Powered By Blogger

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

 

                            Alta Política                            


Distantes dos tempos gloriosos em que comiam caviar e crianças ao pequeno almoço, os resistentes comunistas aproveitam as raras oportunidades para fazer ouvir a cassete dos trabalhadores explorados pelo grande capital. 

Ainda agora, velho Jerónimo deixou-se empolgar com o ambiente revivalista da Festa do Avante e não lhe deu para outra coisa se não para desancar no seu parceiro de Geringonça e nosso primeiro António Costa. 

Habilmente, o antigo operário metalúrgico incendiou as carcaças sectárias que ainda se insinuam na margem sul e acordou os fantasmas da incendiária cintura industrial - criando-se uma onda de fim-de-semana destinada a diabolizar o Partido Socialista e seu governo "incumpridor de promessas", que "fala em vez de trabalhar para o povo". 


Sargentão Costa, que já vinha azedo do congresso de Portimão por ver tantos camaradas interessados nos sapatos do defunto, saltou para um comício de pré-campanha disposto a não poupar contra-ataques contundentes aos colegas de Geringonça. 

Para os pôr à vontade, garantiu de início que o PS torna a ganhar as vermelhuscas câmaras de Almada, Alcochete e Barreiro e, mais espectacular, que roubará a de Setúbal aos amigos "comunas".

Quanto a produzir - disse Costa para atingir comunistas em geral e sindicalistas em particular -, seria bom que trabalhassem em vez de reivindicar e viver do trabalho dos outros.

Sem dúvida que o esperto Costa enfiou o dedo na ferida. Porque é sobejamente conhecida a boa vida dos militantes do sindicalismo nacional cujo trabalho conhecido é redigir um comunicado e pegar numa bandeirola vermelha de quando em quando, enquanto os trabalhadores que os alimentam dão o litro de sol a sol.

A muitos dirigentes sindicais seria mais honesto responder "sindicalista" quando lhes perguntam pela profissão, do que referirem ocupações cujos instrumentos se esqueceram de utilizar com o passar dos primeiros de Maio e as greves no sector têxtil.

Mas é claro que António Costa não pode falar muito alto quando ataca a clientela da CGTP, porque os maus exemplos na súcia UGT são tantos.


Mesmo na Madeira, quem não se lembra dos tempos em que a vanguarda laranja dizia que Guida Vieira, eterna dirigente dos bordados, não sabia já fazer um caseado e que alguns dirigentes da Construção não tinham chegado a acartar um balde de cimento?

No actualmente, compreende-se que a ex-lutadora Guida não passe o tempo a treinar o ponto de corda e o "filhitro", gesto inadequado ao gabinete que o Profe do Campanário atribuiu ao Bloco para fazer maioria. 

E o mesmo com outros carreiristas do sindicalismo, de uma ponta a outra do espectro partidário. 

Mas, ironia à parte, é preciso fazer-lhes um pouco de justiça. Muitos desses velhos sindicalistas deram a cara em defesa de contratos colectivos, batalhas sectoriais e apoio a greves dolorosas para todas as partes. Ganharam fama de revolucionários e contestatários intragáveis no mundo do trabalho. A partir de determinada altura das suas vidas, restava-lhes o emprego... no sindicato.

O Leitor, se fosse empresário, meteria no seu galinheiro uma daquelas "raposas malditas"?

Sargento Costa deve dar um desconto às saídas inflamadas de Jerónimo e camaradas. Eles reivindicam aquilo que o mesmo Costa reivindicava quando o PS não era governo e que agora nega conceder aos que "vivem do trabalho dos outros".

1 comentário:

Anónimo disse...

O autor vive em que realidade? Com o capitalismo a rebentar com estrondo em todo o mundo, não vê a cada vez maior razão da análise e consequente luta socialista/comunista?