Não borrar a pintura
Se não se trata de uma pintura vulgar numa porta de ferro, que intervenção cirúrgica será aquela? |
Alertado pelos incuráveis coscuvilheiros da cidade, o nosso agente K7 deslocou-se há poucos minutos a Santa Clara para verificar 'in loco' quem diacho se encontrava mesmo a pintar a 'casa de memórias' de João Carlos Abreu - também conhecida por 'casa das gravatas'.
E o nosso profissional da intriga confirmou o que ouvira dos mexeriqueiros: quem estava em acção não eram daqueles pintores vulgares, vestidos de ganga esburacada e cheia de brochadas coloridas, mãos, cara e cabelo a pegar com borras de tintas várias.
Os homens que K7 viu analisavam cada centímetro quadrado da porta com tal minúcia que fazia impressão. A farda que usavam - e a esta hora ainda lá estão - mostrava uma espécie de médicos em plena intervenção cirúrgica ou então astronautas prontos a entrar na nave espacial.
"Bolas, as pessoas têm razões para estranhar esta gaita", disse para os seus botões o nosso agente. "Se para pintar uma porta de ferro vulgaríssima é preciso mandar virem especialistas sabe-se lá de onde, então, como especialista que sou na minha área, vou pedir aumento." *
Da nossa parte, que não vimos o quadro cénico ao vivo, achamos por bem ficarmos por estas ideias:
- Concordamos com os queixosos: não vemos qual a necessidade de trazer um Picasso ou um Miguel Ângelo para tratar da tarefa em questão
- O nosso Amigo João Carlos devia explicar quem paga estas extravagâncias, para o contribuinte ficar descansado... ou 'passado dos carretos', passe a vulgaridade
- Não pode ser o desgoverno, com o nosso dinheiro, a pagar os projectos particulares, culturais ou outros, e depois aguentar com a manutenção, enquanto ficam para a casa, ou seja, para a associação gestora, receitas de entradas e da exploração de bares **
- Depois de tanta maçada, seria desagradável que alguém ali borrasse a pintura toda. Use gravata ou não.
* Obviamente que K7 fez a narrativa que lhe competia sem se atrever a falar em mexidas no ordenado
** A propósito, avançaram à 'Fénix' que a exploração do bar da 'casa de memórias' não é tão rendível como esperavam, daí o inevitável fracasso do negócio.
Sem comentários:
Enviar um comentário