HOMENS DE JAIME CHAMAM FRAUDE
ÀS ASSINATURAS DE MIGUEL
Já poucos recordam que o diferendo começou com ofensas do líder parlamentar a Miguel de Sousa, as quais motivaram queixa. O contra-ataque de Jaime, pedindo a perda de mandato do companheiro de partido por faltas, tem desviado atenções. Mas mais: Miguel assina o livro do ponto da ALM sem lá comparecer, e esse comportamento, além da perda de mandato, dá processo-crime por burla, dizem os jaimistas. Perante o evoluir do diferendo, Miguel de Sousa não deixa passar as ofensas de que foi alvo e, inquirido pelo 'Fénix', responde: "Não tenho faltas no Parlamento, nem justificadas nem injustificadas".
Traição, cobardia, ódio, inveja! Não se trata de um anúncio daqueles filmes que passavam no Cine Parque e no Cine Jardim. Trata-se de caracterizar uma situação nua e crua, aquela que os PPD's da Madeira vivem de há tempos a esta parte.
O filme que marcou esta semana parlamentar, com o grupo de deputados laranja completamente esfrangalhado num mar de acusações mútuas, documenta bem o estado a que a facção jardineirista chegou. Por facção jardineirista entenda-se o 'Meio PPD' que acompanhou patrão Jardim na disputa de 2012 contra Miguel Albuquerque.
Do panorama que se espraia diante dos nossos olhos actualmente, depreende-se que Jardim arrisca, ou não será assim?, nova despromoção. Depois de 'Chefe', desceu para 'Meio Chefe', analisados os resultados de praticamente 50% para cada lado nas eleições internas. Agora, porque perdeu as rédeas dentro do 'meio PPD' que lhe resta, não conseguindo mantê-lo unido nem pelas aparências, terá de se vergar a nova perda de galões - de 'Meio Chefe' para 'Um Quarto de Chefe'.
Isso, porém, se não ficar a falar sozinho com as araras. Não sabemos se Jaime Ramos e Miguel de Sousa, cada qual presumivelmente com apoios de um quarto de partido, estarão na disposição, quando a convulsão terminar, de continuar a sustentar o patrão que agora lhes volta as costas, para não se comprometer.
Desconfiar das araras
O PPD desmascara-se, deixa ver o seu verdadeiro rosto agora que os ventos não admitem acalmia podre.
O outrora líder dos líderes, na ânsia de continuar agarrado ao poder, dá cada passo na vida em função dessa obsessão, a de mandar. Quem manda, quem manda?
Ele desconfia de tudo e de todos, imaginando que todos gostariam de ocupar o seu lugar, o de regedor desta parvónia atabancada. Se calhar, desconfia de si próprio. Diríamos que também anda de pé atrás com as araras das Angústias, pobres delas que mal sabem falar - e daí não se queixarem de ser animais voadores retidos em cativeiro dentro de uma gaiola (isso é trabalho para o PAN, mas também nos faz impressão).
Mal percebeu que alguém no partido não o considerava eterno, mas que, pelo contrário, devia ser obrigado a disputar eleições e a liderança, não mais largou quem ousou avançar com tal expediente.
Rapaziada da Jota baralhada com ziguezagues do patrão-mor
A JSD partiu-se e o líder sénior, sempre dominado pela necessidade de dividir para reinar, ora tomava posição por uma corrente, ora por outra. De modo que, ao ouvi-lo pronunciar-se por um lado, ninguém o levava em conta, porque no dia seguinte mudaria de apoio.
E a Jota está como está.
Dos autarcas eleitos pelo PPD não se fala, basta elencar o que muitos deles têm afirmado nos últimos tempos - revelando também que o PPD constituiu, para 90% dos laranjas desta terra, em 36 anos, 'um autocarro para o emprego', como dizia Eça nos seus tempos a respeito dos adeptos dos partidos monárquicos.
Paulo Fontes: ao primeiro problema, não se assume
Para não sermos fastidiosos, passemos outra vez ao parlamento, onde o espectáculo dos deputados jardineiristas confrange e mete pena.
Paulo Fontes, indicado há anos por Miguel de Sousa para director regional de Finanças, nomeação que foi trampolim para o cargo de secretário, recusa-se a testemunhar no caso Miguel-Jaime! Paulo Fontes, com décadas de carreira política sem ir directamente a eleições, mas com acesso a cargos bastante compensadores, abdica de se assumir, para um lado ou para outro, à primeira situação partidária complicada que lhe aparece na carreira!
