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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015


Raimundo Quintal reage às teorias que exaltam o gado como defensor da floresta madeirense





Caro Luís Calisto,

A edição de hoje (12.02.15) do Diário de Notícias, com destaque na 1ª página e desenvolvimento na página 5, informa que os “pastores” da Madeira e Porto Santo estão a organizar um grande encontro para o próximo domingo (15.02.15) na Bica da Cana, onde esperam reunir cerca de 1.000 pessoas em defesa do pastoreio nas serras como forma de controlar a vegetação (pressuponho infestante), proteger a biodiversidade e a floresta.
Um dos organizadores, pertencente a uma associação de donos de ovelhas e cabras (conceito diferente de pastores) responsáveis pelo processo de desertificação que alastrou pelas serras de Santo António, São Roque e Pico do Areeiro, defende o “regresso do pastoreio controlado às serras, como forma de prevenção, entre outros, de fogos florestais…”.
          Por coincidência ou porque as eleições regionais serão já no próximo mês, o CDS vai realizar a “Festa do Mundo Rural”, no mesmo local e no mesmo dia…
                Entretanto, candidatos de outras forças políticas, têm vindo, por enquanto em privado, a defender o pastoreio nas serras da Madeira.

Porque o retorno das formações vegetais indígenas às terras altas da cordilheira central é crucial para o desenvolvimento sustentável da Madeira, entendo ser oportuno demonstrar, com o apoio de números e factos históricos, que é completamente mentira que o pastoreio contribua para evitar ou minimizar fogos florestais. Os maiores incêndios na Ilha da Madeira, desde o início do século XIX, ocorreram quando as serras estavam infestadas de ovelhas, cabras e porcos.
Com o objetivo de evitar que a mentira do pastoreio amigo da flora indígena volte a mascarar-se de verdade, envio, em anexo, o artigo da minha autoria “Pico do Areeiro – Ilha da Madeira. Uma experiência de recuperação da biodiversidade”, publicado em “Riscos Naturais, Antrópicos e Mistos”. Livro de Homenagem ao Professor Doutor Fernando Rebelo, Universidade de Coimbra, Coimbra: 849-866 (2013).
Aí está plasmada a minha opinião, resultante de muitos anos de reflexão teórica associada a trabalhos no terreno na companhia de amigos persistentes, sobre o estado atual das serras da Madeira e a estratégia para inverter o processo de desertificação no maciço montanhoso central.
O problema é muito sério e não se resolve com soluções produzidas em almoçaradas num ambiente de pressão eleitoral.

Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal





























































5 comentários:

Anónimo disse...

Raimundo devias ser candidato. Ao menos tínhamos um governo mais verde e fresco

joao disse...

os maiores incêndios que se deram nas serras da Madeira foram nos últimos 5 anos,... ou seja quando não havia gado.
exemplo do incêndio de agosto de 2010 em parte a rapidez do lume chegar numa noite desde das serras do Funchal até a Encumeada deveu-se a falta de limpeza dos terrenos ou seja as ervas foram-se acumulando (uma vez que não havia gado para comer) e assim funcionou como combustível para rapidamente arder tudo pela frente.

Anónimo disse...

desde que os pastores coordenem o gado nas serras de modo preservar certas zona,...tudo bem .
E muitas vezes esses pastores ao andarem pelas serras são os primeiros a fazerem limpezas e acudir aos incêndios para preservar os seus animais.

Anónimo disse...

Talvez fosse interessante perceber a politica de reflorestação (se é que existe alguma) do Governo Regional dos últimos 30 anos.

Anónimo disse...

O governo Regional fez uma boa política na Área florestal.