A SEMANA DE 9 DIAS
No chamado Dia da Região, as bandeiras na Direcção de Finanças estavam como se vê. Mesmo antes de Victor Gaspar se libertar de si próprio. Nem da demissão de Portas se falava. |
A cerimónia da Ponta do Sol, em memória da Autonomia, cheirava a cipreste. |
No 'dia de finados' da Autonomia, especialistas da polícia trabalharam a bom trabalhar
Deixou registadas as banalidades habituais a pasmaceira desta semana de 9 dias, finda no 1.º de Julho, segunda-feira de finados, com a evocação da defunta Autonomia. Boicotes a vários níveis, trapaças do desgoverno na comunicação social, vulgaridades do bispo, greves, manifestações, zaragatas e ameaças dentro do PPD, enormidades sobre marinas, aparato policial nas ruas - enfim, nada de novo.
Rusgas, minas e armadilhas; e a 'confraria do Lazareto'
Policiais especialistas em minas e armadilhas andaram toda a santa noite de domingo para segunda farejando acessos e instalações do Centro Cultural John dos Passos. Já de manhã, nova rusga nos mesmos locais, para garantir a segurança dos dignitários que chegariam da capital insular nos Mercedes e BM's oficiais de alta cilindrada.
E lá chegou a comitiva funchalense, com os 3 vultos da 'confraria do Lazareto' em destaque: 'Meio Chefe' Jardim, sua majestade Miguel Mendonça e o delegado de Lisboa Ireneu Barreto. À falta do bispo, pontuava um trio ideal para as exéquias da Autonomia, falecida faz muitos anos e recordada anualmente à passagem do 1.º de Julho.
Já com aquele aparato de fatos escuros no terreno, debaixo de sol e ultravioletas, os polícias fardados e à civil vigiavam o ambiente como caçadores. Nunca se sabe quando é que aparece um desses doidos com a pancada de andar de copo de cerveja na mão. E a velhada que ainda se julga à testa do regime não aguentaria um atentado mais atrevido.
Já agora, adiantamos termos dado instruções ao K-Ar da Peste, que substituiu a agente K-Canhas (foi para férias sem subsídio) e também ao K7 - demos instruções para estarem de olho nas caras suspeitas que aparecessem na vila da Ponta do Sol, dessa forma colaborando com a defesa dos anciãos.
Delegado de São Lourenço provocou arrufos... e baralhou a cerimónia
Anciãos! Os dias anteriores foram reveladores dos achaques de velhice no seio da confraria. Ireneu, atacado ultimamente por uma irresistível tentação de protagonismo, pediu um lugar na sala das cerimónias. Isso provocou amuos nos outros velhotes. À margem da apresentação do livro do padre José Luís, a semana passada, alguns laranjas desalinhados divertiam-se com os arrufos de que ouviam falar por causa da presença do delegado Ireneu na Ponta do Sol. Miguel Mendonça já não passaria revista às tropas, Jardim baixava para terceiro na hierarquia - uma azia generalizada.
Digamos que o velhote de São Lourenço acusou o adiantado da idade precisamente na revista. Ele meteu-se pelo lado direito ao som da fanfarra, depois esta silenciou-se e ele julgou ser melhor voltar ao palanque, voltou, eis que a fanfarra torna com mais marcha... E o delegado Ireneu em bolandas.
Pouco depois, era Miguel Mendonça, sempre em pulgas nestas alturas por causa das inesperadas cenas de José Manuel Coelho, a dar a sua barraca, esquecendo-se de que antes de falar tinha de deixar tocar os hinos.
Houve lugar ainda para se dormitar durante o discurso barbudo que o presidente Mendonça voltou a ler e para ouvir o historiador Alberto Vieira contar Madeira do tempo em que os animais falavam.
Há quem acredite no fantasma que vagueia por aí, mas a Autonomia já se finou há muito. Coelho tem razão. |
Os trabalhos no Centro John dos Passos decorriam com morbidez no ar que os convivas respiravam, para o que muito contribuía José Manuel Coelho com uma vitrina fúnebre usual nas campas, com flores e a foto do defunto dentro. No caso de segunda-feira, o deputado trabalhista mostrava dentro da vitrina retratos de Miguel Mendonça e Jardim num fundo azul-amarelo da bandeira regional. Cheirava a finados e ainda mais a informação que nos chegava nessa mesma hora da autoria do misterioso 100K: uma foto da fachada das Finanças - Funchal - com as bandeiras nem sequer a meia haste, mas jogadas entre o parapeito de uma janela e as bases dos mastros.