Medeiros Gaspar, que foi líder da JSD alguns anos e não conhece outra carreira que não a política, também recusa dar a cara, não aceita responder a algo muito fácil - que é contar aquilo que viu e ouviu.
E por aí fora.
Deputada do Norte dá o exemplo
Há uma excepção, segundo chegou ao 'Fénix': uma deputada faz questão de depor no processo e, conforme se receia na facção Jaime Ramos, essa deputada, Ana Serralha, do Porto Moniz, entende que Miguel de Sousa foi gravemente ofendido.
Não podemos concluir daqui se isso quer insinuar a posição de Jardim, já que a deputada faz parte do 'meio PPD' que (ainda) apoia 'Meio Chefe'.
Então e o 'chulo', bufo', etc?
Curioso é reparar-se que se esbateu a real origem do conflito entre os dois tubarões do laranjal. Pouco se tem falado nos adjectivos que Jaime, diante dos colegas deputados, aplicou a Miguel de Sousa, antigo vice do governo e actual vice da Assembleia: 'chulo', 'bufo' e 'vadio'. As ofensas que Miguel denunciou ao Conselho de Jurisdição (CJ) do PPD e ao tribunal perderam-se pelo caminho, parece. O que está em cima da mesa, lê-se e ouve-se por estes dias, é a queixa que Jaime apresentou para contrapor à do adversário: que este tem faltas injustificadas e conseguintemente deve perder o mandato.
Ora, esta foi uma acusação de Jaime Ramos produzida há meses, quando se dirigiu ao CJ. A que José Prada, presidente daquele órgão, respondeu pedindo sustentação, ou seja, queria saber se essas alegadas faltas haviam prejudicado o partido.
O assunto ficou em banho-maria.
Agora que o tribunal entra em acção é que Jaime volta à questão das faltas... mas àquelas registadas por Miguel de Sousa depois do primeiro conflito.
Assinar o ponto é presença ou não chega?
Miguel avisou que não se sentaria no grupo parlamentar enquanto Jaime não se retractasse no lugar onde o devia fazer, no meio dos deputados do partido. E deixou mesmo de participar nos trabalhos parlamentares, confirmam vivamente os seus adversários.
É aqui que Jaime retoma a questão das faltas.
"E não devia retomar?", encosta-nos à parede um elemento da facção Ramos.
Lembrámos ao elemento que nos fala que Miguel abriu o jogo atempadamente. Reacção dele: "Pois abriu. E cumpriu, não se sentando na sua bancada."
Politicamente, não seriam faltas aceitáveis, se existissem?
"Podiam ser", ironiza com um cinismo certeiro o deputado com quem falámos. "Mas agora... acha que ele devia assinar o livro de presenças se não punha os pés lá dentro? Isso deve dar perda de mandato! Mais, deve ser considerado burla, e, como tal, motivo para processo-crime."
Livros de ponto e gravações: a bota não joga com a perdigota, insistem os de Jaime
Dá a ideia de que temos em confronto adversários de partidos diferentes e não companheiros de bancada, tal o radicalismo entre as partes.
Mas é assim. O grupo de Jaime Ramos não abre mão das acções contra Miguel de Sousa. O nosso entrevistado clarifica: "É tudo muito simples, o livro de presenças não coincide com o diário das sessões, onde são registados os nomes de quem vai ao plenário. E, se não jogam certo um com o outro, alguém praticou burla."
Não é possível o deputado assinar o livro de presenças ficando por ali no Parlamento, sem ir ao plenário por uma questão de honra, e só aparecendo lá esporadicamente?
"Isso é o que o Miguel Mendonça diz", retorquiu assim o nosso interlocutor laranja. "O Miguel Mendonça diz que o livro do ponto está assinado pelo Miguel de Sousa, logo, para todos os efeitos, ele esteve no plenário."
E então? Como descalçar o imbróglio?
"Facilmente. As sessões são registadas integralmente em vídeo. E ele não aparece nos registos de vídeo."
Então... a facção de Jaime Ramos já foi ver os vídeos? Como teve acesso a eles?
"Acha que vamos brincar como amadores num caso tão sério?", sorri o deputado com impudor. "Se o processo contra o Miguel avançou é porque há fundamentos e provas para o incriminar!"
