AONDE QUERIA CHEGAR RUI MARQUES
Ficámos em dívida com os Leitores: o presidente da Câmara da Ponta do Sol atirou-se ao governo regional, ao discursar no Dia da Região, e apresentámos uma peça sobre o assunto sem explicar que pretendeu afinal desabafar o eng.º Rui Marques. Sobretudo porque desabafou na presença de Alberto João Jardim, que é o responsável pela entidade criticada.
Para reenquadrar o tema, lembremos que o autarca, em plena sessão comemorativa do Dia da Região, segunda-feira no Centro Cultural John dos Passos, falou de descoordenação no relacionamento, que é pouco, segundo percebemos, entre a administração regional e a administração local. Vagamente, Rui Marques referiu-se a obras de repavimentação em troços de vias concessionadas, em prejuízo das estradas regionais, com mais utilização, incluindo na vertente do turismo.
Teria o presidente falado por falar? Isso de estradas a precisar de tratamento há muitas. Qualquer autarca pode falar disso sem receio de ser desmentido.
Mas não se tratava de 'pegar por pegar'. Não era simplesmente usar a pimenta para captar atenções. Pelo contrário, Rui Marques retransmitia num discurso oficial aquilo que sabe ser um sério descontentamento na população. Pusemos os nossos agentes a trabalhar e conseguimos localizar um exemplo flagrante do que dissera o edil social-democrata.
Sem consultar a autarquia - eis a tal descoordenação -, a concessionária, que afinal é governo, desatou a 'esgadanhar' o alcatrão da estrada Tabua-Lugar de Baixo, considerada em bom estado, metendo-lhe um novo tapete por cima. Isso quando, perto do cemitério de Santo Amaro, há um troço de caminho decisivo que tem mais buracos do que um queijo suíço. E a estrada que vai dos Canhas até ao Paul da Serra, de grande uso turístico, é um queijo suíço já atacado pelos ratos - é como um só buraco.
Além das estradas, Rui Marques também queria aludir, no seu discurso, ao polémico encerramento do caminho para o cais, problema só agora resolvido... e até ver. A falésia sobranceira continua perigosa.
Acontece que Rui Marques descartou responsabilidades na matéria para a Direcção de Portos, que é do governo. Mas, além de o cais ser municipal, dos Portos disseram que ninguém da Ponta do Sol apresentou o problema no local certo.
Assim: os Portos dizem que não foram ouvidos sobre o assunto; o autarca adianta, ao que nos garantem, que foi aquela Direcção a mandar fechar a zona.
De tudo isto se tira que Rui Marques arriscou a simpatia de que desfruta junto de Jardim, ao denunciar descoordenação, ou seja, incompetência, em órgãos de que o chefe é responsável. Para complicar mais, o presidente da Câmara teceu elogios no seu discurso a 3 personalidades, a saber: Paulo Fontes, antigo comissário político do PPD para a Ponta do Sol; o presidente da assembleia municipal; e o representante da República. Que tem isto de especial? Claro que tem: faltou ali, à testa dos elogios, o nome do Único Importante, o narciso 'Meio Chefe' do governo. Que tem isso de especial? - insistem alguns. Veremos, veremos.
Em nossa opinião, Rui Marques endureceu a sua posição na máquina regional porque a população que vota em Outubro deixou de ser tão dócil como já foi. Depois, é um cerco preocupante que a concorrência lhe está a montar: uma lista de independentes com ex-companheiros de partido; o PTP; o PS-M com Célia Pessegueiro, figura destacada entre os socialistas da Região, ex-líder da JS e natural do concelho, mais propriamente dos Canhas; e, para já, o CDS-PP, com tradição no município.
Para cá de se antecipar aos ataques da oposição que lhe disputará o lugar, Rui Marques não pode perder de vista os críticos internos. "Ele queixa-se da descoordenação do governo, mas a culpa de eles não lhe ligarem nenhuma é dele próprio", disse um desses adversários internos ao nosso agente. "Ele é colega deles no governo, portanto, se quer ser ouvido, não se deixe ser pau mandado deles, como tem sido."
Edifício na Recta dos Canhas
Não terá vida fácil, Rui Marques, até 29 de Setembro. Segundo o nosso agente K-Ar da Peste, há um certo burburinho nos Canhas por causa do edifício em construção na Recta, pela SociCorreia.
Que se passa? Passa-se que não se passa. Isto é, que não se vê o necessário quadro com a licença da obra. Se a licença está lá, é há bem pouco tempo, ou então não se encontra muito à vista, como devia estar.
É que aquilo já está tudo 'galgado' e vem aí a última laje. Se é preciso, clarifique-se o processo, para evitar especulações que as campanhas eleitorais costumam potenciar ainda mais.
Sem comentários:
Enviar um comentário