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sexta-feira, 26 de julho de 2013

POLÍTICA DAS ANGÚSTIAS


PULVERIZAÇÃO


Maioria absoluta em câmaras será raridade na Região. O que significa um trambolhão eleitoral do PPD, em 29 de Setembro. As oposições, se não forem ingratas, devem agradecer a Jardim, que domingo na herdade aplica nova bordoada no seu próprio partido





Sábado passado (20), Rui Marques sentou-se a espairecer um nadinha na esplanada pequena mas agradável daquele bar-mercearia separado 70 ou 80 metros do estabelecimento 'Dos Amigos', no sítio do Livramento, Ponta do Sol. Atendendo à época de pré-campanha em curso, observadores permanentes imaginaram que o presidente da Câmara interpretava um número de sedução, normal nestas alturas, junto do proprietário do muito frequentado negócio, um munícipe bem visto e aceite entre os conterrâneos.
Se a ideia era essa e o eng.º Rui Marques não recebeu na hora novidade nenhuma, deve ter-se surpreendido ao saber, 2 ou 3 dias depois, que o dono do negócio, Francisco Piloto, havia cedido anteriormente aos argumentos de Célia Pessegueiro, candidata socialista à presidência da Câmara, para disputar pelo PS a Junta de Freguesia da Ponta do Sol. Por sinal, Piloto reside na Lombada, sítio com história na valente política militante - ou não fosse a Lombada dos Esmeraldos a terra onde Sãozinha caiu baleada pelos verdugos.


Ponta do Sol: exemplo da fragmentação geral

Rui Marques também só saberia depois, se é que a esta hora já sabe, que também no sítio do Livramento, a uns 20 metros de 'Dos Amigos', acaba de ser instalada a sede eleitoral de outro potencial concorrente chamado 'Movimento pela Ponta do Sol', liderado pelo ex-activista social-democrata André Pestana.


Célia Pessegueiro,
umas das mais fortes dores
de cabeça para o PPD. 
Juntem-se a estes coloridos da actualidade pontassolense o impacte das outras candidaturas. Nem a CDU desiste de combater e candidata Urânia Gaspar à Câmara. 
Célia Pessegueiro, antiga líder da JS e natural dos Canhas, não precisa de apresentação aos munícipes para constituir um embaraçoso problema diante dos social-democratas. 
O PP, com algum capital de votos no município, avança sob liderança de Artur Aguiar. 
Maria Ganança, rosto da ancestral luta das bordadeiras, atrairá votos para o Bloco de Esquerda, muitos ou poucos, mas votos que farão falta a outros. 
Há mais razões para Rui Marque dormir mal até fins de Setembro. Eleitores assumem desde já que darão asas ao seu descontentamento: voto em José Faria, o popular 'Zé Rato', que concorre com as cores do PTP de José Manuel Coelho. Os homens que lidam na serra estão nessa ala.
André Pestana parece estar já perto dos 600 e tal votos necessários para formalizar a candidatura independente, o que representa um perigo considerável para o PPD. Ora, 600 votos dão praticamente um vereador. Não se sabe se todos os que assinam votarão no 'Movimento pela Ponta do Sol', mas também se desconhece até que ponto não haverá outros que, mesmo sem assinar, colocarão o X nesse quadradinho.
A luta promete ser campal e encarniçada. Convenhamos: se o PPD ganhar com maioria absoluta, Rui Marques bem se pode gabar de uma vitória para registar. 

E o Porto Santo e Machico e São Vicente e...

Mas... quem diria! A Ponta do Sol, antigo bastião laranja, transformada num exemplo da pulverização que abalará vários concelhos da Região nas autárquicas de 29 de Setembro! As maiorias absolutas estão em vias de extinção.

Podíamos falar do Porto Santo. Mas trata-se de um sobejamente conhecido caso de fragmentação com estilhaços a saltar em todas as direcções. Maioria absoluta, só por milagre.