E mais diz o deputado jaimista: "Houve quem reparasse que sessões plenárias começaram já com a assinatura do Miguel no livro, mas dele nem sombra. Fazer isso é burla. Assinar antes da sessão ou no intervalo, ou depois dos trabalhos, sem pôr os pés na bancada... Não pode ser, é crime, porque também envolve dinheiros públicos. Quem o pratica recebe sem trabalhar. Mas, se tem dúvidas, vá ver o diário das sessões, a ver se ele votou alguma vez nestes últimos tempos. Ele pode alegar que nessas votações todas por acaso saiu do plenário, mas depois... há os gravadores de vídeo, que registam tudo."
Jaime Ramos aposta na incongruência entre o livro de presenças, que tem as assinaturas de Miguel de Sousa, o diário das sessões e o vídeo permanente, onde ele não aparece, pois.
Miguel de Sousa: "Querem virar o bico ao prego..."
Já ontem à noite, chegámos à fala com o visado nesta fase mais recente do conflito. Contámos-lhe sobre o anúncio do processo-crime contra ele, por burla na Assembleia. O que lhe mereceu um sorriso. Faltas injustificadas?
"Não tenho faltas nenhumas", esclareceu. "Nem justificadas, nem injustificadas. Procedo como os outros deputados. Assino o ponto e fico no plenário o tempo que acho dever ficar. Mas o que é estar no plenário? É estar lá um minuto? Uma hora? Dez horas? A mim ninguém vai dizer que tempo devo lá ficar."
A esse propósito, lembra que se o PSD já perdeu uma votação não foi por uma ausência sua, mas pela ausência de... Jaime Ramos.
"Querem virar o bico ao prego em todo este processo, mas não vão conseguir", conclui Miguel de Sousa. "O caso é o das ofensas que me foram feitas. Mas, se querem falar de faltas, então o presidente da Assembleia é o primeiro a saber que eu estou sempre lá."
"Não tenho faltas nenhumas", esclareceu. "Nem justificadas, nem injustificadas. Procedo como os outros deputados. Assino o ponto e fico no plenário o tempo que acho dever ficar. Mas o que é estar no plenário? É estar lá um minuto? Uma hora? Dez horas? A mim ninguém vai dizer que tempo devo lá ficar."
A esse propósito, lembra que se o PSD já perdeu uma votação não foi por uma ausência sua, mas pela ausência de... Jaime Ramos.
"Querem virar o bico ao prego em todo este processo, mas não vão conseguir", conclui Miguel de Sousa. "O caso é o das ofensas que me foram feitas. Mas, se querem falar de faltas, então o presidente da Assembleia é o primeiro a saber que eu estou sempre lá."
Repetimos: mas alguém se lembra do que está na raiz desta guerra fratricida no partido laranja?
5 comentários:
Urge saber-se quem introduziu o virus da desagregacao neste exercito. Foi um destes: Madeira Velha, DN, blogs, Maconaria, Cubanos, Pepe Grilo, Obama (caso saiba onde fica Albertolandia), Tim Tim (pode ler em frances), Pinoquio ou ate um marciano.
Se há alguma coisa em que o "melhor aluno" é eximio é em arranjar desculpas. Tem desculpas para tudo. Para ter um telemovel ligado no avião(imagine quem se deve ter lixado); para justificar a sua ausencia, nos noticiários pois claro!, nos dias do temporal(artigo no DN a dizer que estava no Porto a escrever qualquer coisa. Já para aparecer no programa de tv sobre o temporal não estava fora)
Qual será a desculpa para não ter estado presente em Santa Cruz quando AJJ lá esteve um dia destes?
Depois de por aquilo, Santa Cruz, tudo em pantanas, e prevendo-se derrota nas eleições já não é nada com ele.
Aliás já tinha feito o mesmo no campo de golfe(era de quanto o buraco? 5 milhoes?)
E a ECM, que se saiba nunca antes tinha despedido.
Até a um artigo de opinião do "trim-trim" respondeu com umas linhas no DN, a contar que o Trim Trim dizia-lhe que ele seria o melhor para suceder a AJJ(consegue imaginar algo mais ridiculo?).
Conhece alguma coisa em que o homem mande e que não acabe tudo em pantanas? Conhece-lhe "vida" fora do ambito do poder?
Concluindo:
Mas há duvidas que ele esteve sempre lá na Assembleia?
Afinal o partido parte-se por dentro...
Bom, a situação é de tal modo escaldante que, desta vez, vamos ficar calados...
...É que aquele que vai 'desapartar' a pancadaria na casa dos outros é geralmente o que acaba por apanhar pela medida grande. Fiquemos para aqui, quietos.
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