Alta Política
CDS
Rui Barreto apareceu domingo à noite na RTP-M a debitar a sua análise aos resultados do CDS nas eleições autárquicas.
Praticamente ignorado pelos eufóricos parceiros da coligação que acabava de vencer o Funchal, o chefe centrista apareceu sozinho à frente da câmara para falar, regulando-se pela deixa do próprio pivot em estúdio na Levada do Cavalo.
É uma curiosidade.
Então, Rui Barreto desfiou as "façanhas" constitutivas da "vitória" do seu partido nas autárquicas do dia que acabava. O triunfo partilhado com o PSD (por exemplo no Funchal) e os escassos órgãos e lugares ganhos, além do acento tónico posto na estrondosa vitória em Santana.
Acontece que tal análise não passou de uma meia verdade.
Do papel do CDS em coligação, digamos que a utilidade está nos poucos votos ao projecto eleitoral proporcionados pela direita regional em extinção - a tradicional.
Das vitórias e das derrotas falam-me agora velhos militantes da Mouraria que fazem questão de passar a mensagem: um dos derrotados destas eleições foi o Rui Barreto.
O CDS - dizem esses críticos - perde o vereador que tinha em Câmara de Lobos, perde o que tinha na Ponta do Sol, o que teve na Calheta; perde juntas; e vem o Barreto falar em triunfo, em vez de enfrentar a realidade?
O caso de Santana.
O CDS apenas venceu a Câmara mais uma vez porque o presidente Dinarte não aceitou que o partido se deixasse diluir numa coligação com o PSD, aliança que era tão do gosto do chefe. Quanto tempo andou Barreto a insistir a ver se conseguia consumar essa coligação em Santana? E agora vem apresentar aquela 'banhada' imposta por Dinarte à concorrência (PSD incluído) como argumento para a jornada "vitoriosa" do CDS?
Rui Barreto está condenado a ser presidente sem autoridade. Já no governo, ele e o outro secretário centrista, Teófilo Cunha, têm a quem obedecer - a presidência laranja.
Nas coligações eleitorais, trata-se de oferecer o nome do partido para garantir os votos dos militantes mais antigos.
Diz ele, Barreto, que o objectivo é remover os socialistas do poder.
E se Barreto voltou de Santana ao Funchal de mãos a abanar - porque Dinarte levou a sua avante -, na Ponta do Sol não conseguiu melhor. O CDS concelhio de Sara Madalena discordou de alianças com a social-democracia e o arranjinho pretendido pelo PSD (e Barreto) morreu na casca.
PSD-Ponta do Sol que também jogou contra si próprio ao teimar na candidatura de Gualberto Fernandes, que o eleitorado mais novo dizia desconhecer, tantos os anos que o candidato já leva de Funchal.
Resultado: Célia Pessegueiro recebeu os votos do PS, de meio PSD e do CDS - obrigado, até à próxima.
As expectativas vão para o futuro próximo do CDS-Madeira, com horizonte nas regionais de 2023. Já ultrapassado hoje por pequenas formações de direita, ainda será útil ao PSD nessa conjuntura?
Os antigos apontam Rui Barreto como um dos perdedores das autárquicas.
Ele acha que não.
Inimigo de intrigas como sou, sugiro a Barreto que dê provas aos seus detractores internos de que a relevância do partido a que preside se compagina com uma organização que anda "nisto" há meio século.
Sim.
Depois de 50 anos, dar-se por satisfeito com dois lugares de secretário regional (em pastas irrelevantes) não é de quem pensa no futuro de um partido.
3 comentários:
O barrete quer enfiar-nos um barreto
O CDS não tem só 2 secretarias, tem também a presidência da Assembleia, ou seja, tem muito mais peso do que efetivamente representa.
Quanto vale o CDS agora? 3 ou 4% no máximo.
O CDS também nas eleições regionais teve um mau resultado e acabou no Governo.
Agora foi parecido, porque no Funchal ajudou à vitória do Calado. Como não poderia ele não reclamar vitória?
Ganham a maior câmara da Madeira à meias com o psd e não fazem festa?! Nas eleições de 2019 para o governo tiverram pior resultado da sua história e fizeram uma grande celebração... estão a sentir que o Albuquerque precisa cada vez menos do partido da mouraria...
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