JAIME A BORRIFAR-SE
PARA GUERRA DE JARDIM
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* Para o secretário-geral do PPD, a declaração de guerra do chefe é igual ao litro.
* Novos ataques no JM de sábado mostram que o PPD-Jardim está reduzido a um monte de escombros onde campeia a intriga
Ainda incrédulos com a novidade do divórcio Jardim-Jaime apregoado nas páginas do JM de sexta-feira (9), chegou-nos uma informação suplementar: está previsto mais bombardeamento na edição deste sábado.
Dito e feito. Novo artigo não assinado no 'gratuito' apresenta-se como continuação de uma "investigação do JM ao interior do PSD". Ou seja, vê-se a olho nu que o dito foi engendrado na Quinta das Angústias.
É ler e perceber que a peça vem agravar ainda mais a situação no PSD.
Agora já não se trata somente de Miguel Albuquerque e de Jaime Ramos. O que percebemos dali é uma generalização de 'suspeitos' dentro do partido que só pode levar a esta conclusão: o PPD-Jardim que resta reduz-se a uma teia de intrigas urdida pelo próprio líder.
Sem guardanapo, Jardim assume ter constituído no início deste ano uma equipa da sua confiança que "vem estabelecendo discretamente uma recolha de dados". Uma espécie de 'caça às bruxas' que já permitiu deixar sob controlo de Jardim o problema das "fugas de informação" para a imprensa. São 4 as fontes e não uma apenas a pôr na rua todas as incidências passadas nas reuniões da comissão política, diz o 'investigador' do JM, no artigo a sair hoje.
Jaime nunca foi medroso, não o seria agora
Aquilo a que Jardim chama "núcleo duro" na sua peça intitulada "Mais histórias de ressabiados..." não existe pura e simplesmente, a menos que se possa atribuir essa designação a um grupo constituído pelo próprio mentor e 2 ou 3 colaboradores próximos, praticamente sem cargos no partido.
Segunda observação: Jardim, ao anunciar a criação da sua rede de contra-espionagem, não consegue intimidar quem quer que seja.
Desengane-se, aliás, quem julgar que o chefe deixou Jaime Ramos preocupado com a declaração de guerra de ontem no JM, redigida depois do almoço que na quinta-feira (8) juntou ambos nas Angústias. O secretário-geral, nos contactos que teve durante o dia de sexta, mostrou-se absolutamente tranquilo, despreocupado, 'borrifando-se' positivamente para o que o chefe escrevera.
Se Jardim quer guerra, é igual ao litro - depreende-se dos comentários particulares de quem sondou Jaime para lhe perceber a reacção ao demolidor ataque de que fora alvo nas páginas 1 e 2 do JM de sexta.
Não estranhamos, mas convém vincar: Jaime nunca foi medroso e não o seria agora, nem perante as iras do chefe, conforme relevam companheiros seus que lhe mediram o pulso a respeito da inesperada ruptura decretada por Jardim.
Chefe a salvar o pêlo
O mesmo acontecerá entre os "notáveis" - palavra usada por Jardim - eventualmente atingidos pelo artigo 'recarga', hoje publicado. Os tempos mudaram e todo o partido está de olho no futuro, não nas figuras passadistas que estrebucham nesta fase de 'esticar o canelo', como diz o povo de quem vai desta para melhor, salvo seja.
Tal como no primeiro escrito, Jardim trata de salvar o próprio pêlo, face ao que está para vir, em termos eleitorais e na corrida à liderança do partido, que se adivinha renhida e concorrida.
A estratégia continua a ter base surreal. Não é - pretende impor o articulista das Angústias - não é Jardim o centro do problema, ninguém está contra ele. A origem da rebelião chama-se Manuel António. Jardim sacode a pressão e a contestação generalizada, pois, lá para os lados da Secretaria do Ambiente.
Bastaria o chefe não ter declarado apoio a Manuel António, em matéria de sucessão, e nada disto estaria a acontecer no partido. Pinta ele, chefe.
"A teia que ontem o Jornal da Madeira denunciou adensou-se e activou-se mais quando Jardim disse que apoiaria uma eventual candidatura de Manuel António Correia, pessoa que sabe fiel ao líder e sem compromissos estranhos com sociedades secretas ou grupos económicos", escreve o incrível articulista.