Evidentemente, há câmaras cativas do PPD. Se Viseu foi o cavaquistão, Calheta é o laranjão regional. Não se percebe que ali haja volta a dar para sequer fazer abanar a caminhada triunfal de Carlos Teles e sua equipa.
Na mesma linha seguem supostamente a Ribeira Brava e Câmara de Lobos.
As dores de cabeça do PPD estão localizadas.
No Porto Moniz, como em outros concelhos, a juventude descontente emigrou e não vota. Mesmo assim, Emanuel Câmara é um candidato muito sério à vitória final, pelo PS.
São Vicente conta com um dos movimentos independentes em moda na Região - ali também dinamizado por desiludidos com a velha política jardinista. 
Em Santana, o perigo desta vez apresenta-se ao social-democrata Rui Moisés pela direita. O PS debate-se com dificuldades na constituição da equipa e o PP anima-se para tentar 'roubar' vereadores ao PPD.
Machico parece neste momento uma das incógnitas mais fechadas do cenário eleitoral. O triunfalismo social-democrata cheira-nos a falsa sinceridade e, pensando um pouco, não é de afastar a hipótese de o protesto contra os tempos de crise, com muitas consequências no concelho, beneficiar o partido de Victor Freitas - e de maneira surpreendente.
Santa Cruz afigura-se um caso arrumado. Filipe Sousa do JPP será presidente da Câmara. Não acreditamos que o PPD consiga reagrupar os bocadinhos em que se partiu desde que se começou a falar em eleições e os candidatos desejados pelo partido foram fugindo à vez, como puderam. Martinho Gouveia, Savino Correia... 
popularidade de Filipe Sousa extravasa a sua freguesia de Gaula em todas as direcções. Se não se registar uma surpresa estonteante - falta um mês ainda para o PPD se reorganizar -, a vitória do JPP não se ficará pela Câmara, vai dilatar-se às juntas de freguesia.


Festa PPD: Jardim vingativo promove Miguel e trama Bruno


Finalmente, a caixinha de surpresas do Funchal. 
Jardim não pára de agravar as dificuldades naturalmente levantadas no caminho de Bruno Pereira por um regime caduco. O grande chefe da tribo laranja soma novos problemas aos seus apaniguados, em cada dia que passa. Ele é incapaz de pôr os interesses do partido acima dos seus rancores pessoais.





Cada vez que Meio Chefe
tenta alvejar Miguel,
acerta em Bruno



Não saberá chefe Jardim que, ao retirar Miguel Albuquerque do programa de intervenientes domingo, nas Carreiras, só piora as coisas? Se ainda não esqueceu Maquiavel, percebe que, tal como está a fazer, promove o presidente da Câmara à condição de vedeta daquela festa na serra. Obviamente, os media já têm assunto para encher reportagem: mais um episódio da 'perseguição' de Jardim a Miguel. O que não aconteceria se - como no ano passado - Miguel Albuquerque fosse chamado normalmente a falar, sem drama a merecer um directo de TV.
Pelo contrário, Jardim poderia ficar em cima do palco, perto dos rapazes do 'Galáxia', a ver Miguel meter os pés pelas mãos numa intervenção que nos outros anos se resumia a meia dúzia de frases feitas, de circunstância. Jardim poderia ver no domingo aquele estrado transformar-se num cadafalso para o presidente da Câmara. Porque, a discursar mesmo, Miguel teria de especificar, diante da multidão, a sua posição durante o próximo mês, até às eleições. Apoia ou não Bruno Pereira? 
E se não se manifestasse favoravelmente a Bruno, logo seria acusado de faltar com o devido apoio à candidatura do seu partido. 
Inversamente, se apelasse ao voto no PPD-Funchal, estaria a pedir apoio para o candidato que o atraiçoou - o que soaria a falso sobretudo entre os social-democratas que hoje combatem a facção jardinista.
Mas Jardim dispensou-se de encurralar o challenger naquela dilemática situação de 'ser preso por ter cão e ser preso por não o ter'. 
O grande desejo de Jardim era impedir que Albuquerque brilhasse em palco naquele que seria o seu último discurso na festa do partido. Mesmo sabendo que lhe proporciona o protagonismo de mártir, tornando-o vedeta da festa aos olhos dos jornalistas. A raiva e o ódio inquinam a reflexão política.
Assim, temos que Jardim poupa Albuquerque a uma intervenção difícil, dá-lhe ainda um lugar de vedeta na festa e trama impiedosamente Bruno Pereira. Porque a realidade é esta: quanto mais cresce Miguel, mais desce a candidatura PPD ao Funchal.
Jardim borrifa-se - é o termo - para os interesses do seu partido. Ele dá tudo para ser eternamente o Único Importante. Quem vier atrás...


