2012: DESMORONAMENTO DA 'MADEIRA NOVA'
O jardinismo acabou, vem aí o miguelismo.
A Oposição tem de levar em conta este 'baralhar e dar de novo'
Ao primeiro sinal sério de que o jardinismo derrapava para o fim de ciclo, Miguel Albuquerque fez-se à estrada. Aconteceu há dois anos, em Outubro de 2011, quando as eleições legislativas abanaram o cenário político regional. Pela primeira vez, o eleitorado votava maioritariamente na oposição e a humilhada clique jardinista ficava a dever um favor a um tal Victor d'Hondt, que à tangente lhe permitiu continuar no poder.
Com a 'baliza aberta' à sua mercê, competia evidentemente a Miguel Albuquerque impedir o chefe atingido nessas eleições de se curar das feridas.
Albuquerque levou Jardim mais os seus maus bofes a cometer erros infantis
Foi nesse contexto que Albuquerque preparou 2012, onde entrou com a missão facilitada pelos bofes de Jardim, deteriorados por um péssimo perder e ânsia doentia de mandar.
Ao perceber a aceleração daquele 'delfim' tradicionalmente rebelde e que aliás nunca desmentiu as suas ambições político-partidárias, o velho líder desatou a cometer erros crassos que lhe valeram perder grande percentagem da popularidade granjeada durante 30 anos entre as classes mais vulneráveis ao populismo.
E o ano deslizou aos trambolhões sobre os disparates gritantes de Jardim.
Chefe não atina com o primeiro-ministro, que aliás não lhe liga nenhuma. (Foto Gregório Cunha) |
Desesperado, carente de ajuda financeira, o governo regional só fez piorar as relações com Lisboa. O conhecido rei das Angústias jamais conseguiu concertar ideias com Passos Coelho, seu correligionário social-democrata e primeiro-ministro de Portugal: ora o acusava de algoz do mundo, ora surgia como seu mandatário à reeleição; um dia culpava-o da crise nacional e regional, outro dia considerava-o bom primeiro-ministro.
O mesmo folclore, mas com novos e assombrosos números
Não é que nos outros 30 e tal anos o jardinismo fosse menos folclórico. Mas 2012, além do terramoto que havia de atingir a Rua dos Netos nas eleições internas, coleccionou episódios exuberantes que ajudaram a derreter ainda mais o antigo poderio do chefe.
A oposição obrigou a cansada falange PPD a defender publicamente o mafioso jackpot parlamentar.
O regime insular todo ele basófias sofreu sucessivas desautorizações e humilhações às garras de Passos Coelho e do fuinha Gaspar. Dinheiro para a Madeira, pois bem, algum, mas com Jardim e Ventura Garcês proibidos de mexer num cêntimo que seja. Histórico, senhores, nem nos tempos de Ernâni Lopes.
Assim, mês a mês, cólicas dolorosas na governação das Angústias, a ver se vinha dinheiro para pagamentos.
As ameaças de queixa à Europa chocavam com a indiferença de Lisboa e de Bruxelas, a ponto de chefe Jardim avisar que repensaria a posição da Madeira relativamente à União - assim aumentando a hilaridade tanto da União como dos madeirenses conscientes. Quem se julga ele? Dono da Madeira, que decide se ela deve ser independente ou não, integrada na UE ou não?
A 'Operação Cuba Livre' foi um dos episódios que atrapalharam o laranjal em 2012, com Santos Costa no meio dos acontecimentos. |
Pelo meio, a 'Operação Cuba Livre' e a descoberta da medonha dívida oculta, com as conclusões há pouco adiadas para Abril de 2013. Muitos corações batem sem ritmo certo.
Um ano de pavor, também, perante o incremento dos já monumentais calotes na Saúde.
E as instituições criadas para matar a fome aos necessitados, com um crescente número de pobres envergonhados nas filas da sopa da caridade a horas discretas.