O dia pretensamente festivo permitia evidenciar mais do que normalmente a morte da Autonomia, a degradação da vida financeira comum, o estado decrépito dos velhos que ainda se julgam populares, enfim, "a Madeira da mentira" que a coligação 'Pacto para a Democracia", pela voz de Carlos Pereira, denunciava muito perto do cerimonial, noutro fantasma emblemático do regime, a marina do Lugar de Baixo.
A coligação não foi ao John dos Passos, porque, como se sabe, há muito que a oposição não tem direito à palavra neste Dia da Região. E essa decisão da maioria é indiscutível, porque o argumento é forte: é assim que se faz nos Açores. E pronto. Os Açores às vezes dão jeito.
Já não há respeito: autarca laranja acha que o governo de 'Meio Chefe' não é infalível!
Na atmosfera do salão transpirando decadência, enquanto na praia banhistas fugiam da porcaria nas águas, sob a bandeira azul, o próprio presidente da Câmara da Ponta do Sol apresentou um discurso premeditado sem guardanapo no que decidira dizer na cara do outrora incontestável chefe Jardim. Apontou Rui Marques a tradicional arrogância da máquina governamental ao tratar com as autarquias, acusando, pois, Jardim de ter um governo que não sabe coordenar-se com aqueles que lidam junto do povo. Atreveu-se também o engenheiro autarca pontassolense a dizer que o governo, infalível nos discursos de Jardim, também fez coisas más. Não poupou aquele aborto de marina no Lugar de Baixo. E, ousadia das ousadias, resolveu elogiar publicamente 3 figuras... e nenhuma delas era chefe Jardim!
Realidade virtual
Isto já vai assim, na esteira da bagunçada que agita o desgoverno regional e o partido maioritário.
Ministro iraquiano da Propaganda arranjava trabalho cá. |
Não nos espantou, porém, que 'Meio Chefe', mesmo em face de um processo que já lhe fugiu das mãos, aparecesse junto dos jornalistas à margem da sessão para mais um naco de declarações ao cómico estilo do tal Muhammed al-Sahaf, ministro iraquiano da Propaganda, nos tempos de Saddam Hussein.
O homem vê almas do outro mundo. Acha que manda em alguma coisa e que a Autonomia está viva, só porque ela é falada na Constituição e no Estatuto da Madeira. E à noite, na RTP, dizia querer multiplicar os poderes autonómicos. Ora, qualquer quantidade multiplicada por zero dá zero.
Mas o homem, já que o povo o mantém no centro de dia das Angústias, tem de fazer e dizer alguma coisa. Ainda ontem à noite lá esteve a comiciar no Ilhéu de Câmara de Lobos para meia dúzia de pessoas que esperavam pela música. Depois, correu para o Parque de Santa Catarina. Tal como nos dois primeiros, ele não faltou ao terceiro concerto do Dia da Região.
O pior é a maçada que ele dá à polícia. Um Leitor do 'Fénix' deu-se ao trabalho de observar a segurança montada para sua excelência nesse concerto e reparou que ele, 'Mio Chefe', que chegou a meio do segundo número da orquestra, teve sempre um polícia à ilharga. Entrou por um acesso e mais tarde saiu por outro, nestas ocasiões protegido por 4 agentes à paisana. Pelo parque, haveria uma dezena e meia de polícias uniformizados, segundo o nosso Leitor, surpreendido com aquele aparato que nem Obama o Merkel. Estes costumes da Madeira Nova já são vulgares, porém. Nesta terra o que há de mais normal é a anormalidade.
Uma marina na Camacha...
Um amigo de longa data falava-nos, há dias, da sua intenção de propor publicamente a construção de uma marina na sua Camacha. Contrariámos: marina de montanha seria marinha sem barcos.
E ele: a marina do Lugar de Baixo também não tem barcos.
Vem esta surreal conversa de malucos a propósito da grande decisão governamental anunciada esta semana, de transformar a marina do Lugar de Baixo num centro de lazer.
Ora, uma marina destina-se ao lazer. As muralhas não têm fábricas de sapatos nem os iates são barcos de pesca. A marina do Lugar de Baixo dá muito trabalho, mas isso é depois de cada investida do mar SW ou da queda de pedregulhos de cima em baixo.
Mas... será que o governo mudou a filosofia para lazer por saber que poderiam surgir pedidos de marinas sem barcos, mesmo para o interior?