'Mudança' começa a subir no gráfico da mobilização





Tudo de bandeja para os concorrentes da oposição à Câmara - eis o serviço feito pelo célebre 'Meio Chefe' do PPD. 
As eleições autárquicas no Funchal serão as primárias com vista às regionais de 2015. A coligação 'Mudança', com todos os partidos da oposição menos PP e CDU, trabalha para finalmente mudar a correlação de forças. Aposta no professor Paulo Cafôfo, eis o ponto de partida. E a verdade é que demorou muito a perceber-se o que é o candidato. As últimas entrevistas têm revelado, enfim, algumas ideias para usar no município capital. Mas, mais do que o quê, é preciso saber-se quem é o candidato. É regra das eleições locais. Está por fazer a entrevista sobre a pessoa em quem os funchalenses depositem confiança para gerir a Câmara durante 4 anos. Falta um mês de trabalho ainda e os últimos dias são de linha ascendente no gráfico da mobilização aliancista. Os partidos da 'Mudança' já mostraram potencialidades que permitem esperar-se muito mais, até fins de Setembro.


Zé Manel: a obsessão de ser o Portas da Madeira





Quem não integrou a coligação foram CDU e PP, o primeiro por razões congénitas, o segundo pela ambição de voar 'a solo' até ao mais alto possível.
O processo de candidaturas no PP não tem corrido tão facilmente quanto o esperado. A comissão de honra dos populares resume-se a duas famílias da Região e a nomes tirados da 'prata da casa'. 
A constituição de listas não difere. É ver-se os estrategos pegarem em elementos que já ocupam cargos e lugares, baralharem-nos e trocarem-nos de um lado para outro. Os deputados, então - agora Rui Barreto também -, ei-los metidos em catadupa a tapar buracos das listas por essas câmaras e juntas de freguesia.
A campanha de muppies é um ponto positivo na pré-campanha popular, que montou sede num edifício da Rua das Queimadas pertença de um apoiante de Bruno Pereira, o eng.º Rui Alves. Eficácia mais alto do que o sentimentalismo. 
Quanto a outdoors, José Manuel Rodrigues tem a escola do jornalismo apelativo e as frases nos cartazes são felizes, do ponto de vista do interesse prático dos munícipes. Zé promete ajudar o povo na utilização dos Horários do Funchal, na luta pelos acessos ao mar. Diz que "dar força ao comércio é dar vida à cidade" e que, com ele na Câmara, "o governo não manda na cidade". Promete "prioridade ao turismo, economia e emprego".  
O objectivo de Zé Manel é, se não ganhar sozinho, tornar-se indispensável a uma maioria na Câmara do Funchal, obviamente em aliança com o PPD. Mas isso como primeiro passo em direcção à meta final, que é integrar, já em 2015, um governo regional também com o PPD. Claro, se os resultados das eleições, este ano e em 2015, se conjugarem da forma que o PP antevê.
Em suma, temos uma versão regional do maquiavelinho continental Paulo Portas.
É muito possível que a tropa Portas-José Manuel alcance melhores resultados e vá mais longe nos corredores do poder, mas o povo pensante preferia outra tropa, a da linha Monteiro-Ricardo Vieira. Julgamos nós.
Mas são guerras da Direita. 
Ansiamos pela demonstração das capacidades do PP. Ver até onde chega esta toada de grandeza assumida pelos populares nova vaga. O impacte de Zé Manel nos cartazes e nas aparições televisivas mostra um actor de ribalta. É assim que os grandes líderes fazem caminho. Zé já vai alto. Como as grandes vedetas, já não está acessível a qualquer badameco.