As ruas do Funchal desertificadas. O generalizado comércio fantasma das falências e insolvências.
O grupo parlamentar liderado por Jaime Ramos reduziu-se à insignificância quando tentou enfadar Assunção Esteves na sequência da passagem de José Manuel Coelho pelas galerias de São Bento, e ouviu da presidente da Assembleia da República o competente correctivo.
A vulgarização ao nível nacional, e não apenas, da teimosia no escândalo em que Jardim transformou a sobrevivência do JM.
A fotografia péssima de Jardim no caso Jorge Carvalho, que não aceitou aturar as cretinices do regime e mandou passear os seus cabecilhas e o lugar de director regional no Desporto e Juventude.
2013 a consumir-se e o auto-proclamado 'Único Importante' a perder rapidamente o resto do seu prestígio, mesmo entre as camadas rurais.
Manifes, banho de cerveja, apupos, terrorismo
Ficou no registo do ano a grande manifestação contra a crise também na Madeira, em Setembro, e a outra com incidentes à porta das Angústias.
Antes disso, o 'banho de cerveja' no Porto da Cruz.
A vaia por conta dos bombeiros da Ribeira Brava a quem Jardim ofendera com a má-criação costumeira.
Os bombeiros que o grande chefe costuma dizer que são demais quando não há incêndios e serem poucos nas horas difíceis.
Aquela postura oficial mais uma vez desconcertante nos pavorosos incêndios de Verão!
E os comissários políticos, ora bem, a divulgarem no JM os delírios dele... |
"A Justiça é ineficaz no fogo posto", "estamos perante um terrorismo incendiário" - delirava o chefe do governo, incentivando também a população a procurar os "responsáveis", isto é, os 'terroristas incendiários' criados dentro da cabeça dele.
Tratava-se de afastar as atenções das suas próprias responsabilidades no plano dos deveres de prevenção, onde nem sequer existe plano de emergência e os proprietários deixam os terrenos entregues ao mato sem que o dito governo se mexa. Contando o chefe, mas é claro, com a conivência da Judiciária, que prendia suspeitos risíveis para contentar o rei das ilhas e prometia para breve nomes dos tais 'terroristas incendiários'.
Passado meio ano, onde estão eles?
Terrorismo incendiário foi aquele que, presume-se com que origem covarde, destruiu automóveis de familiares do vereador PND na Câmara do Funchal.
Andou alimentando chefe das Angústias, no mesmo intuito da distracção, o debate sobre os meios aéreos para combater incêndios na Madeira, se há viabilidade disso ou não.
Lá foi ele tentando iludir alguma opinião pública durante a fase crítica, sabendo como a memória colectiva é curta, exceptuando, no caso, a das dezenas e dezenas que ficaram sem casa, gado e colheitas.
Na fase dos incêndios, verificou-se como ainda funcionam velhíssimos truques de intoxicação oficiosa, como dizer que há "informação instrumentalizada contra a Madeira" e intimidar os que "aproveitam as calamidades para fazer política".
Veja-se o caso do diabrete do mosquito aedes. Quando a dengue aperta, depois da sua confirmação em 2012, ele, chefe do governo, acusa os meios de comunicação social de empolamento para trair a estratégia do nosso turismo. E o assunto ganha tratamento com luvas.
Teimosias do ano: nem vale a pena contá-las
Distante da realidade, chefe não se apercebe de que as coisas estão a mudar, finalmente. Ainda se acha impune, com poderes para fazer o que quer. Como empatar vergonhosamente ainda mais dinheiro na marina do Lugar de Baixo, como fez há pouco, à custa da Lei de Meios, enquanto a fome alastra. Ou insistir num projecto portuário caríssimo a partir do aterro cuja remoção ele próprio considerou caro. Se era caro tirar o entulho dali, quanto não será o empreendimento em curso!
