Alta Política
A bomba da jornada eleitoral rebentou com o pano prestes a cair: Paulo Cafofo assumiu as responsabilidades de o PS não ter alcançado os resultados perseguidos e demitiu-se da liderança do partido. Em directo, à frente dos madeirenses.
Escaldante final do aguardado dia autárquico.
A medida drástica não deveria causar grande surpresa. Afinal, os resultados práticos da liderança do Profe redundam num tremendo 0-4. Com eleições regionais à vista, em 2023, não é de espantar que se faça alguma coisa num partido que se remodelou para tentar interromper a caravana 'cantando e rindo' que vagueia pela Região há perto de 50 anos.
Ou seja: a demissão de Cafofo não é propriamente uma bomba. Realmente - como confessou ontem - ele falhou nos intentos de acabar com o regime de democracia crispada que asfixiou a Madeira durante mais de 40 anos.
A sua decisão só é surpreendente pela novidade. Dezenas de políticos que chegaram à liderança dos partidos foram apanhados em situações análogas à de ontem. Ou até mais humilhantes. E a sua reacção, em vez da demissão, foi inventar umas décimas e umas vírgulas percentuais para tentar demonstrar que o seu partido não havia perdido as eleições, que afinal...
Poucos saíram com dignidade.
Cafofo enfrentou a questão que se lhe colocou ontem e concluiu que a sua dignidade não lhe permitia saltar a derrota e fingir que não era nada com ele.
Houve alguma precipitação da sua parte. Julgo que ainda tinha margem para convocar um congresso e pedir uma opinião aos militantes: devia ele tentar ainda umas regionais em 2023, atendendo até aos bons resultados de 2019?
O congresso decidiria.
Depois, convém perceber que a pandemia covid 19 teve muita influência nestas eleições, as primeiras que se posicionaram de modo a os madeirenses agradecerem, digamos assim, o papel do governo laranja chefiado por Albuquerque - e Pedro Calado - no combate ao diabólico vírus. Toda a gente percebia que o sentimento popular emparelhou com as posições das autoridades regionais, algumas delas arriscadas - assumidas em defesa da saúde pública.
O eleitorado chegava agora ao 26 de Setembro e derrotava friamente Miguel Albuquerque?
Ouvi comentários do género: a demissão decorre da derrota no Funchal. Ora, por mais que tivesse deixado estragos o processo de constituição da equipa de candidatos, o facto é que não é catástrofe nenhuma o ainda presidente Miguel Gouveia perder umas eleições com o Pedro Calado e o Miguel Albuquerque das guerras anti-pandemia.
Se é espantoso, também o seria se fosse Calado o derrotado.
Mais: não só no Funchal há motivos para desilusão. Em muitíssimas freguesias o PS averbou scores humilhantes - 1,7% para 70% do PSD. E as culpas por esses vergonhosos números, a par de desaires inesperados como no Porto Santo, nada têm que ver com o Funchal.
Claro que, em pano de fundo, há muitos erros de Cafofo ao longo da sua curta carreira política - já que sai de deputado e não se recandidata à liderança do PS. Erros como a confiança depositada em empresas de propaganda supostamente milagreiras, facilidades a 'apoiantes' que não passam de mercenários ao serviço do próprio bolso, política de comunicação na imprensa com a solidez de um principiante, campanhas publicitárias a passar a linha do ridículo, género ajudar uma velhinha a subir para o autocarro ou ensinar os cidadãos a atravessar a rua pela passadeira...
Exemplos às centenas.
Resultado: 0-4.
Nas autárquicas de ontem, derrota na CMF, na AMF, em 9 freguesias do Funchal e o mais que se viu noite dentro.
Por um lado, Paulo Cafofo, além do exemplo de desprendimento que deixa, vê-se livre de uma máquina cujos funcionários só continuam à espera de poder 'papar' como os da laranja paparam nos tais 40 anos. Sobretudo, Cafofo sai de cabeça erguida.
Carlos Pereira, se vir chegada mais uma oportunidade, nada conseguirá. Nem Vítor Freitas tem que pensar em voltar. E Carlos Jardim também não estará para endireitar o que nasceu torto.
Numa palavra: o 'saco de gatos' continua.
10 comentários:
Assim sendo, daqui por 2 anos o PSD nao vai precisar da bengala CDS e vamos começar a assistir a separação dessa coligação.
Disse bem ontem à noite o Eng. David caldeira.
