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sexta-feira, 17 de setembro de 2021

 


                            Alta Política                            


O debate de ontem na RTP-M dedicado às eleições no município do Funchal resultou num serão útil e agradável de se seguir. As muitas estreias no naipe de candidatos revelaram qualidade e obrigaram os nomes tradicionais a saltar da vulgaridade onde vagueiam a maior parte do tempo.

Raridade! 

Os partidos concorrentes acertaram na escolha de elementos capazes e conhecedores da matéria. As tristes figuras de outros debates no passado não estiveram ontem no estúdio da Levada do Cavalo.

Os fantasmas cronicamente colocados nas corridas por chefias partidárias receosas de sombras internas partiram para outras freguesias, pelos vistos. 

Afinal, não têm de ser sempre os mesmos.

Afinal, sempre há gente diferente para refrescar um segmento da vida regional tão carente de seiva fresca.

Afinal, não estamos condenados à melopeia discursiva dos anos 70, 80 e 90.

Duarte Gouveia (IL) surpreendeu com uma entrada descontraída, bem humorada, acutilante e provocante. E a troca de pontos de vista entre os nove percorreu o tempo de televisão sempre em crescendo ao nível de atractividade dialéctica. 

Miguel Gouveia (Confiança), na qualidade de presidente da Câmara funchalense, foi alvo da artilharia indiscriminada dos adversários, mas desta vez deixou cair a táctica de chamar a si dores de parto alheias. O que está em causa é o futuro do Funchal e não as bacoradas cafofas de antanho. 

Pedro Calado (Funchal sempre à frente) também apanhou de todos os lados, mas sem denunciar a menor sequela dos ataques. A longa experiência nas missões públicas e privadas que tem desempenhado criou-lhe uma couraça impenetrável.

Raquel Coelho (PTP) reapareceu para lembrar quão necessárias são as vozes capazes de sacudir o marasmo cirurgicamente cristalizado nos órgãos institucionais. 

Edgar Silva (CDU) fez-nos pensar mais uma vez que se ele, quando decidiu enveredar pela carreira político-partidária, tivesse optado pelo PS da altura, a história do processo regional talvez se contasse hoje de maneira diferente.

Todos os concorrentes se houveram bem em quase todo o tempo de debate. O que, para o nível a que estávamos habituados, é deveras formidável. E prometedor.

Nem todos serão eleitos. O que significa quatro anos com opositores capazes e atentos ao trabalho de quem governar a Câmara da capital.

O que se passou ontem não pode ter sido apenas uma noite de inspiração colectiva.

Tomando aquele exemplo prático, as regionais de 2023 prometem! Qualidade chama qualidade e haverá por aí pensamentos novos em vias de vir elevar a causa pública. 

Quanto às ideias apresentadas e debatidas, não saíram dos programas já conhecidos. 

Discordei fundamentalmente dos que disseram achar que o estacionamento no Funchal é uma questão em contraciclo. Que não interessa muito. Ou ouvi mal? É que assisto a dramas sobre rodas todas as manhãs. A começar pelas pessoas que vêm deixar o carro por exemplo à zona onde habito para fazer nova caminhada ao fim do dia de trabalho. 

Se eu mandasse, haveria parques de estacionamento baratos em alguns pontos da cidade. Mesmo à custa de outros melhoramentos. A verdade, senhores, é que milhares de trabalhadores, das freguesias do perímetro citadino e mesmo de outros concelhos, que saem de casa com uma 'bola no estômago' a pensar onde largar o automóvel. Ir trabalhar pagando parte substancial do ordenado em parqueamento não é salutar, oh candidatos. Vejam se arranjam, se forem eleitos, maneira de permitir a milhares de cidadãos um despertar matinal mais agradável. Aí sim, serão recordados pelo tempo adiante.

7 comentários:

Anónimo disse...

Caro Calisto, o problema do estacionamento é um problema de mobilidade. Não passa pela criação de mais lugares de estacionamento e por menos preço, passa sim pela criação de transportes coletivos mais atrativos e eficientes, reduzindo o número de veículos privados que se dirigem ao centro todos os dias. É um problema que deve ser partilhado com o poder regional na tutela dos transportes. Vamos ver se o novo concurso do serviço de transporte rodoviário regional vai trazer algum contributo ao problema, ou se vai simplesmente dar lucros monopolistas a quem ganhar o concurso.