No entanto, ali está um projecto que, por mais bonito que o pintem, transformará definitivamente a nossa baía num amontoado de cimento e marinas, igual às que existem por toda a parte. Logo, este porto do Funchal perderá o carisma de outrora, que fazia dele passagem obrigatória dos navios de recreio.
Para um navio, visitar Las Palmas ou o Funchal dará no mesmo.
Cá está uma das grandes teimosias do ano, para os esfomeados e os desempregados apreciarem. |
Sempre delirante mas agora sem 'dinheiro dado', o homem passou mais um ano a inaugurar caminhos pedonais e tabuletas em veredas. A brigar com toda a gente, com o mundo, como se a capital da Humanidade estivesse nas Angústias.
Debates com a oposição, nem sequer no Parlamento.
As lições do pe. José Luís e do cón. Martins
Tentou sua excelência combater o clero que não lhe aceita o mando, mas encontrou firmeza no cónego Martins de Machico e no padre José Luís Rodrigues de São Roque, figuras respeitadas pelo povo e que se estão perfeitamente 'nas tintas' para os caprichos do rei das Angústias e até para os aparelhistas das 4 Fontes, perfeitos lacaios dele.
Neste capítulo, e do ponto de vista do governo-igreja, 2012 foi um ano para esquecer.
Albuquerque avançou, chefe perdeu o juízo
O desnorte do chefe das Angústias tornou-se mais visível depois de Miguel Albuquerque decidir 'enfrentar a fera', concorrendo às eleições internas do PPD, mesmo contra o próprio Jardim. Dessa 'explosão' de Albuquerque deu notícia a 'Fénix do Atlântico' em 12 de Março.
Por esse tempo, muito poucos acreditavam que o pretendente obtivesse as 100 assinaturas de militantes subscritores da sua candidatura, exigidas pelos estatutos do PPD.
Levado por essas aparências, Jardim desvalorizou quem o desafiava: Miguel Albuquerque, segundo as suas denúncias em público, não se podia recandidatar à Câmara e, como futuro 'desempregado político', usava do seu estatuto de "notável das revistas de cabeleireiro" para continuar no activo.
Mas a organização de jantares de apoio ao edil funchalense veio revelar a criação de um furacão imparável talhado para operar a rotura de que Albuquerque falava. E o furacão acabou por fracturar o partido em duas metades, nas eleições internas de 2 de Novembro.
Pelo meio, queimaram-se politicamente Bruno Pereira, Sérgio Marques, pela segunda vez, e Virgílio Pereira, compadre de Jardim.
Manuel António Correia também saiu chamuscado: o chefe mandou-o anunciar-se candidato à liderança, para fazer 'marcação cerrada' nas andanças de Albuquerque. Mas depois de Jardim perceber que o seu antigo 'delfim' da Câmara não brincava, cedeu no agendamento do congresso, antecipando-o para 2012 e candidatando-se a si próprio, passando um atestado de incapacidade a Manuel António. E o secretário do Ambiente viveu uma fase efémera como vedeta da sucessão oficialista.
Queimou-se ainda José Pedro Pereira, jardinista fanático e então líder da JSD, que movimentou campanha particularmente intensa de combate a Miguel Albuquerque, porém sem estrutura para manter a guerra. E acabou por sair do cargo.
A vitória da derrota em 2 de Novembro
2 de Novembro: Jardim com um partido rachado a meio, à frente de um governo sem dinheiro para cortinas, portanto a centímetros do abismo, e a cantar vitória! |
Na noite de 2 de Novembro, Jardim cantou vitória, para encobrir a raiva pelos resultados equilibradíssimos. Afinal, Miguel Albuquerque surpreendera tudo e todos com 49% dos votos dos filiados. Batera os outros delfins nos respectivos redutos rurais (Cunha e Silva na Calheta, Manuel António em São Vicente e Miguel de Sousa em Santa Cruz). E arrasara o próprio Jardim no Funchal, onde só perdeu numa freguesia e por um só voto. Ou seja, Miguel Albuquerque mostrara que, logo à primeira, ganhara meio partido, podendo dar-se ao luxo de sentar-se a ver o navio afundar até nova chamada eleitoral interna. E Jardim, que ficava a dirigir um partido em rotura e à frente de um governo 'sem dinheiro para cortinas', a cantar vitória!