" Miguel Gouveia é um Puro"
Realmente é verdade
Pensamos que ele nunca deveria correr a cidade levando um mentiroso atrás de si
Ele trabalhou, nunca mentiu ao Povo e como tal embora não perfeito, tem muita humildade para aprender e o Povo gosta de pessoas sérias
Realmente Calado tem ao seu lado dois pilares importantes (Eng, João Rodrigues e Dr. Bruno Pereira). Estes também são, dois homens sérios e bem formados em todos os aspectos
O Governo fica orfão com a saída do Dr. Calado.
O Dr. Calado era o rosto do Governo e limpou todo o fumo cinzento que pairava sobre as Angústias
Foi visível ontem Albuquerque querer chamar a vitória a si, até esquecendo o CDS que tem sido a sua bengala e boia de salvação
Albuquerque parecia uma barata tonta com um ar pedante e arrogante a responder aos jornalistas
O Dr. Calado usou um discurso humilde,sério e sincero, com uma linguagem que todos entenderam e já diz o ditado "É na humildade que está a grandeza"
È verdade que os CDS também têm o seu taxinho, senão perante o comportamento do do chefe do desgoverno, abandonavam o barco e aí iamos ver o blue queque andar a pescar de anzol dentro de uma canoa
Além de Calado, tanto Cafôfo como Gouveia demonstraram nível.
O mais interessante seria ver a cara de Ricardo Miguel Oliveira ao ler a página 2 do JM-Madeira de hoje. A comparação das sondagens com os resultados é como o algodão... não engana.
Teve de engolir a soberba que demonstrou perante os colegas de profissão e as sondagens alheias ao DN,
Se o JM continuar neste caminho, com mais notícias factuais e menos enviesamento informativo, pode ocupar o lugar reclamado (mas não efetivado) pelo DN como "independente".
Veremos se o JM não cede ao canto da sereia.
O engenheiro disse bem em "um puro"...mas esqueceu-se de dizer....um nabo puro, isto é, um cabelo de uma herdade de nabos que é o PS. Não seria melhor essa agremiação passar à clandestinidade?
O vaidoso do presidente quando questionado pelas facadas nas costas que deu ao Dr. Bruno Pereira, Filho do GRANDE PROFESSOR Vírgílio Pereira, ao GRANDE PRESIDENTE E PAI DA MADEIRA Dr. Alberto João Jardim etc., fugiu logo com o cu à seringa.
Quem tem telhados de vidro não atira pedras para o ar.
È por essa e outras que se não fosse o CDS, este artolas ainda andava na vindima no Arco de S. Jorge.
Não é velho para pagar pecados...mas há sempre um sapato velho para um pé doente
O General mudou de residência, o cabo meteu o chico mas daqui a 2 anos, se não se cuida vai pelas canas a dentro ou recorre ao seu General que nessa altura já será Marechal.
Realmente os resultados para o PSD foram muito melhores que o esperado. Não fosse a escolha desastrada do candidato em Santa Maria Maior teria sido um pleno.
Porto Santo esteve em linha com as opiniões que recolhi em agosto, foi a melhor equipa do PSD que fez a diferença.
Andar a brigar 3 anos para no último se instalar uma paz podre conduziu à derrota na Ponta do Sol.
O PSD tem a situação da sucessão de Albuquerque resolvida para daqui a 6 anos, se não houver surpresas. O melhor para os madeirenses é a saída de cena do maquiavélico e altamente incompetente Cafofo, que se juntou à lista de líderes falhados do PS-M desde 1976.
No Porto Santo o novo Presidente agradeceu a um tal iluminado que durante anos dirigiu a orquestra do burgo...
Se seguir o caminho dele, não renova contrato daqui a 4 anos
Esse tal, sabe mais que a irmã Lúcia de Fátima
Adivinhem a canção que ele gosta de cantar quando está a juntar os ovos dos pavões
Puro? Me engana que eu gosto. Ambos são mentirosos, mas ao menos Cafofo era confiável, este era sonso, palavra valia zero, umbiguista (não aproveitou um vereador, não sabe trabalhar em equipa e não sabe partilhar responsabilidades e sucessos). Muito mau! Tem uma secretária à espera na EEM onde o devem fazer vergar o serrote!!! Não temos pena
Ricardo Miguel Oliveira também se devia demitir como o Cafofo. E levavam o Iglésias com eles, que nada se perdia
Ainda não se falou o suficiente da sondagem falhada do DN e das bocas de ontem do JM a reclamar para si o título de independente e isento, a sugerir que paga as suas sondagens e que não as recebe de partidos.
Acho que o DN deve explicações aos seus leitores. Se o Calado tivesse ganho por 2 ou 3 pontos ainda se aceitava...
Enviar um comentário