“Ou se tem-se, ou não se tem-se”
No tempo da “Madeira Velha”, hoje retornada, apesar de então analfabetizado pelo boçal “establishment” do Cambão explorador, o Povo teve sempre Sabedoria.
Na grandeza da Sua simplicidade santa, a propósito de haver ou não haver Educação, dizia: “ou se tem-se, ou não se tem-se”.
Isto decorre da conversa do actual presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, na celebração orquestrada para o Ano Primeiro da Descoberta.
Disse que “a Madeira caminha para uma credibilização das instituições”.
Isto é, antes do Ano Primeiro da Descoberta, durante quarenta anos, as Instituições da Autonomia não eram credíveis, apesar de livremente eleitas pelos Povo Madeirense! E, até neste momento, ainda não o são, já que para lá vão a caminho!
Aos olhos de quem não eram credíveis, omitiu. Mas, se aos de Lisboa, é-nos indiferente, não constitui problema.
Como antes o actual presidente também era Deputado, logo igualmente não era credível.
Como antes o homem era dirigente do então autonomista e social-democrata PSD, logo, no entender dele próprio, não era credível.
Só que, nesse antes, esta personalidade não teve a coragem de dizer a Todos os Companheiros e Adversários, nas anteriores Legislaturas do nosso Parlamento, que Eles não eram credíveis. Aos quais peço desculpa pelas vezes que a candidatei.
O azar, da personalidade em causa, é que o Povo que a Todos nos elegeu, soberana e sucessivamente julgou-nos credíveis. O que é bastante sobre tão douta opinião.
Esta vivência politico-partidária, dominada pela obsessão contra os que os antecederam, os selecionaram e MUDARAM A MADEIRA enfrentando o Cambão da “Madeira Velha”, erradamente está a provocar uma fractura cada vez maior e mais tensa no seio do PSD local - propositadamente não digo “da Madeira” - arrastando-nos para uma assim previsível fragilização sem retorno, se antes nada for feito. Ainda estão a tempo da sindérese.
Esta “estratégia” (?!…) é um benefício para quem e de quê?!… Ao menos expliquem…
Ao Povo Madeirense é que de certeza não beneficia.
Valha-nos um humor que, antes, não descortinávamos neste celebrante do Ano Primeiro da Descoberta. Temos “o melhor diálogo entre a República e a Região”, apesar de o Estado não assumir a “dívida histórica” para com o Povo Madeirense, explorado mais de cinco séculos, e de nos ser recusada a legítima Autonomia a que temos Direito.
Outra: “um conjunto de reformas do sistema político na Região que tem beneficiado muito a Autonomia”. Quais?… Como tem “beneficiado”?…
Já agora, não se esqueçam de ser tenores nas celebrações situacionistas deste sistema político-constitucional, partidocrático e corporativo, roubado à soberania referendária dos Portugueses.
E mais esta: “tem sido um ano muito produtivo, existe uma nova dinâmica parlamentar”. Desculpe, Leitor! Aqui interrompo, estou todo torcido de gargalhar, não consigo escrever …
* * *
Puf!… Pronto, já recuperei.
A sério. O seguro de vida do actual PSD local, são as debilidade do CDS e PS da paróquia, estes sim, sem crédito e também modelados pelo Cambão da “Madeira Velha”.
Não combaterei o PSD que ajudei a criar autonomista e social-democrata.
Mas insisto em reavisar que, apesar da censura generalizada na comunicação “social” convencional do arquipélago, não calarei injustiças contra os meus Companheiros de percurso e desmontarei as mentiras contra o passado de minha responsabilidade.
O síndico parlamentar veio com mais esta: “hoje praticamente não há nada escondido (“não há nada”, em português quer dizer há) é uma administração transparente”. Esta percebe-se com quê e com quem está articulada…
Mas, já agora, a figura em questão diga-nos o que haveria “escondido”, o que é que, como deputado, ou escondeu, ou não fiscalizou.
É muito feio amesquinhar outros, para se pôr em “bicos de pés”!
Até mais anti-ético e inestético do que os episódios de nudismo parlamentar, incidentes que o anterior Presidente da Assembleia Legislativa tinha a coragem de eliminar, apesar da legislação colonial.
O Povo tem razão. Educação “ou se tem-se, ou não se tem-se”.
Funchal, aos 29 de Março do Ano Primeiro da Descoberta
Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim