ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS

GOLPE DE TEATRO:

TONY CARREIRA VEM MESMO AO PPD!

Quando nem a água pagam à Câmara, os administradores do PPD/FSD desembolsam uma pequena fortuna para dar música pimba ao eleitorado

No tempo das vacas gordas era só contratar. E ainda é.

Por esta é que (quase) não esperávamos: afinal, a nossa primeira notícia estava correcta e o cantor mais caro do país vem aí dia 20 para contracenar com chefe Jardim e Bruno Pereira num comício planeado em segredo para o novo espaço Praça do Mar, vizinho da Av. Sá Carneiro.

A notícia é tão incrível, dados os custos da festarola em época de finanças tão em baixo e desemprego tão em alta, que a demos à condição. Os nossos Leitores, apesar de destemidos, entenderam que devíamos actuar mais cautelosamente. Às tantas, o rei da pimbalhada vinha naquela data, conforme anunciado nas 'revistas de cabeleireiro', por ser o cantor contratado pela Sonae, que por essa altura faz efectivamente um relançamento dos seus negócios na Região.

Tony só sobe ao palco depois de Machadinho entregar as notas

Aderimos a essas cautelas. Que diabo, 40 mil euros são dinheiro valente. E não há fiados. Tony Carreira não sobe ao palco sem o devido 'bolo' na algibeira. Certa vez, ele deixou-se amolar um bom bocado num comício do PPD em Câmara de Lobos, na campanha para as eleições legislativas regionais de 2007, enquanto não lhe passaram a quantia do cachet. Logo, já se sabe como vai ser desta vez: em cima do espectáculo, Carlos Machadinho deposita os 40 e tal mil na mão da mulher de Tony Carreira e o artista salta para o palco, pronto para oferecer aquela música de fazer chorar as gaivotas expulsas da Pontinha pelas águias.

Para resumir a salgalhada: noticiámos condicionalmente a vinda de Tony a um comício do PPD; voltámos à carga com outra informação aventando que, se calhar, a vinda do cantor à Madeira se dava por conta do 'Continente'; agora, depois de tirarmos o imbróglio a limpo, estamos em condições de dizer que o laranjal abrirá mão de 40 mil 'deles' para tentar convencer as fãs do artista a votar em Bruno.

Uma pequena nota: os ideólogos do laranjal estuporaram com as notícias do 'Fénix'. Faziam questão de aparecer com a grande nova cheios de pompa. Apesar disso, ainda há quem, de entre os barões lá da casa, compreenda a nossa missão. Foi um deles que nos reconfirmou a novidade, notando porém que isso dos 40 mil ainda está em negociações, e que haverá possivelmente uma baixa de cifra.  

Esse dia 20, uma sexta-feira, será de altos e baixos na Praça do Mar. O cansado 'Meio Chefe' a exortar ao voto no PPD. Bruno Pereira em bolandas para passar a sua mensagem, evidentemente incomodado com aquela companhia que só faz perder votos. E o público feminino animado apenas quando Tony começar a entoar as melodias do seu reportório. 

Para Jardim, será uma campanha diferente. Sua excelência, depois de uma série de convívios pela ilha com militantes do PPD, que se antevêem bem tristinhos, discursará nesse dia 20 cá no Funchal. No dia imediato, sábado, irá ao Porto Santo encabeçar outro comício. Não sabemos se no domingo seguinte andará por aí à saída das missas, a implorar votos aos 'patas rapadas' ou se já estará de viagem para o Continente Europeu. 

Porque, segundo nos dizem, grande chefe passa a última semana de campanha fora da Região! Aqui, no entanto, surge-nos outra versão cedida pela outra alta patente laranja, já referida: "Não senhores, o Alberto João passa a última semana de campanha na Madeira. Pensam que sabem tudo, mas não sabem tudo..."

Pela lógica, apostamos na segunda versão, que é a habitual: grande chefe só se mete no avião para a passeata que lhe dá aquela trabalheira internacional depois das eleições. Mas  o argumento de maior peso, caros senhores, ainda é outro: há nova baixa prevista nos quadros da DRAF para inícios de Outubro. Como, por artes do diabo, essa fatalidade coincide sempre com uma viagenzita de sua excelência... 

Como Jardim quer e não como Jaime diz

O programa da campanha, inicialmente programado sem comícios, por iniciativa do secretário-geral Jaime Ramos, foi alterado por ordem do patrão-mor das Angústias. Como dissemos, haverá dois comícios - o do Funchal e o do Porto Santo. Uma desautorização àquilo que fora decidido por Jaime.

O eleitorado retirará daí as suas conclusões: 

- o PPD-Fundação (é tudo o mesmo), a dever dinheiro à Câmara e a gastar balúrdios em festins eleiçoeiros, só incita o cidadão vulgar a deixar de pagar as suas contas para tomar uns copos e viajar;

- a contratação do cantor mais caro de Portugal, numa altura financeiramente crítica, revela o desespero e o pessimismo que tomaram conta do laranjal ante o dificílimo desafio autárquico marcado para o dia 29.

As oposições esfregam as mãos.