Mais uma 'ridicularia'.
Depois, o congresso regional só podia redundar no vazio que deu. O que mais saltou à vista foi a presença de Miguel Albuquerque, mesmo sem falar!
Oposição entende-se, finalmente
Na ideia de erradicar um regime que já fez demasiado mal à terra e ao povo, a Oposição resolveu, em 2012, abdicar de interesses sectários e pensar no futuro da Madeira. Oficializou-se um pacto dos partidos para defender e aprofundar a Autonomia e a Democracia. Mais importante, quase todos os partidos aderiram ao desafio lançado pelo chefe socialista, Victor Freitas, no sentido de uma coligação que dispute eleições no futuro, a começar, se possível, pelas autárquicas deste 2013.
Na política quotidiana, cada partido oposicionista cumpriu este ano dentro das suas linhas programáticas. O PP, ainda inebriado pelo crescimento em 2011, revelou-se particularmente individualista. José Manuel Rodrigues vê possibilidades de ascender ao poder. Nem que seja de mão dada com o PPD. Sem Jardim, nota ele.
O PS andou no terreno, em todos os concelhos, mais do que uma vez, organizou o 'laboratório de ideias', montou canhões poderosos no grupo parlamentar disparando à queima-roupa sempre que a maioria se mexia sobretudo na área económico-financeira. Carlos Pereira confirmou-se aí um adversário agressivo para governo e deputados laranja.
Noutro estilo, José Manuel Coelho e os dois companheiros de bancada forçaram algumas vezes o desorientado presidente da Assembleia, Miguel Mendonça, a decisões cada uma pior do que as anteriores - com saliência para o aparato em São Vicente no Dia da Região.
Esta imagem da repressão policial sobre José Manuel Coelho, por ordem do regime, correu o País. Miguel Mendonça entende que no Parlamento só deve exigir disciplina quando se trata da Oposição. Jaime e Jardim podem fazer o que quiserem. |
O PND conseguiu segurar os pontos conquistados com o requinte das suas acções políticas, mais a persistente oposição no parlamento e na vereação da Câmara. Nunca desistindo de denunciar o famigerado jackpot, através da entrega de parte do que recebe no Parlamento a cidadãos necessitados.
PCP, MPT e PAN desenvolveram trabalho sem novidades, merecendo ainda destaque o Bloco de Esquerda, que apesar de afastado eleitoralmente das lides parlamentares fez uma oposição sem descanso ao jardinismo.
2013/2015: a Oposição terá de avir-se perante o estilo pós-jardinismo
Bem andou a Oposição no lançamento do ante-projecto coligação. Claro que chefe das Angústias tratará de a ridicularizar, com epítetos género 'albergue espanhol' e 'manta de retalhos'. Natural em alguém que parou no tempo e se julga capaz de impingir a sua banha-de-cobra como se a geração de hoje fosse a que ele comprou com água, luz e espetada usando verbas esmoladas do exterior para cá.
Talvez não fosse má ideia o homem estudar o caso de Rafael Caldera, que fez desintegrar a mafiosa situação venezuelana e os partidos tradicionais (AD e Copei) ao vencer umas eleições com apoio de uma infinidade de partidos, incluindo o esquerdista MAS, seu tradicional opositor.
Calamidade laranja nas autárquicas
O primeiro embate é o das autárquicas, em finais de 2013. Obviamente, aquele PPD jardinista perderá várias câmaras. Não pode ser de outra maneira.
Bruno Pereira não vencerá um independente de competência reconhecida que apareça a cavalgar a onda oposicionista hoje em gestação. A traição a Miguel Albuquerque indignou os madeirenses. Bruno deve tal desenlace ao seu chefe máximo, com quem achou conveniente ficar bem.