Luís Calisto disse...

Reconheço que essa sua solução é a ideal. Mas como me levanto cedo a tempo de me aperceber do problema de tanta gente, vou pelo processo que me parece mais fácil. O transporte público para quem precisa de deixar filhos na escola antes de ir trabalhar é um incómodo. Mas sim, há parques para esse segmento, só se precisa de tarifas mais baixas. Em suma, o importante é resolver a questão, e já agora com a solução de fundo que muito bem apresenta.

Anónimo disse...

A entrada do candidato da IL foi tudo menos descontraída. Decorou umas chalaças e debitou-as atabalhoadamente e fora de contexto. É pena que não tenha havido um debate televisivo com os dois principais candidatos, para o eleitorado ficar esclarecido. Com tanta gente a dizer disparates é difícil o eleitor tomar decisões. Contudo, pelo que me parece a situação de Pedro Calado nesta altura é muito desconfortável. Mesmo ao nível das Juntas tanto pode levar um 10-0 como ficar 5-5. Alguns sectores do PSD estão muito, muito preocupados. Além de que o Porto Santo pode cair...

Luís Calisto disse...

A primeira intervenção da IL cometeu o pecadilho de perder ritmo com a enunciação das medidas nazificantes do Chega, redundantes porque conhecidas de todos. Agora, decoradas ou não, as fases dessa intervenção conseguiram a atenção dos telespectadores e evitar um debate formal e chato.
Debate a dois (Calado-Gouveia), houve pelo menos um, que ouvi, na RJM. Por sinal menos agradável do que o televisivo, por culpa das estratégias de ambos.
Sobre o Porto Santo, sim, pode cair - assim como pode não cair e assim como pode ser tudo adiado por causa do mau tempo e até pode haver um empate a zero golos. Uma opinião é uma opinião, ou então não é nada. A minha é que o PSD no Porto Santo vai cair.

Anónimo disse...

Se a manchete do DN sobre problemas das empresas terem dificuldades em recrutar trabalhadores fosse na passada 5ª.Feira, ontem o debate político na RTP tinha sido mais animado.
Aqueles partidos que sabem que nada ganharão, mas também não têm nada a perder, iam tocar com o dedo na ferida
A culpa é toda do Governo e das Câmaras Municipais
Quando se decretou o lay off (que até ajudou as Empresas, pois não facturavam um Tosto), seria mais justo, decretar também, que os trabalhadores continuavam ao serviço das mesmas, ou pelo menos estavam de prevenção em casa
Faziam mais que não fosse manutenção, limpezas e outros serviços de polivalência que fossem necessários.
Durante esse período, quando o chefe de equipa chamava o trabalhador para fazer algo na Empresa, era logo mandado para S. Martinho para o crematório,
Duvidam?
Acham que estavam em casa em confinamento?
Andavam nos cafés, nas praias de toda a Madeira, na carunchada e na rotunda...
Esses que pagam segurança social todo o ano, que lhe pagam 14 meses de trabalho e recebem 11 de serviço, logo após a reunião com o dito cujo, a solicitar ajuda, apanhavam logo à saída da porta um valente manguito das caldas e logo com uma queixa ao sindicato
Se a empresa mesmo sem facturar um cêntimo não tivesse todos os impostos e segurança social pagos, estes teriam ordenado por inteiro e lay off?
As câmaras não tem sargetas para limpar em toda a cidade, jardins a secar, florestas ao abandono etc. Não podiam tirar a mama do desemprego a gente sã que vende saúde?
O Governo através da segurança social não pode fiscalizar as baixas médicas fraudulentas, recrutar pessoal que está no desemprego em apoio domiciliário a idosos, acabar com os subsídios e reinserção social à malandragem e aumentar as reformas aos que pouco ganham e trabalharam de sol a sol.
Será que o futuro Presidente das Câmaras e Governo, logo após as eleições vão sacudir estes chulos do erário público?
Vamos esperar para ver...

Anónimo disse...

Longe vai o tempo em que AJJ se ufanava no DN de largar "chapa 11" nas autárquicas... quem o via na altura e quem o vê agora...

Islander disse...

É uma coisa muito madeirense achar que tem o direito divino de ir de carro para todo o lado.
Pessoalmente acho que todos os estacionamentos de longo termo deveriam ser ainda mais caros para obrigar a pensar em alternativas.