UM ANO QUE TAMBÉM DEIXA SAUDADES

2013

A REVOLTA DOS 'PATAS RAPADAS'

E O 'FURACÃO' PAULO CAFÔFO

Um '25 de Abril' em 2013

Para quem não conseguiu perceber durante muitos anos e para os sibaritas que fingiam não reparar, a crise pôs irremediavelmente às escâncaras a gritante incompetência da governação jardineirista. Sem crédito nacional para poder cavar ainda mais o pavoroso buraco da dívida regional, que roça os 6,5 mil milhões de euros, fora o resto, o ilusionista da 'Madeira Nova', chefe Jardim, estatelou-se desamparadamente ao longo deste 2013. Os 'Patas Rapadas' atolados na miséria e o 'furacão' Paulo Cafôfo trataram do resto. O estertor do regime impressiona. Já não falta muito para o suspiro final. Há razões para acreditarmos no triunfo do '25 de Abril' que despontou em 2013 com 39 anos de atraso. 

FIGURAS DO ANO

'Patas Rapadas'

Finalmente, o povo resolveu pregar-nos uma bem agradável surpresa. Já o desancávamos impiedosamente e mandávamos com todas as ganas para os infernos, por teimar em se auto-flagelar e nos impingir nestas décadas todas um regime lodoso, tribal e trauliteiro, sucessor do fatídico Estado Novo. Esse povo, todavia, dolorosamente aguilhoado pelos efeitos da crise, que a incompetente governação jardineirista nem se esforçou para obstaculizar com o mais ínfimo assomo de imaginação, compareceu no venturoso 29 de Setembro a mostrar quem realmente manda numa democracia, expulsando de cena o embuste laranja, para já em 7 câmaras da Região.
Não sabemos se os madeirenses bendirão, doravante, a sua decisão de mudar. Ainda é cedo para o prever, mas cremos que sim, que valeu a pena. Até porque a missão está longe do fim.
A fórmula popular está descoberta. Uma vez que há santos e diabos em todo o lado, e havendo nalgum reduto novo-rico a tentação de governar contra o povo, em vez de governar com o povo, como preconizado no acto de constituição da 'Mudança', essa nova casta de mandantes também teria os dias contados. 

'Furacão' Paulo Cafôfo

Depois de 38 anos de eleições com resultados de sentido único, compreende-se que o assomo de raiva que foi o avanço de 6 partidos para uma coligação concorrente à Câmara do Funchal se fundasse em alicerces pouco esperançosos, feridos de cepticismo. O tempo sugeria mudança, o povo praguejava governantes de lá e de cá por causa do desemprego e da pobreza, mas sabia-se como costumava ser: à última hora, o voto caía sempre na urna com a cruzinha no PPD. 
Só que havia Paulo Cafôfo, um professor atraído à política de olho numa surpresa. E havia 6 partidos decididos a dispensar benefícios de facção em favor da conquista do Funchal. E havia, finalmente, a decisão popular de transformar o enorme descontentamento numa derrota do PPD. 
Misturados os ingredientes, a explosão deu 'Mudança'.
Muito cedo, e apesar do pouco tempo que faltava para o 29 de Setembro, se percebeu em Paulo Cafôfo aquele fenómeno empático necessário em processos como o que se atravessava, capaz de abanar atenções, mover e convencer. 
A 'Mudança', que se propunha esgadanhar-se para evitar nova maioria absoluta social-democrata no Funchal, acabou por vencer as eleições, com maioria relativa. 
Hoje, Cafôfo representa uma plêiade de sensibilidades tradicionalmente oposicionistas e, por isso mesmo, viradas para voos mais longos, como derrubar o PPD-M do poder executivo regional em 2015.
Verdade seja dita, o mandato de Cafôfo e seus pares da 'Mudança' começou atabalhoadamente, com descoordenações e atitudes a fazer lembrar as trapalhadas de Santana Lopes. Mas a nova Câmara, com inteligência e um punhado de medidas há muito desejadas pelos munícipes, ultrapassou tal ameaça de tormenta e parece estabilizar em velocidade de cruzeiro.
A responsabilidade que a população colocou sobre os ombros dos eleitos extravasa o trabalho municipal. Dos resultados da 'Mudança' no Funchal, a par do que se fizer em 6 outras câmaras que também se livraram dos social-democratas, depende o futuro de toda a Madeira. Falamos do governo que sairá das eleições de 2015. O que se exige é que o eleitorado perceba quão benéfico foi mudar. E não que as quintinhas que eventualmente se constituíssem por esses municípios fora leve a concluir pela necessidade de mudar... a 'Mudança'.
A hora é de Paulo Cafôfo e seus pares. E o futuro também.

Um cantinho sentimental na História Política da Madeira

Os madeirenses ficam a dever um gesto democraticamente altruísta consumado no 2013 que chega ao fim. Um grupo de 6 partidos sacrificou interesses próprios à missão de arredar o PPD-M do poder na capital, acção comummente considerada como primeiro grande passo para mudar o regime instalado há perto de 40 anos.
Esta ninguém lhes tira: a primeira grande derrota do jardinismo em quase 40 anos! 
Independentemente do que estiver para acontecer, os protagonistas do feito, com mais ou menos peso na derrocada laranja, fizeram história para a História.
Honra aos vencedores.

Além do que se passou na capital, a vigorosa vaga contrária à maré laranja galgou campos e cidades em 2013

Teófilo Cunha, presidente de Santana: um solidário bem amado pelo povo muito antes de pensar em experimentar a política.

Filipe Sousa, presidente de Santa Cruz: a vitória sobre o PPD mais normal de todas. 

José António Garcês, presidente de São Vicente: a fúria nortenha contra a prepotência centralista de Jardim.

 Filipe Menezes, presidente do Porto Santo: um dos 5 candidatos de origem PPD que se candidataram para derrubar... o PPD. Prova da implosão social-democrata. No caso, tiro e queda.

 Ricardo Franco, presidente de Machico: guardado estava o bocado para quem pensava que os machiquenses andavam anestesiados.

Emanuel Câmara, presidente do Porto Moniz: vitória da persistência.

Os que resistiram ao ciclone: dizem que os resultados foram efeito do AFAquistão - emprego e alguma segurança social nas 'Costas de Baixo'.

Carlos Teles, presidente da Calheta: foi questão de virar o disco e deixar o mesmo a tocar.

Pedro Coelho, presidente de Câmara de Lobos: o candidato laranja era forte, mas os danos do jardinismo iam atingindo fatalmente o tradicional domínio laranja entre os xavelhinhas.

Rui Marques, presidente da Ponta do Sol: a socialista Célia Pessegueiro bem tentou, mas era missão praticamente impossível.

Ricardo Nascimento, presidente da Ribeira Brava: dificuldades inesperadas.

 O susto do ano: 

- destes poucos, Caro Dr. Jacinto Serrão.

Desejamos-lhe, e a Madeira em peso seguramente subscreve, o melhor 2014 possível.

Nota do 'Fénix' - Ainda falta... Pois falta. Mas não ficaremos por aqui.