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sábado, 4 de maio de 2013

POLÍTICA DAS ANGÚSTIAS / SÁBADO


ISSO É LÁ COM OS CABOS!














Até o excelentíssimo sr. mandatário regional de Passos Coelho diz que não tem nada que ver com a situação de lá... nem sequer com a de cá



Embora correndo o risco de indispor alguns Leitores, não podemos evitar a pergunta: onde residem exactamente as razões do espanto criado com as novas medidas assassinas de Passos Coelho?
Podemos parecer antipáticos, mas a verdade é que ao primeiro-ministro nada ouvimos que nos surpreendesse - e olhem que ontem à noite sentimos novo roubo no bolso que obrigará fatalmente a uma ainda mais apertada ginástica orçamental. 
Tratou-se de uma comunicação aos lusitanos de todo previsível, como foram as anteriores e serão as próximas.
O povo, quando resolveu dar maioria eleitoral à direita portuguesa, conhecia perfeitamente a obsessão neo-liberal da seita de onde emergia o candidato a primeiro-ministro. O povo sabia que entregava os destinos nacionais a um antigo jota laranja bem falante, mas sem nenhumas provas dadas em competência governativa, e precisamente quando, eis a questão principal, urgia sacar o País da crise onde mergulhava.

Até aqui na Madeira vemos diariamente 'Meio Chefe' das Angústias a tentar demarcar-se das consequências drásticas de uma situação para a qual contribuiu directamente. Ele, o rei da tabanca, depois de uns primeiros arrufos de ciúmes pela ascensão de Passos Coelho, serviu de mandatário àquele pau mandado de Ângelo Correia, nas eleições internas da consagração. E ele sabia - não sabe tudo? - que ali estava o futuro primeiro-ministro de Portugal, porque o PS de Sócrates resvalava então imparavelmente para fora do poder.
Logo, foi mandatário sabendo o que estava para sair dali.

Era comum, algumas décadas atrás, quando a conversa não interessava, o interpelado safar-se desta forma: "Isso é lá com os cabos." 
Referência aos cabos de freguesia que, à falta de polícia organizada, costumavam acorrer sob as ordens do regedor quando havia sarilho para sanar.
Assim fazem hoje os sujeitos que governam - aliás desgovernam - a Região. No alto da hierarquia, que já cai de bichosa, só vemos encolher de ombros e sacudir da água do capote, porque começaram a chegar as facturas por pagar de 30 e tal anos de loucura financeira.
'Meio chefe' projectou, mandou fazer, obrigou a seguir em frente as obras, com ou sem dinheiro, contratualizadas ou não contratualizadas, com facturas ou sem facturas... na esteira de perigosíssimos e desfasados programas eleitorais.
E como vai ser agora, que os tribunais vêm colocar em causa os princípios utilizados pelo famigerado desenvolvimentismo jardineirista? Pois agora o rei da tabanca diz que não é contabilista e que nunca assinou nada. Vade retro!
Ou seja: se forem detectadas ilegalidades e culpas no campo criminal, os responsáveis foram os contínuos que levaram as ordens aos secretários, directores regionais e empreiteiros para que as obras ficassem prontas para o dia tal - em plena campanha eleitoral. 
Se os contínuos fossem para os copos em vez de entregar as ordens, nada disto se dava.
E se os tribunais quiserem mesmo sentar governantes no banco dos réus? 
Nesse caso, dirá o soba, o tribunal que vá buscar secretários retirados ou, quando muito, secretários actuais, contanto que não se toque em sua excelência.
O Leitor conhece a anedota do centro de massagens do Porto Novo? Temos aqui uma versão política interessante.

Mesmo aqui na Madeira, porquê o espanto?
O povo sempre percebeu que toda esta política desvairada, feita com o fito único de garantir a permanência do rei no palácio das Angústias, acabaria inevitavelmente em escândalo. 
Ainda assim, porque o seu interesseirismo não dispensa o copo de vinho e a espetada de graça, o povo continuou a votar sucessivamente em quem conduzia a Madeira para o buraco - em todos os sentidos - para onde escorregava como pé no lodo.
Assim, não há que estranhar o que estamos a ver e a prever.

Os membros do desgoverno regional, perante as medidas de austeridade que os madeirenses encontram a cada esquina, em dose redobrada por causa do tal buraco regional, ou partem para viagens intermináveis ou falam de revisão constitucional ou disfarçam a m... inaugurando exposições e tabuletas em veredas rurais.
Se o drama do desemprego e da pobreza ganha intensidade em cada 'comunicação ao país' de Passos Coelho, o desgoverno regional pega na autonomia que diz deter para com criatividade esbater as sequelas na Região? Trata de, através de ideias, estimular a economia e o emprego? Pelo menos tenta?
Qual quê! O desgoverno reúne-se em plenário e o fumo branco depois consiste no louvor a um jagunço qualquer. A solução para a crise resume-se a um "o povo não aguenta mais".
P'rao c..., senhores desgovernantes!

Como sempre, o rei da tabanca desvia o odioso para longe. As culpas são da maçonaria, da trilateral, da oposição, de Bush, de Sócrates, de Gaspar, de Passos Coelho, dos maricas do Parque Eduardo VII, da Assembleia da República, do Infante D. Henrique e da bisca lambida.

Dado que sempre foi assim, repetimos, o povo não tem por que estranhar, já que é o responsável pela perenidade que permitiu a esta caravana laranja, desde 1976 alapada na senzala.
O mesmo se diga relativamente ao caso nacional.
Zé povinho é muito esperto, logo não foi à toa que meteu lá em cima, pelo voto, aquela personalidade com a escola reacça da jota.
Alguém achava Passos Coelho capaz de uma medida que não passasse por mais impostos, redução de pensões, abalo no social e despacho de funcionários públicos para casa cuidar dos filhos e dos netos?
Toda a gente sabia do que é capaz o braço armado de Ângelo Correia- e porta-voz do alto empresariado e da banca vampira. Ou, pelo menos, sabia do que não é capaz.

Do que é capaz aquele diabrete?
Como veremos, e dado que a troika pedirá mais sangue brevemente, o rapaz sugará o resto das pensões de miséria e das pensões remediadas e desertificará mais ainda as repartições públicas, além de preparar um pacote de impostos ultra-draconianos.
Como diz o outro, o povo aguenta, ai aguenta, aguenta. É questão de se vulgarizar as bichas na sopa da caridade, andar a bútios porque o carro foi entregue ao banco, voltar às barracas e furnas porque a casa já é da banca, tirar os pequenos da escola ou mandá-los descalços e esfomeados às aulas, embarcar clandestinamente para o estrangeiro e por aí fora. Isto é que é governar um país e uma região!

Do que não é capaz o rapazola? 
De ideias para reanimar a economia. De cortar nos lucros dos bancos, nos tachos públicos, no vencimento dos governantes e dos deputados.
Ah os governantes e os deputados já ganham pouco? E os do ordenado mínimo e os pensionistas ganham muito? 

Enfim, que o povo continue a votar bem, em consciência, mesmo nos que têm ordenado e reforma enquanto os outros definham... pagando as mordomias palacianas. 


Ficamos por aqui, para evitar um palavrão que nos baila à frente, louco para expedir do teclado para fora, de há uns parágrafos para cá.
Bom fim-de-semana a todos.



2 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro Luís Calisto
Esta história de cabos não terá a ver com um tal "self made man" que começou como cabo cripto na tropa, ascendeu a vendedor de sifões de sanitas e hoje...

jorge figueira disse...

Tudo coisas "reserventas" e e "sigiladas". Só disponíveis aos tribunais na altura certa.