...Marina sem barcos, Região Autónoma sem Autonomia...
Como já referimos, estas 'normalidades' da nossa terra poderão ser 'enormidades' noutras paragens. Daqui a 30 anos, talvez a próxima geração considere este nosso tempo como surrealismo do mais radical.
...Mas, para nós, que tem de especial uma marina sem barcos?
Pois se vivemos numa Região Autónoma sem autonomia!
Esta é terra rege-se por uma Constituição democrática e não tem democracia!
Ser e não ser ao mesmo tempo é o que de mais banal temos no viver madeirense de hoje.
Estamos numa região insular que não tem transportes marítimos de passageiros. Quem não gosta do avião, vive sequestrado na sua terra.
Fizeram parques industriais para cabras em vez de indústrias.
Realizam festas da cereja e do pêro sem cerejas nem pêros.
...E festas da flor usando flores importadas. Piscinas sem natação e...
Polícia na igreja e nos concertos
Ainda sobre a segurança de 'Meio Chefe', refira-se que se banalizou o aparato de polícias por onde ele anda. Já durante a semana se vira isso em Santa Luzia. Polícias/BIR e seguranças para que sua excelência dormitasse tranquilamente no concerto dentro da igreja da paróquia.
O chefe precisa de sossego para ouvir música e desgovernar a contento, durante as suas curtas estadas na Região. Só assim o povo pode receber os frutos das políticas iniciadas há 230 anos e que se perpetuarão por mais 340. Quem possuir um mínimo de sentido de justiça há-de admitir que esses resultados se manifestam todos os dias.
'Meio Chefe' manda Lisboa despedir, para não se comprometer
Esta longa semana de 9 dias trouxe tantos exemplos que recordá-los se tornaria fastidioso.
Mas vejamos a comunicação social, por exemplo. Depois de pressionar durante 3 décadas, provocando saneamentos e demissões, sua excelência recebeu de bandeja, nos últimos dias, o centro regional da RTP. Assim, pode materializar as ameaças de pôr na rua os jornalistas que não são isentos, isto é, aqueles que acham falar em mais alguém para lá de sua excelência.
Esta semana, a propósito da RTP, ele avisou: a RDP ou se porta bem ou fecha. Portar bem é despedir o jornalista da RDP que não lhe tem agradado no 'Dossier de Imprensa' da RTP. Já quanto a esta estação de TV, ele, 'Meio Chefe', sabe como fazer. Não quer ser responsabilizado por despedimentos e Lisboa que os faça, caso entenda fazê-los. Mas é claro que as indicações para a lista de Shindler sairão das Angústias para o CA da RTP-Lisboa.
Entretanto, as chefias da RTP-Madeira, sabendo que têm o lugar em perigo, aplacarão as iras de sua excelência acabando o 'Dossier de Imprensa', pelo menos nos actuais moldes. Quando muito, participarão no programa jornalistas em alternância, para evitar que 3 'comunas' (isto é, gente que não apaparica 'Meio Chefe') se instalem no estúdio todas as semanas a 'dizer mal'.
Daniela Maria... na reforma!
Os tais resultados da política de 'Meio Chefe' em matéria de comunicação social continuam a brilhar. Sexta-feira passada foi o último dia de trabalho de Daniela Maria, da RDP - voz conhecida da informação radiofónica e âncora muito apreciada em programas da TV. Outros jornalistas saíram há pouco, outros sairão 'dentro de momentos', para juntar-se a um pelotão de profissionais conhecidos de telespectadores e leitores madeirenses. Porque, ou por isto ou por aquilo, muitas vezes por influência do poder político-partidário, não têm lugar nos media da Região jornalistas como Jorge Ventura, Rui Fino, Eker Sommer, Marta Caires, Raquel Gonçalves, Berta Helena, Juan Fernandez, António Jorge Pinto, Emanuel Silva e outros profissionais de alto gabarito com quem tivemos a sorte de trabalhar. Muito rico deve andar o meio jornalístico para dispensar aqueles nossos antigos colegas!
Nem de lupa se conseguem ler as contas do ex-JM
Um dos estratagemas jardineiristas para mandar na comunicação social foi enfraquecer o DN financeiramente, através de vários passes de batota - a concorrência desleal utilizando o JM, o boicote comercial, as pressões junto dos anunciantes e assinantes. Já lá vão alguns anos nessa perseguição. Um dia destes, os madeirenses sorriram ao ver as contas do JM plasmadas nas páginas da edição do jornal de Jardim e do bispo. Ou melhor, ao tentarem ver. Nem à lupa se conseguem perceber os balúrdios do povo que se ardem diariamente no órgão oficioso do chefe.
