MEXERICO DE SAIAS 

Finalmente, Miguel Albuquerque explicou a remodelação que deixou a população atónita: Augusta Aguiar foi substituída por Rita Andrade na Secretaria da Inclusão porque se acabou um ciclo de governação para começar outro.

Está explicado, acabam-se as dúvidas.

Mas eu, de compreensão lenta, pergunto-me: quando é que acaba um ciclo na Inclusão Social e no Iasaude?

Apertado pela comunicação social, Albuquerque não se furtou à explicação. Dadas as incidências das eleições autárquicas, foi de toda a conveniência mudar a liderança da Inclusão. 

É fácil de entender: o PSD perdeu no Caniçal e ganhou no Porto Santo. Torna-se inevitável acabar com o ciclo na Caixa.

E eu que até ontem, ingenuamente, pensei que um ciclo na explosiva área da Caixa acabava quando uma funcionária da Segurança Social entrava em colisão com a secretária regional! E que, dadas as relações particularmente afáveis com o Sua Excelência das Angústias, a funcionária conseguia convencê-lo, a ele presidente, de que a secretária regional estava a chegar ao fim de um ciclo!

No caso, Augusta Aguiar até passou o limite temporal do seu mandato. Albuquerque esteve já antes das eleições para declarar abruptamente o fim de ciclo da ora ex-governante. Só as influências de 3 autorizados empresários da Tabanca levaram o antigo Delfim a fazer um compasso de espera, precisamente por causa das eleições. 

A título de informação, garanto que esse grupo de 3 empresários não incluiu aquele que em tempos anunciava, nas suas almoçaradas de digestivo fino e charuto cubano, o envio de Pedro Calado para mais uma comissão na Câmara do Funchal.

Dizíamos pois que Miguel foi travado nos dias de férias no Porto Santo. Mas que, na hora da vitória do passado domingo, não se lembrou de ninguém se não de uma afável amiga da Segurança Social que o avisou para o fim de ciclo de Augusta.

Bilhete de saída electrónico para a ex-secretária.

Perante a insistência dos perplexos jornalistas, ontem mesmo, Albuquerque assumiu logo toda a responsabilidade do assunto. É assim e quem manda sou eu.  

Assim como? 

Assim!

Os jornalistas continuavam sem perceber. E o chefe impôs-se com verdades redundantemente irrefutáveis. Os cargos não são eternos. Logo, se há umas autárquicas, alguém pode cair, mesmo sem explicação que se entenda. 

No caso, como dissemos, a decisão foi tomada antes de se saber como correriam as eleições. Ou seja, uma mentirinha do presidente. Uma inofensiva mentirinha política.

E afinal quando é que começa um novo ciclo no sector dos Sociais, na perspectiva de Albuquerque? 

Começa quando alguém de confiança lhe sopra com afabilidade ao ouvido algumas queixas sobre a existência nos serviços de chatices com saias (passe o machismo da arcaica terminologia).

E como é que se percebe que haverá mexida governamental? 

Quando se vê Rita Andrade arrumar mais uma vez a secretária para correr ao plenário das Angústias, a mando do catavento do Arco.

É o que é. Com a oposição que temos, esta terra dá para tudo. E assim será até ao fim do grande ciclo.