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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Delícias da Madeira Nova



 
JUSTICEIROS VÃO-SE ENTRETENDO COM AS MULTAS DE TRÂNSITO E AS OCUPAÇÕES DO PND

Os automobilistas têm mais um Natal para fugir à vigilância viária dos 'Vaitrezes'


Primeira Página do Jornal da Madeira


O ex-Jornal da Madeira, arauto oficial da Justiça na Terra, ufana-se na edição desta terça-feira: então não é que 340 automobilistas andavam por aí 'de rabo tremido' sem o cinto devidamente colocado? Pior: alguns, ainda por cima, com ocupantes da bancada de trás nas mesmíssimas condições de desleixo, sem se darem à maçada de pôr o cinto!
E vai disto: manchete garrafal no ex-JM a dar conta das andanças policiais à cata dos brincalhões que gostam de prevaricar na estrada, deixando o cinto de lado como se de um penduricalho qualquer se tratasse.
 
Podemos, já agora, acrescentar as cenas que de vez em quando presenciamos de [alguns] agentes absolutamente vidrados assim que descortinam meninos do volante displicentemente ao telemóvel. "Este já está: mais 125 euros."
Igualmente siderados ficam os 'chuis' (alguns) quando há popó sem papelinho do parcómetro, ou com o papelinho 'fora de prazo', para não falar numa ligeira agressão à linha amarela.
Uma incontrolável alegria.
 
Intriga-nos o fanatismo desses [alguns] agentes a mostrar intolerância cavernosa nas magnas questões do trânsito. O prazer que lhes podemos ler ao extorquirem - porque sem uma nesga de pedagogia - mais umas dezenas de euros ao irmão cidadão, que por acaso até lhes paga o vencimento. E quando o irmão cidadão às tantas vive o drama das vésperas de entregar o carro aos sanguessugas do banco ou de o encostar de vez à espera do longínquo dia em que disponha de dinheiro para gasolina e então voltar a transportar os filhos.
 
 
Nem na América Latina
 
Um fanatismo que nem na América Latina.
América Latina?
 
Uma vez assistimos em Caracas, no município de Chacao, nos tempos em que a miss Universo Irene Sàez era alcaide - assistimos ao 'sabão' passado por um polícia ciclista que, na sua ronda, se deparou com uma infracção de trânsito. O desgraçado transgressor teve de ficar ali encostado, a ouvir o sermão do agente sobre os deveres do automobilista para com a estrada, para com os outros automobilistas, os peões, a sociedade, enfim. Passaram-se 10 minutos de lição, um quarto de hora, 20 minutos. Enfim, o homem recebeu autorização de partir, com a informação de que, na próxima...
Pelo seu olhar, percebemos que o homem não levava ânimo para voltar a transgredir dentro dos 40 anos seguintes. Que sermão!
 
 
A fugir do 'Vaitreze'
 
 
O automobilista consegue pagar os impostos às Finanças, mas depois... É fugir do lume e cair nas brasas.
 
Cá na Madeira é diferente. À mínima... "A-pa-nhei-te!" - riem-se [alguns] guardas. Multa para baixo. E sabemos o que estamos a dizer.
Não afirmamos que seja por prazer, até acreditamos que se trata de um ímpeto de gosto pela disciplina do trânsito funchalense. Mas aquele popular agente que os automobilistas baptizaram de 'Vaitreze', naquela sua motinha de 'vender gelados', não dá realmente descanso aos condutores.
- Não deixe o carro aí porque anda um [agente] naquele lado e parece que é o 'Vaitreze' - ouve-se amiúde.
Seja como for, a verdade é que raramente lemos na prática da PSP um sentimento de cidadania que a leve a trabalhar pela persuasão, e não pelo castigo.
Quando o comandante ou qualquer responsável anuncia que haverá controlo apertado no arraial X, isso é prevenção.
Quando os nossos amigos 'chuis' aparecem de surpresa à saída do arraial Y, aí já é caça à multa, repressão em cima do contribuinte que dá salários e serviços aos polícias.
Uma espécie de 'traição à falsa fé'.
 
Em suma, vejam se arranjam meio termo. Não é por muito gritar que um sujeito mostra autoridade, bem pelo contrário. A polícia deve cumprir o dever, mas se vai pelo 'dura lex sed lex' então que o aplique a todos.
Reparem: falar ao tlm ou esquecer o cinto não é um crime tão grave como pegar fogo na floresta - e os terroristas incendiários continuam soltos.
 
 
A comédia da acusação ao PND
 
...Mas o ex-JM cá nestas coisas é pela justiça e não abdica de todo o rigor. Órgão governamental e dos padres da linha laranja, pode cá ignorar os atentados aos códigos e às leis.
Não se ria com coisas sérias, Leitor Amigo.
Veja-se nestes últimos dias o aparato da notícia sobre a acusação deduzida pelo MP contra oito elementos do PND, "por invasão ao JM".
De morrer a rir. Na qualidade de políticos, alguns dos quais candidatos, os agora perigosos arguidos entraram nas instalações do beato papel para, numa acção de campanha eleitoral (legislativas regionais), montar a ocupação do dito-cujo.
Seguiram-se as peripécias da ordem, que os activistas haviam decerto programado, e depois deu-se a evacuação, naturalmente, como se esperava. Um número eleitoral menos grave do que fazer campanha descarada em actos oficiais como o rei da tabanca já fez milhares de vezes.
Mas, vai daí, os comissários do dito rei da tabanca no ex-JM apresentaram queixa e agora surge a estrondosa novidade: todos os 'invasores' acusados.
 
Quer-se dizer: o ex-JM, que agride todos os dias o seu próprio estatuto editorial, que prega pluralismo e nega voz aos adversários do grande chefe das Angústias, que tem preço de capa quando é distribuído gratuitamente, e que continua gastando 3 milhões/ano arrancados às crianças sem comida nas escolas e aos pobres empenhados até ao pescoço, o ex-JM sai sempre ilibado das queixas que por isso lhe movem os prejudicados. Os órgãos reguladores e de justiça receiam não se sabe bem o quê. E agora que se vê? Nada menos do que o MP, com tantos processos nas prateleiras, dar consistência aos argumentos beatos a respeito de uma simples acção de campanha partidária, evidentemente levada ao terreno sem intenção terrorista, ao contrário do que afirmaram as 'donzelas ofendidas'.
 
Uma paródia é o que o processo promete, caso vá mesmo a julgamento. Quantas dezenas de testemunhas bem humoradas? Os advogados com jeito para a dialéctica das cócegas esfregam as mãos. Um gozo, aliás na esteira do que temos visto na Justiça portuguesa. Ou será que saem sem condenação os da Operação Cuba Livre, os Oliveiras e Costas, os da Casa Pia, os do apito dourado... e entram 'Manuel Bexiga' e os restantes arguidos da Nova Democracia?
 
A Nova Democracia está preocupada, como já se viu durante a perigosa operação no jornal das Angústias.
 
 
A primeira gargalhada rebentou ao vermos o ex-JM de sábado último: finalmente, uma primeira página com um título bem visível a falar da oposição. E depois uma página de 'Ocorrências' (!) com a parte superior dedicada também ao PND, a toda a largura. Uma notícia a remeter para o pé de página "dois casos de homicídio qualificado e um de droga" e a condenação de um homem a "3 anos por violência doméstica".
Não podem avançar com isso antes do Natal?
 
 

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