10 comentários:

Anónimo disse...

Uma boa análise dos factos políticos merece ser escrita e lida. É o caso. Parabéns.

Anónimo disse...

Caro Luís Calisto, qual linha do dr. Ricardo Vieira é preferida? A do vereador na Câmara Municipal e, ao mesmo tempo, advogado dos hotéis CS Madeira e Savoy, em claro em condenável conflito de interesses?
Acho que ainda prefiro, sem margem para dúvidas, a linha do José Manuel Rodrigues...

Luís Calisto disse...

Caros Comentadores
A minha preferência é exclusivamente de jornalista. Estava a recordar-me dos espectaculares congressos do tempo Manuel Monteiro-Ricardo Vieira, que desafiavam reportagem... em contraponto com o tratamento dos problemas mais atrás dos bastidores, como acontece com a linha dirigente actual.
Quanto ao meu Amigo Zé Manel, velho companheiro das notícias e das cachas, de cá de baixo quase não lhe consigo traduzir a estratégia, de tão alto que se põe como chefe na mó de cima. Mas, tal como em relação a outras pessoas que conheço, ponho as mãos no fogo pela sua honestidade, sem vacilar um instante.

Anónimo disse...

Você está a menosprezar a fidelidade da viloada. E também a sua capacidade de suportar o sofrimento. Escreva isto: nem no segredo da cabina de voto o madeirense se rebela; não está no seu sangue e ponto final. As únicas excepçoes serão porventura Funchal e Santa Cruz.

Luís Calisto disse...

Se há qualquer coisa neste povo que reconheço intocável é a sua queda para o masoquismo. Quando acho que o PPD perderá maiorias absolutas (não necessariamente autarquias) não é por uma súbita clarividência do pagode, mas pela jeiteira do patrão da tabanca para escaqueirar o seu partido, depois de ter treinado a escaqueirar a Madeira.

Anónimo disse...

Penso que, o AJJ, ao excluir O Miguel Albuquerque no Domingo, assinou a sua saída de Presidente do PSD. Domingo, quando o Albuquerque subir ao Chão da Lagoa, aquilo é capaz de dar para o torto, pois de certeza com os vapores etílicos que lá se respiram, vai haver bocas e provocações entre as duas "meias metades", pelo que, espero que dê merda da grossa, eheheeh. Além disso, com o desastre que se anuncia nas Autárquicas, se perderem 3 câmaras, seguramente que exigirão um congresso antecipado ao PSD e a cabeça do Meio-Chefe, A ver vamos.

Anónimo disse...

Se perderem 3 câmaras o discurso de AJJ será: o PSD é o vencedor destas eleiçoes pois ganhou 3 das 11 câmaras da Madeira; a Madeira foi a região do país onde o PSD obteve a votação mais elevada; o PSD-Madeira só não conseguiu melhor devido às politicas erradas que Lisboa está a aplicar e porque houve pessoas no PSD-Madeira que fizeram o jogo da oposição e que agora têm de ser expulsas do partido; a população dos concelhos que não votou no PSD vai ser responsabilizada (eufemismo para castigada) pela escolha que fez.
E a violoada vai engolir isto e o baile continuará. Dúvidas? Não há nem pode haver.

Anónimo disse...

Errata ao meu post: o PSD ganhará 8 câmaras se a oposição ganhar 3; e quase no fim, é viloada e não violoada, embora o trocadilho até tenha algo de verdade.

Fernado Jesus disse...

Eu acho o José Manuel um candidato com uma imagem fraca , sempre aparece com as mesmas 3 raparigas que eu nunca vi em lado nenhum atras dele com um ar de desespero para conseguir tacho

Anónimo disse...

Não fico surpreendido pelo facto de não se criticar a sujidade eleitoral no Funchal e no resto da ilha. Só se fosse exclusivo "pê pê dê" é que falava...