Dado que não recorrerá, julga-se, à colaboração de Albuquerque, nem este a poderia dar sem perder a simpatia popular de que desfruta, chefe Jardim deixará fugir vários municípios. Para além do caso perdido da capital, nenhuma circunstância poderá impedir Filipe Sousa (JPP) de se tornar no próximo presidente da Câmara de Santa Cruz. Depois, fora os concelhos de oeste, o caminho está traçado. Daqui não sairemos, a menos que haja tsunami desconhecido a caminho.
Tem a palavra a futura coligação
O grande problema da oposição surgirá quando das eleições legislativas, que ditarão o próximo governo regional. O processo vai desenrolar-se em 2015. E, ironia da política, ou talvez perversão, a embrionária aliança oposicionista encontrará dificuldades acrescidas. Seria fácil, mesmo vistas as coisas a esta distância, derrotar um jardinismo que, hoje putrefacto, daqui a dois anos e meio não poderá 'com uma gata pelo rabo'.
Ou seja: a Oposição terá de estudar forma de bater um novo PPD, um estilo, o de Miguel Albuquerque, diametralmente oposto ao dos caceteiros que seguraram tantos anos o jardinismo.
A Oposição não encontrará um moribundo PPD, mais do mesmo, mas outro PPD, renovado, que ninguém adivinha o que será.
Como se chegará a essa etapa? E Jardim? E os delfins?
Ora!
Ao contrário do que alguns possam julgar, Jardim mente mais uma vez quando se afirma decidido a largar o posto para que seja Manuel António a disputar as eleições internas de 2014. Nessa altura, se a crise tiver passado, chefe alegará ser preciso aproveitar para renovar forças e que não pode virar as costas à recuperação necessária. Caso a crise tenha piorado, ele argumentará que não pode voltar as costas aos problemas da Madeira.
Manuel António? João Cunha e Silva? Bom, quase avós que são e ainda caem na 'treta' do patrão!
Deixem ficar que ele na altura vos dará muito alento: "Em 2019, saio em Janeiro e deixo outro governar até..."
Portanto, a recandidatura de Jardim é inevitável. Temos a certeza. Assim como apostamos numa derrota de Jardim perante Albuquerque aí numa relação 20%-80%. Isto para o velhote não sair a zeros.
Sem recurso à mulher das sortes, como a RTP-M fez este ano, vaticinamos à Oposição tarefa diferente para as legislativas de 2015. Depois das autárquicas, de que só será preciso esperar a degola dos candidatos propostos por Jardim (é isso que o povo já diz), o trabalho será adaptar o combate à linha mais sofisticada de Albuquerque.
Há outro obstáculo a contornar: José Manuel Rodrigues quer ser poder, sem atrelados. Logo, continuará fugido à tentação das coligações. A não ser que apanhe valente lição nas autárquicas, para entender que em 2011 beneficiou de um fenómeno estranho.
A Madeira, depois de 48 anos mais 36, não quererá virar ainda mais à direita.
Tem a palavra a coligação, com PP ou sem PP, com PCP ou sem PCP.
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Figura política 2012
MIGUEL ALBUQUERQUE
Tão bem se saiu do 'atrevimento' de enfrentar o 'eterno chefe' que ganhou meio partido e pode dar-se ao luxo de viver dos rendimentos políticos até novas eleições internas. A modos que, quanto mais o chefe se mostrava obsessivo nos ataques, mais a sua popularidade crescia. Durante meses, foi boicotado nas páginas do JM, que em contrapartida dava largos espaços a quem mostrava interesse em o atacar, a começar evidentemente por Jardim.
Foi boicotado vergonhosamente dentro do próprio partido, com recusas a direitos elementares de qualquer candidato à liderança.
Na área social-democrata, Miguel Albuquerque passou a simbolizar a coragem de pensar pela própria cabeça, o dominar o medo das Angústias.
