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sábado, 11 de setembro de 2021

 

                            Alta Política                            


Decepcionante. O debate promovido pelo JM entre Calado e Gouveia não podia ter corrido pior a dois políticos de quem fundamentadamente os eleitores aguardam um safanão político-partidário, não apenas no Funchal mas ao nível regional. 

Que diabo reteve o pobre do ouvinte daquilo que disseram o presidente actual e o seu challenger?  Por mais que os condutores do recontro tentassem carrilar pelo caminho da novidade, a diatribe arrastou-se pegajosamente num estilo retórico mais do que gasto nestas décadas de política regional.

Como os seus camaradas de coligação, Miguel Gouveia costuma acusar o poder laranja de justificar as suas insuficiências com ataques ao governo socialista de Lisboa. Quando atacado ele por um social-democrata, como aconteceu do princípio ao fim do pastoso tempo de debate, eis o prometedor edil a sacudir a água do capote para culpar o PSD de tudo o que mexe.

E Pedro Calado a reagir como um perfeito espelho: o tempo de Cafofo (e Miguel, e Miguel) é que estragou o estupendo trabalho feito pelos anteriores autarcas da laranja funchalense.

É inevitável que Miguel Gouveia claudique assim que lhe atiram com as borradas do seu antecessor. Ele não pode defender o indefensável. Por exemplo, do triste episódio da reabertura do Lido, mais erro menos erro nas datas e na paternidade do início das obras, o que ficou foi aquele maluco lettering a dizer que foi Cafofo a criar uma praia nascida nos anos 30. 

E como explicar, em directo, a pouca-vergonha do que se fez até há bem pouco tempo com a Frente-Mar?! Como explicar o albergue espanhol para tachistas que aguardavam há muitos anos a sua vez de chupar orçamento? Uma vergonha ética para lá das ilegalidades subjacentes, com acusações da criação de cargos pagos a quem não trabalha na dita-cuja frente.

Miguel Gouveia lá vai repetindo que quem primeiro transgrediu foi um quadro laranja condenado pela forma como geriu a Frente-Mar. Isso é verdade, mas as pessoas vêem que uma coisa é o comportamento de uma câmara e outra o de um elemento a funcionar individualmente. O eleitorado português não deixou de levar o PS para o poder não obstante o espaventoso caso Sócrates.

Assim como Pedro Calado sairia mais simpático da refrega se não utilizasse sistematicamente a expressão Cafofo-Gouveia nas suas apreciações críticas ao município do Funchal desde 2013. O candidato da Rua dos Netos explora o ensejo de poder bater atribuindo ao rival culpas que sabe não lhe caber, abusando da circunstância de eticamente o candidato Gouveia não poder descartar culpas que pertencem ao chefe de um partido que o apoia eleitoralmente.

Não é bonito. 

Bolas, o edil actual mexeu na Frente-Mar e na SocioHabitaFunchal, não?

Miguel Gouveia até poderia pagar na mesma moeda, rebuscando protagonismos de Miguel Albuquerque, antigo mayor, que seriam embaraçosos para Calado. E não utilizou esse recurso, praticamente.

O mais preocupante do debate que decorreu nas instalações da RJM foi a ausência de ideias que julgávamos na posse de um e de outro. As qualidades e a experiência de ambos prometiam mais, muito mais. Só que eles não conseguiram sair da mediocridade geral. O que se ouve por estes dias não é diferente da política em tempo normal. Troca de acusações de manhã à noite. Projectos, nada.

A gente continua, pois, a pensar que Miguel Gouveia e Pedro Calado são capazes de melhor. É impossível não aparecerem daqui até ao dia 26 com um discurso virado para o futuro, mais ou menos rico em propostas inovadoras, que nos arranquem deste RAM-RAM crónico cercado de mar por todos os lados e mais um.

Afinal, que mais disseram os concorrentes?

Poupem-me.

Digamos que o debate foi conclusivo. Concluiu-se que os dois principais candidatos estão condicionados aos maus hábitos do passado. E concluiu-se também que ambos continuam incapazes de descolar no arejamento das políticas autárquicas, o que os conserva colados no empate que, em média, as sondagens têm mostrado. 

Fica no ar a hipótese, ganhe quem ganhar, de reencontrarmos estes candidatos a disputar eleições num plano superior.

É uma esperança.

Mas, pelas amostras, já não sabemos se isso seria bom sinal.


PS - O mais dramático é que cada vez estamos mais condicionados pelo vampirismo das duas correntes nucleares. As tradicionais minorias partidárias foram engolidas nos jogos leoninos que fazem as delícias da populaça tabanqueira. Bom proveito.

2 comentários:

Anónimo disse...

Cada qual, caso ganhe as eleições, comerá no seu gamelão.
Nunca vi tanta promessa
Afinal ainda há reserva de ouro nas ilhotas Portuguesas

Anónimo disse...

O que faz AJJ atrás do calado e daquela corte de CDS?
Fizeram-lhe o catatau...
Agora em vez de chamarem por Santa Bárbara lembraram-se do AJJ.
Deixe-os andar no terreno sem a sua moleta, é uma forma de mostrarem o seu valor
Se caírem, paciência
Há muito inhame para plantar em Santana, o barrete já tem a sua vidinha feita
O pimentinha que volte a Sr, Pastilha
Maldita classe política que quando acabam um mandado jamais voltam à sua profissão. Há sempre um cargo para um graxoso, nem que seja guardiã da sanita presidencial