Madeira ao Vivo

IATE DOS BEATLES: 'HELLO GOODBYE'

Com aquele empurrãozinho, ele vai zarpar dali mais depressa

Foi sexta-feira... Por acaso foi sexta-feira: as máquinas do aterro tanto manobraram ali perto, como já haviam feito distraidamente noutras ocasiões, que acabaram por provocar um rombo na esplanada. 

O 'Vagrant', isto é, o Iate dos Beatles, comprado há uns anos em leilão nas Ilhas Canárias e que acabou por se transformar em restaurante no calhau do Funchal, bem resiste às ordens para içar ferro do seu ancoradouro turístico. Mas as máquinas do aterro andam a rondar e já fizeram mossa.

 

As autoridades portuárias apresentaram ultimato ao empresário Faria para retirar o barco-restaurante e a esplanada, porque ali ao lado do cais estão em andamento veloz as tais obras inadiáveis. Inadiáveis para o mundo da construção, claro.

Ao que sabemos, os portos notificaram o proprietário para desaparecer dali com o iate até ao passado dia 15. Só que nada aconteceu a 15. No dia 15 de Dezembro de 1926, sim, houve borrasca e da mais grossa, registada a negro na história do nosso porto. Naquele dia, o mar alteroso fez escaqueirar o 'Phizalia' contra os calhaus, com Humberto Passos Freitas e mais uma dezena de pessoas a bordo, na onda SW destruidora no mar e nas ruas da praia.

 

No dia de aniversário dessa tragédia, o 'Iate dos Beatles' não se mexeu. Ficou alheio aos mandões do porto e às máquinas escavadoras que já provocaram um rombo no terraço da esplanada, fazendo desaparecer um dos barquitos pelo calhau abaixo.

Tratou-se de um 'empurrãozinho' a ver se o empresário se despacha mais depressa, segundo um mirone afirma ter ouvido a um trabalhador das máquinas.

 

Diz-se que os portos sugerem o afundamento do célebre e polémico iate à frente do Clube Naval, para fazer de recife artificial. Mas os proprietários entendem que a sua unidade comercial 'cabe' perfeitamente na (contestadíssima) estrutura lúdico-portuária em construção, para o futuro do Funchal ribeirinho.

Como na canção 'Hello, Goodbye', dos rapazes de Liverpool, 'you say yes, I say no'.

 

Pela cara das ameaçadoras retroescavadoras, não duvidamos de que o terreno se torna crescentemente movediço para o iate. Ou aquilo sai dali a bem, para morrer no fundo do mar, ou amanhece nalguma lixeira para aí.

 

Entretanto, ouçamos os Beatles cantar 'you say goodbye and I say hello': http://letras.mus.br/the-beatles/201/

As máquinas corroeram o terraço por baixo...

...E conseguiram eco mais acima...

...Fazendo afundar calhau abaixo um daqueles barquinhos.

Uma pequena cratera prenunciadora da sorte do iate propriamente dito.

Entretanto a obra avança e os mergulhadores colaboram na colocação dos blocos.