É verdade que continuam as vinganças, decretadas pelo ainda chefe, em pessoas que apoiaram o presidente da Câmara. Mas, graças a este 2102 de Albuquerque, o jardinismo das cavernas já tem pouco tempo de vida para continuar a perseguir.
Com Albuquerque figuram, obviamente, protagonistas com futuro como Rui Abreu, Rubina Leal, Pedro Calado, Henrique Costa Neves (independente) e outros que já trabalham no terreno.
Vedeta efémera
MANUEL ANTÓNIO CORREIA
Por imperativo estratégico de Jardim, o secretário do Ambiente luziu umas semanas como sucessor do dito. Tratava-se de avançar para uma disputa titânica com Miguel Albuquerque. Mas a saudade atacou chefe das Angústias: só de imaginar que deixaria de mandar, ele mesmo avançou eleitoralmente e adiou Manuel António para 2015. Como fez com outros, em várias ocasiões.
Em todo o caso, Manuel António deteve durante certo tempo um estatuto a que colegas de partido em vão ambicionaram.
Protagonismo quase acidental
RUI BARRETO
De facto, pareceu acidental o protagonismo que Rui Barreto ganhou na bancada do PP em São Bento: substituíra José Manuel Rodrigues e logo a seguir, 'por acaso', surgia uma votação importante... onde era preciso contrariar o próprio partido. Rui Barreto assumiu a responsabilidade e ficou sentado quando toda a bancada se pôs de pé.
José Manuel Rodrigues, inocente ou não, escapou à prova de fogo em São Bento. Propiciando a inesperada relevância dada pelos jornais ao seu colega da Madeira. Não se arrependerá disso, um dia?
Jardinistas aos trambolhões
A derrocada parece não deixar escapar ninguém
Alberto João Jardim
Podia deixar marca de político valente, sabedor, esperto. Mas a cegueira pelo poder traiu a sua carreira. Deu tempo e espaço para que lhe viessem destapar fragilidades que ele tentava disfarçar. Foram 34 anos de banha-de-cobra e pouco mais.
Jaime Ramos
Esvaiu-se num ápice a imagem avassaladora da máquina laranja. Aquela que ia pelas cidades e campos dizer o que cada militante havia de fazer. Do dia para a noite, dois ou três apoiantes de Miguel Albuquerque, com Rui Abreu à frente, e à custa de um trabalho sem condições nenhumas, ganhou a confiança de metade dos filiados.
Adeus, célebre aparelho social-democrata.
Carlos Machado
Já foi o homem de confiança do grande chefe. Bastava 'Machadinho' entender 'queimar' alguém, era só encher os ouvidos do rei das Angústias. Negócios privados e posturas pessoais levaram o adjunto a cair em desgraça, embora Jardim não o tenha deixado abandonado na rua. A Fundação serve para certos expedientes.
Por isto ou por aquilo, António Candelária e outros aparelhistas também vivem hoje distantes das cada vez menos vistosas andanças do PPD.
Marcelino Andrade
O médico dos ossos de Jardim também caiu em desgraça. Ninguém é eterno, nem o chefe. Entre os último azares, pontuam aqueles 133 mil euros supostamente recebidos fora da legalidade pelo sr. doutor.
Bruno Pereira
Andou mal no caso das futuras listas para a Câmara do Funchal. O caso é sobejamente conhecido. Escolher Jardim traindo Albuquerque foi tiro pela culatra. Encontra-se numa encruzilhada: ou desaparece por não chegar a ser candidato ou desaparece quando perder as eleições.
Uma travessia no deserto ser-lhe-á muito útil.