É lá que sua excelência trata de assassinar personalidades e caracteres, sem escolher se os seus adversários estão dentro ou fora do partido de que ainda é 'Meio Chefe'. Na semana finda, além dos artigos assinados pelo das Angústias, apareceu um daqueles de autoria fantasma, destinados a bater em Miguel Albuquerque. Escritos embalados ao grasnar das araras.
Pois. É o que dizemos: nada de novo aconteceu nestes 9 dias.
Iate dos Beatles também se fina e vai para a última morada
Pode considerar-se que a saída do 'Iate dos Beatles' do ex-calhau funchalense foi novidade, mas ao tempo que o destino do barco estava traçado! O que pode merecer uma referência é o facto de a chegada do 'Vagrant' ao Caniçal se registar no dia da inauguração da Quinta do Lorde. Chegava uma velharia flutuante à zona leste, nascia por lá um empreendimento turístico espampanante, numa festa com fatos escuros e muito requinte.
O povo, ingrato, ainda vocifera contra quem 'esgalhou' esta Madeira Nova!
Tão velhos como os santos populares que nos deram oportunidade para uns copos e uns comes, nos últimos dias, foram os desenvolvimentos partidários da semana. 'Meio Chefe' a sugerir aos militantes PPD que não dêem tiros nos pés. Logo ele, que já não tem espaço nos esburacados 'presuntos' onde acertar!
E ele novamente a ameaçar que os social-democratas que se candidatarem como independentes serão expulsos da Rua dos Netos.
Se ele pudesse fazer um partido sozinho!...
'Peregrino de Bruxelas'
João Cunha e Silva substituiu o 'peregrino de Bruxelas' numa viagem às Europas. Manuel António, a propósito da sua deslocação à Venezuela, país em pulgas pelas comemorações que a Região lá foi fazer no dia 1, deixou a Madeira com uma máxima que nos fará reflectir até ao seu regresso: "A Madeira quer aumentar as exportações."
Para quem acusa os desgovernantes de falta de criatividade, tomem lá com esta do Manel, que devido à originalidade mereceu primeira página no ex-JM.
Chegamos a pensar que, se aparecesse nesta Madeira Nova que tem inteligência para usar e exportar, Cícero daria um extraordinário director regional do saneamento básico.
O bispo também cultiva o pensamento. Nestes dias, deu conselho aos fiéis para andarem "de olhos abertos", não para se defenderem da exploração e dos demagogos que lhes dão 'pão e circo', mas para ajudarem os necessitados. Uma versão nova: o roto deve andar de olhos abertos para ajudar o esfarrapado!
O bispo teve outras andanças. Esteve nos Prazeres no lançamento do livro do padre Manuel de Nóbrega. O seu chefe temporal e rei da tabanca também lá estava. Rei das Angústias que, no sábado anterior, abandonara a igreja de São Roque, onde a deputada Cláudia Sofia Monteiro de Aguiar se casava, porque o padre José Luís ia começar o sermão.
À mesma hora da sessão livreira nos Prazeres, era precisamente o padre José Luís a lançar o seu livro "O que não deve ser a fé", no superlotado átrio do Teatro Municipal, com o bispo emérito D. Teodoro e o presidente da Câmara do Funchal Miguel Albuquerque na mesa de honra.
Vade retro! - disseram 'Meio Chefe' e o chefe das 4 Fontes. E ficaram-se pelos Prazeres.
A semana finda augura muito tempo de vida feliz a este regime. 'Meio Chefe' até foi, discretamente, fazer exames de rotina ao hospital. Tem de estar forte para enfrentar as greves e as manifestações, como as dos últimos dias, apesar de se saber que são participadas por escassas pessoas.
O regime perdura, mesmo que o Tribunal de Contas, como dissemos esta semana, insista com os grupos parlamentares para mostrarem as contas do jackpot. Qual prender gente!
Esperamos que a normalidade continue a bafejar este santo rincão. Oramos para que sua excelência continue inspirado como domingo passado na Feira do Gado. Com ele naqueles ares nortenhos, é festa de asneiras pela certa: canta ele, bailam cabras e vacas.
...Que é para isto não ter ar de funeral todos os dias.
Com Jardim pelo Norte, ainda se nota certa animação. Mas a verdade é que lá se foi o tempo em que a plebe se deixava embalar com milho e telefonia. |
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