BALANÇO CHOCANTE
Apanhámos um choque tremendo ao lermos que José Agostinho Baptista apanhou um "choque tremendo" na altura em que, depois de longo 'exílio', voltou à Madeira e reconheceu a obra do sua excelência Jardim.
Deixando de lado a enorme admiração que temos pelo trabalho literário de José Agostinho Baptista, poeta que conhecemos nos tempos de juventude em fins de tarde boémios na 'Concha', temos de fazer este reparo: também ficaríamos satisfeitos com estradas e alguns túneis... se não tivéssemos gramado, ao vivo, 40 anos de ditadura do alcatrão, em que as argamassas justificavam todas as perseguições de ordem partidária, ideológica ou fantástica, por capricho do sua excelência.
Para quem andou longe, o regresso mostra edifícios novos e rotundas. Mas bem poderia a terra estar bonita e inteligentemente desenvolvida - e não está -, que isso não apagaria o atrofiamento intelectual imposto ao sufocante ambiente na Tabanca.
Muitos madeirenses zarparam para longe, acompanhando, a recato da distância, os acontecimentos na velha aldeia insular. Acusando mesmo os que cá ficaram de alimentar o jardinismo, desta forma ou daquela. Não nos referimos ao celebrado José Agostinho Baptista, sequer. Mas lemos, nos balanços recolhidos agora pela Lusa, madeirenses que viveram tantos anos a prudente lonjura denunciarem a fragilidade revelada pelas oposições regionais no longo Laranjal jardineirista.
Há outra leitura que devia ser feita. Muitos oposicionistas foram de uma coragem invulgar. E de coerência ética. Se quisessem alimentar o regime, envergavam a camisola dos Netos e até beneficiavam dele, regime. O que deve ser perguntado é o seguinte, aos que agora, depois de críticas ao longe, aparecem a elogiar os méritos do futuro ex-Rei da Tabanca: por que não se formou uma oposição melhor? O que levou madeirenses com valor a evitar expor-se em público, a eles próprios, ao seu nome e às suas famílias? Claro que todos sabem o porquê: pavor do enxovalho pela língua vituperina do monarca. Ora, não há vias rápidas que paguem o viver com medo.
Mas, se insistirem em cantar a grandeza da obra do homem, não passem ao lado de certas marinas, de pavilhões a 5 minutos uns dos outros, de piscinas sem água, de campos de futebol aos pontapés, abandonados e ervados depois da despesa feita, de projectos tão megalómanos quanto inúteis, de fóruns e centros cívicos que dão para rir e chorar ao mesmo tempo.
O historiador Eduardo Franco e o jornalista Paulo Rocha, nesta hora de balanços, até entendem que haverá uma história da Madeira "antes e depois" de Jardim. Ele seria o grande marco de viragem da História da Madeira. Mas, achamos nós, essa história do antes e a história do depois de Jardim não preocupam. O problema foi o que se padeceu entre uma e outra dessas duas histórias: o "durante Jardim". Sorte desses senhores que fazem os balanços a realidades vistas de fora não terem experimentado como foi interessante a Madeira do "durante".
ELEIÇÕES E COMUNICAÇÃO SOCIAL
PS, PSD e CDS já andam, ao nível nacional, numa roda-viva em busca de espaços na comunicação social, para quando chegar a corrida eleitoral às legislativas de Outubro. Esses partidos preparam-se para impor a sua "lei" em matéria de cobertura das suas acções na pré e na campanha. Uma regulamentação que lhes sirva à medida.
Ora, não é por acaso que as (até ver) grandes forças políticas pretendem alimentar a confusão entre jornalismo e tempos de antena. O sistema montado por eles institui ardilosamente que, durante a pré-campanha e a campanha, os critérios jornalísticos se estabelecem por decreto. O que cerceia, como sempre cerceou, a liberdade de informação enquanto tal.
Isto é: não vale a pena as redacções tentarem fazer jornalismo nos períodos eleitorais porque terão de se avir com as maçadoras queixas à ERC sobre "tratamento discriminatório" às coitadas das vítimas. Porque - acham eles - a comunicação social tem o dever de lhes fazer passar a mensagem. Dócil e servilmente.
Erro velho que eles querem consolidar.
Que obrigação tem um jornal que nada recebe do Estado de fornecer espaço àquela gente? Ainda por cima, espaço trabalhado por jornalistas... ao serviço daquelas excelências todas?! Ora, se os senhores querem ocupar espaço, façam-no a título de publicidade. Pagando e com o indicador Pub, para que se veja bem. No resto, impera a informação, pela pena dos jornalistas, numa visão dirigida ao leitor. O meio de comunicação social pode entender que a audiência sobe mais com uma reportagem junto de um candidato modesto do que com um dos graúdos do sistema. Quem garante que o debate para rebentar o share é Costa-Passos e não Portas-Catarina?
Como? Obrigatório fazer a reportagem segundo o "regulamento" deles, independentemente das vendas? E quem paga os custos da publicação?
Se querem o tempo todo do mundo - ou o espaço - para comprarem votos, alarguem o tempo de antena dos meios audiovisuais estatizados. E ficam-se por aí. Porque no que toca aos espaços noticiosos, na RTP ou na RDP, o critério deve ser exclusivamente jornalístico, também.
Não há jornalismo privado ou jornalismo serviço público. Há jornalismo. Quantas vezes é preciso repetir?
Não nos encaixa o desplante daqueles que vivem da política, quererem obrigar os outros, que dependem do seu trabalho, a cozinhar-lhes a papinha.
Como diz o povo, 'bogas para um lado, chicharros para outro'.
1 comentário:
Já somaram o despesismo da Fábrica do caldo verde do Porto Santo , ao Penedo do Soco, ao estádio dos desportos no Porto Santo, aos seis Campos de tênis no Psanto, à Marina do Lugar de Baixo, ao heliporto do Porto Moniz, aos túneis inacabados desnecessários, ao campo de golfe da Ponta do Pargo, etc e entreguem a fatura ao Meio Chefe e ao Vice. Eles que paguem e o povo terá menos impostos.
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