Sérgio Marques
Após várias 'descidas de forma', conseguiu voltar sempre ao de cima. Mas, desta vez, foi demais. Depois de literalmente enxovalhado no episódio das europeias, que inspirou Jardim a auto-proclamar-se 'Único Importante', e já fora do Parlamento Europeu, Sérgio aceitou a ideia de se candidatar à CMF, o que mereceu forte reacção de Bruno Pereira, apoiado por Albuquerque. E a imagem de submissão a Jardim perpassa negativamente pelo eleitorado.
Mas não é um caso perdido.
Virgílio Pereira
Muito criticado hoje, ao contrário do que acontecia antes de resolver entrar na dança das eleições no PPD ao lado de Jardim, que tantas vezes o desconsiderou. Situações familiares obrigaram-no, mas a opinião pública não lhe perdoa. É só andar na rua e ouvir.
Carlos Pereira (Santana)
Condenado recentemente pelas obras na Fajã, simboliza os abusos que grassam pela Região a coberto do poder laranja. Com culpa directa ou indirecta, Carlos Pereira terminou mal uma longa carreira municipal.
José Pedro Pereira
Queria tudo de uma vez, saiu de cena. Saiu de cena porque acabou corrido da JSD, onde se evidenciava pelo fanatismo no apoio a Jardim - e consequente 'ódio' a Miguel Albuquerque.
Aquilo eram encontros com as figuras mais importantes da Região, cobertos pelos jornalistas. Eram reuniões com secretários regionais, com dirigentes da polícia, propostas para promover o empreendedorismo, para alterar a lei do mecenato, para acabar com a imunidade parlamentar, eram visitas ao Estádio dos Barreiros com os mais influentes directores do Marítimo. Mas eram também os comunicados insultuosos, as noitadas tempestuosas, o querer imitar o estilo do troglodita Jardim.
Abreviando: Pedro Pereira é hoje um obscuro deputado do PPD, a quem tentam fazer recuperar dos tempos conturbados. Como ainda é muito novo...
Símbolos da 'Madeira Nova' escaqueirados
A cair como um castelo de cartas, o regime torna-se em pó...
Sociedades de Desenvolvimento - Inventadas para satisfazer a obsessão do chefe pelo endividamento que permite inaugurar e mandar, acabaram por desgastar a imagem... do Vice Cunha e Silva.
Hoje, não passam de alvo de chacota.
São as 'sociedades de endividamento'.
Desporto - A loucura jardinista para montar um sistema cacique levou aos aviões cheios de atletas ao fim-de-semana, para Lisboa e volta. Mais campos de futebol aos montes, pavilhões em cada esquina, piscinas que nem funcionam, equipas dispendiosas constituídas por forasteiros... E tudo veio de cima a baixo. Até o Idram. Hoje, vive-se a vergonha das faltas de comparência em provas nacionais. O fecho de clubes. E a morte do desporto regional, assaz prestigiado antes de Jardim lhe deitar a mão.
Conclusão: temos dois clubes na I Liga, onde é tão difícil chegar. E nem sequer os apoios para eles, aí sim justificáveis, o governo consegue reunir!
Orquestra - Uma das 'namoradas' do sr. rei das Angústias. Quem não se lembra o que foi a excelente OCM resvalar irreversivelmente ao longo deste 2012? Onde andava Massena? E os apoios do governo? Por fim, os músicos largaram a pauta e foram pedir dinheiro para embarcar.
JM - Outra 'namorada' que este ano escandalizou o País inteiro, porque passou a tema parlamentar e das televisões. De jornal auto-sustentável no antigamente, tornou-se em mais um caso de morte anunciada desde que o outro lhe tomou as rédeas.
Zona Franca - A salvação da Madeira é hoje praticamente inexistente. Como sempre, culpa de Lisboa. Ai, Singapura do Atlântico!
PPD - À primeira vista, progrediu, porque um só partido deu dois. Mas em política isso é mau. A caliça das paredes-mestras daquele edifício já caiu.
Inaugurações - Agora são mais as visitas ao que está feito e as entregas de diplomas. Quando há inaugurações, é de caminhos de cabras e tabuletas em veredas.