Obviamente que não convence nem sequer o próprio Manuel António Correia, que já não tem idade para acreditar naqueles fantasmas das 'sociedades secretas' e 'grupos económicos' inventados pelo expert em acção psicológica.
O artigo deste sábado divaga sobre os inimigos da liderança social-democrata reunidos numa 'teoria da conspiração' criada para instalar um clima de bufaria no partido, utilizando a imprensa para desestabilizar.
Ora, bufaria é o que Jardim pretende fazer, com o tal de 'núcleo duro'.
Torna-se fastidioso e repetitivo analisar as teses e contra-teses do escrito. Vejamos apenas o cenário que o chefe desenha para explicar o porquê de haver tanta gente descontente. São 3 situações, diz ele:
1 - Alianças internas dentro do partido entre 'notáveis', que antes não se podiam ver (sic), mediante contratos de partilha futura de lugares políticos de destaque.
2 - Uma autêntica corrida a conseguirem uma certa imunidade junto da comunicação social adversa ao PSD, pagando com serviços de delação.
3 - O facto de nalguns concelhos que foram sempre muito afectos à política do líder social-democrata, as estruturas locais, surpreendentemente, terem votado no adversário de Jardim nas eleições internas do ano passado.
Intriga, delação, traição...
A isto está reduzido o 'poderoso PPD'. Intriga, delação, inveja, ambição, traição.
O partido no poder não pensa na governação, no combate à crise que massacra populações de 11 concelhos, não prepara eleições autárquicas em termos criativos para servir os munícipes.
O artigo a que nos reportamos tenta dizer o contrário disto, no parágrafo final: "O JM apurou ainda que Jardim terá dado instruções ao seu 'núcleo duro' para ignorar os jogos internos dos 'notáveis', a estes secundarizando completamente sem descurar a recolha de informação, e para ser dada toda a atenção e prioridade à actividade governativa, aos contactos com a população e ao apoio aos candidatos autárquicos."
O artigo diz isto, mas sem pinga de credibilidade.
É Jardim a dizer que 'apurou' junto de si próprio.
São instruções que ninguém ouve.
Não há 'núcleo duro' nenhum, há é duas ou três figuras que já foram usadas e hoje usam Jardim para ajudar a eliminar a concorrência interna.
A 'recolha de informações' não atemoriza ninguém, já.
Não há qualquer "actividade governativa".
A população não aceita mais os velhos "contactos".
Os candidatos do PPD às autárquicas não só dispensam o apoio de Jardim na campanha como lhe pedem por favor que não se lembre de aparecer.
Afinal, que leva Jardim a estes espasmos?
É que, no delírio, ainda alimenta uma certa esperança de chegar a Dezembro de 2014 e ter a votar internamente apenas 7 ou 8 eleitores, jardim-dependentes, de modo a que ganhe mais um tempinho a mandar, mandar.
Sem ironia, a situação torna-se lastimável.
4 comentários:
Pois, pois estamos na rota da Bosnia. No nosso caso, felizmente, falamos a mesma lingua. Reduz os riscos...
Os responsaveis das autarquicas sao o UI, o suposto nucleo duro, e JR que andaram nas freguesias a escolher candidatos. O resto ė conversa. E de resto, o fim deste PSD vai continuar a desfazer-se no Jornal da Madeira que vai ter esse mérito de abrir e enterrar a intriga.
Caro Luís Calisto
Um líder tem de ser firme. Mas também tem de saber muito bem onde acaba a firmeza e começa a teimosia.
Neste caso, Jardim ultrapassou todos os limites da sensatez porque, desde a descoberta do famoso buraco nas contas, passou a ter os dias contados. E, cada dia que deixou passar sem se demitir, só agravou a sua situação.
Porém, como todos os falhados, não consegue reconhecer que é ele o grande culpado pelo que lhe está a acontecer e, por tabela, a todos os madeirenses. Para ele a culpa é sempre dos outros. Mas já estamos habituados a essa música.
Como os bufos do NÙCLEO DURO vêm a este blogue recolher informação, fica o conselho: O UI que saia do poder em outubro, e deixe os futuros candidatos se perfilharem livremente. O futuro do PPD será um PSD diferente e para gerir novos tempos, com grande limpeza de sanitas enferrujadas e nauseabundas. No entanto , como o UI gosta de fazer ao contrário, certamente que não embarcará neste futuro mais calmo para ele , e para os Madeirenses...
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