Se a refeição atrasasse, a cantina não dava vencimento aos pedidos de bazucas, de maneira que o pessoal ia meio aviado quando chamado finalmente para as mesas.
O importante, na jornada deste sábado, foi o convívio entre velhos camaradas de guerra, com música e tudo. Os momentos bons e maus propiciam sempre belíssimas histórias, principalmente nas horas de combate à mesa.
Sem comentários:
Enviar um comentário