ESTÓRIAS
JUVENAL XAVIER
LINHA DA VIDA
Desconfio em princípio de boas intenções, não porque digam que o inferno está cheio delas. Porém, tudo cor-de-rosa, nem em sonhos. Não é claramente puro e inocente pessimismo, porque a razão da cabeça duvida que o mal prevalece sobre o bem. Sim, revoltam-se, ambos, para o bem e para o mal. Razão de sobra têm afinal os provérbios que são as razões simples da sabedoria do povo. Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe…
Mas nem sempre céu, nem sempre inferno, nem nuvens que ganham muitas formas. O meio-termo não é uma linha reta. É equilíbrio, bom senso. Não é como a linha da vida que tem curvas, altos e baixos. Euclides, Pai da Geometria, definiu a reta como “comprimento sem largura.” Isso é para matemáticos antigos e modernos quebrarem a cabeça. Ficam as linhas das mãos para adivinhar a vida. Mas, por hipótese, se sabem da vida de cada um, nunca disseram nada daquilo que, em todo o tempo, se soube: que a vida põe e o homem dispõe. Alea jacta est!
A sorte é capaz de virar o jogo. Casualidade, apenas? Ou a sorte é igual a acaso? Shakespeare (1564-1616) sentenciava: “Os homens são donos dos seus próprios destinos." Porém, o poeta de Inglaterra ou o Bardo do Avon entendia que “sabemos o que somos, mas não sabemos o que poderemos ser”. Então, maldizemos a vida madrasta e não quem a vive, em vez de ganhar as provas imprevistas da vida. Mas o que seremos não está escrito na palma da mão? Encontro respostas quando Amália canta: Que destino ou maldição manda em nós, meu coração, um do outro assim perdidos.
Andamos, constantemente, numa inflamada briga connosco. A insatisfação é a normalidade que satisfaz. Max Weber (1864-1920), um dos fundadores da sociologia e autor do conceito de Tipo Ideal, pinta o quadro ainda mais negro: “No futuro todo o mundo vai morrer de insatisfação.” Um futuro que, com certeza, não está na palma de nenhuma mão.
Sem comentários:
Enviar um comentário