- Pelo Dr. Eduardo Abreu
Está na ordem do dia falar no "Spread".
Muitos, ou quase todos, falam do Spread sem saberem ao certo do que falam ou
opinam. Cá para mim, que nunca fui dado a intrigas, sempre associei o termo Spread
ao nome do cão da minha vizinha; invariavelmente, ouvi-a chamar, em altos
gritos, "Spread, vem cá". E lá ia o Spread, rafeiro por excelência e
sem pedigree, cabisbaixo e rabo encolhido, porque a dona não era para
brincadeiras. Mal sabia ele (o rafeiro) que o seu nome seria das palavras mais
badaladas e pronunciadas por gente ilustre, incluindo banqueiros, ministros,
empresários e também gente do povo, que utilizando o nome, não pretendiam fazer
qualquer maldade ao animal, mas tão só tentavam compreender o comportamento
desta variável e resolver os seus problemas financeiros. E assim foi, Spread
para aqui, Spread para ali, constituiu-se um novo fenómeno, que adicionado à
taxa de juro do mercado passou a constituir a margem de ganho para os bancos.
Claro que estes, imediatamente, se sobrepuseram ao dito rafeiro, usurparam o
seu nome e mandaram a minha vizinha às urtigas. Agora sim, os bancos
desempenham efectivamente a sua vocação canina, pregam cada dentada que até dói
e não há forma de largar o osso. E o nosso Governo, que rapidamente acode a
banca e se esquece das pessoas, das pequenas e médias empresas e de toda a
economia real é incapaz de chamar e fazer sentar o Spread. Ai que saudades da
minha vizinha! Ao menos, com ela, o cão obedecia e metia o rabo entre as
pernas; agora, com estes, está mais que visto que não vamos a lado nenhum. É
caso para dizer, "deita-te Spread".
Nota séria:
O
chamado spread
bancário é um valor percentual definido pela diferença entre a taxa de juro que
a instituição paga na captação do dinheiro e a que cobra aos clientes.No caso
de um empréstimo, um indexante como a Euribor traduz o custo do financiamento
dos bancos no mercado internacional e o banco acresce o spread, que será a
sua margem de lucro na concessão do crédito.Se queremos estimular a economia,
aqui está um bom exemplo de como pode o Governo começar a intervir, reduzindo
ou tomando medidas para reduzir o spread,
que em alguns casos é um autêntico escândalo, para não falar nas
famigeradas comissões, o que significava que o custo do capital seria mais
barato, incentivando-se o investimento, sobretudo o privado. Haja vontade,
determinação e, sobretudo, não ter receio de enfrentar os lobbies poderosos, como é o caso do mercado financeiro. Mas, neste
aspecto, pouco ou nada tenho visto do nosso Governo; é forte com os fracos e
fraco com os fortes.
Como
curiosidade, refira-se que a alcunha do neto de Mário Monti, Primeiro Ministro
Italiano é… Spread!
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